“Chegar ao cidadão chocando-o”, foram estas as palavras que Francisco Peraboa, comandante operacional distrital de Castelo Branco da Proteção Civil, usou para, concluído o simulacro de acidente rodoviário em plena Praça do Município, definir aquela experiência verdadeiramente inédita nesta cidade beirã. A ação posta em prática no âmbito da Capital Jovem da Segurança Rodoviária implicou o envolvimento de uma série de entidades – PSP, Bombeiros, 112, Proteção Civil, Câmara Municipal – unindo esforços na resolução de um caso hipotético de choque entre um veículo ligeiro com um veículo longo de transporte de matérias perigosas, resultando num derrame de substâncias na via, atropelamento e encarceramento de condutor.

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“Verificámos algumas coisas que podemos eventualmente melhorar e outras que correram de facto bastante bem”, comentou em jeito de balanço o vice-presidente camarário sobre este evento que visou “sensibilizar a comunidade para a segurança dos condutores”. Para José Augusto Alves, o primeiro contacto para o 112 e a consequente triagem telefónica "devem ser agilizados", mas uma vez lançado o alerta "a ação não poderia ter sido mais eficaz".  Para as autoridades envolvidas neste simulacro, a experiência foi útil também para que o cidadão comum tenho noção dos meios envolvidos nestas operações. “Este exercício arrojado de exposição numa zona nobre da cidade” serviu ainda para testar sinergias entre autoridades competentes, num trabalho de união de forças que começou muitos meses antes do simulacro propriamente dito. Foram detetadas lacunas e mais-valias, sendo que, como referiu Gonçalo Gil (diretor da Forum Estudante) este tipo de iniciativas serve igualmente ao treino dos efetivos de serviço em cada uma das partes, como quem exercita no terreno as suas competências.

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Competente é também o empenho da Associação de Motociclistas Cristãos que, associando-se a esta Capital Jovem da Segurança Rodoviária, realizou pela manhã duas palestras em ambiente escolar. Na aula de Cidadania, a turma do 9.º C da Escola Básica Faria de Vasconcelos, teve oportunidade de debater temas como mitos e verdades do álcool, o uso (perigoso) do telemóvel nas passadeiras ou segurança em duas rodas (velocípedes e ciclomotores).

Esta associação fundada nos EUA em 1975 – onde congrega 170 mil motoclicistas – e que tendo chegado a Portugal em 2003, 10 anos depois abriu portas em Castelo Branco – tenta transpor para a estrada os preceitos de básicos de respeito pela família e pelo outro do cristianismo. A conversa do alunos também começa sempre pela exibição de um spot chocante, com imagens reais de acidentes e as tragédias humanas daí resultantes. “Sempre que alguém arrisca, alguém sofre”, ouve-se no final do vídeo. Triste verdade se tivermos em conta que nos últimos 13 anos morreram na estrada mais de 8800 pessoas, tantas quantas na infame Guerra Colonial (ou do Ultramar). Em todo o mundo morrem por ano um milhão e duzentas mil pessoas, o equivalente à queda de 10 Boeings 747 por dia…

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