Ao vivo, vão tocar temas do EP “In the Reins”, editado em 2005, mas também mostrar novas canções nascidas desta colaboração e, claro, repertório individual dos Calexico e de Iron & Wine. Tudo acontece na 25ª edição do festival Super Bock Super Rock, que este ano regressa à herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, em Sesimbra, entre 18 e 20 de julho.

Sam Beam é Iron & Wine para o mundo da música. O seu indie intimista tem conquistado o público de todo o mundo, com letras introspetivas e uma voz que dá corpo a essa atmosfera. O primeiro disco, “The Creek Drank the Cradle”, editado em 2002, transformou-se rapidamente num clássico lo-fi. A música de Sam Beam tem influências de nomes como Nick Drake, Simon & Garfunkel, Elliott Smith ou Neil Young, mas ninguém é capaz de pôr em causa a assinatura original da música da Carolina do Sul. Por outro lado, os Calexico têm nome de uma cidade que está na fronteira entre o México e a Califórnia, e, de alguma maneira, isso faz sentido quando ouvimos a música do coletivo liderado por Joey Burns e John Convertino. Influenciados pela banda sonora de alguns westerns, música Mariachi e até jazz, os Calexico propõem um som muito seu, sem grande paralelo no cenário rock norte-americano. Discos como “Feast of Wire” e “Carried to Dust” são absolutamente obrigatórios.

E, aquele que podia parecer um dueto improvável entre estas duas sensibilidades artísticas, transforma-se num dos momentos mais interessantes da música alternativa na primeira década do século XXI. Em “In The Reins”, o EP editado em 2005, não há uma canção a mais e tudo parece fazer sentido. As vozes de Sam Beam (Iron & Wine) e de Joey Burns (Calexico) dão forma a estas grandes canções – e fica-se com a clara sensação de que só poderiam mesmo ser estas, habituadas à melancolia e ao cuidado com as palavras. Essa melancolia, sempre explorada ao longo da carreira de Iron & Wire, recebe aqui uma tonalidade mais quente com o contributo dos Calexico. Há jazz, há country, há rock, há pop, talvez até haja ecos de música mexicana, mas tudo chega a nós de maneira suave e orgânica, como se este projeto fosse de uma só banda. A revista britânica MOJO acerta em cheio quando escreve que “o deserto encontra o pântano” ao longo dos sete temas deste disco