“Ai não se incomode! Basta um sofazinho para descansar o corpo!”. É com esta frase que muitas vezes aproveitamos para passar a noite em casa alheia. E foi também assim, a pensar na quantidade de sofás livres que existem pelo mundo fora para oferecer a quem a eles se candidatar, que nasceu o couchsurfing, uma rede social na Internet que promove um serviço de hospitalidade gratuita a nível internacional a todo e qualquer membro que lá esteja inscrito. Em Julho de 2008 contavam-se já 600000 membros registados provenientes de 231 pontos do globo.

No site http://www.couchsurfing.org/,desenhado por Casey Fenton, coordenam-se as acomodações: há perfis pessoais e colectivos detalhados com a descrição do tipo de sofã/espaço a oferecer e onde, um sistema de referências pessoais para aumentar a segurança e a confiança entre membros, grupos de discussão, reuniões e encontros com os membros da comunidade, salas de conversa privadas e muito mais. Muito mais do que encontrar alojamento gratuito por todo o mundo, o couchsurfing procura ligar pessoas e lugares, estabelecendo ligações culturais e afectivas à escala planetária e tendo como fim último ‘a criação de um mundo melhor’.

Como posso couchsurfar?
A inscrição na organização é gratuita e pode ser obtida simplesmente registrando-se no site. A actividade principal da organização é a troca de alojamento. Enquanto anfitrião, um membro oferece o alojamento a seu belo prazer. O papel surfer (convidado ou viajante), procurar e pedir alojamento para o destino pretendido. O alojamento é inteiramente consensual entre o anfitrião e o convidado. A duração, a natureza e os termos para a estadia do convidado são acordados a priori para satisfazer ambas as partes. Espera-se que a estadia seja também gratuita e não existem compensações monetárias - excepto em determinadas situações (o convidado pode compensar o seu anfitrião pela comida, por exemplo).

Tese estuda o fenómeno em Portugal
António Fernandes tem 30 anos, é licenciado em Antropologia e apresentou, recentemente, uma tese sobre o fenómeno do couchsurfing, onde concluiu que há cada vez mais pessoas a dormirem em sofás emprestados para reforçar os laços sociais. Em Portugal, existem registados quase 20 mil couchsurfers.

O tema da tese de dissertação de António Fernandes versa sobre Investigação em Antropologia e chama-se "O estudo das Relações Sociais no âmbito do 'couchsurfing'". Segundo o autor, que passou perto de 40 meses como couchsurfer, "o grande serviço prestado por esta organização é claramente a possibilidade dos seus membros estabelecerem um acordo relativamente a uma estadia gratuita, mas esta componente é apenas a ponta do iceberg da realidade couchsurfing".

António Fernandes refere ainda na tese que “o grupo de Lisboa é o mais dinâmico ao nível dos meetings espontâneos. Os membros interagem entre si através de inúmeros posts com temas diversos".