O dia começou com a mensagem de segurança rodoviária a ser espalhada, literalmente, pela cidade. Em três pontos diferentes, estudantes de Artes da Escola Secundária Alves Martins pintaram figuras humanas perto de algumas passadeiras de Viseu. O objetivo passou por “colocar a criatividade dos estudantes ao serviço da segurança”, explicou Helena Rebelo, a presidente da associação que coordenou a a iniciativa – o Grupo Alerta para a Segurança (GAS).
De acordo com a presidente, a escolha dos locais não foi acidental: foi depois de uma reflexão conjunta desta associação, da Polícia de Segurança Pública e da própria Escola Secundária Alves Martins, que se escolheram alguns sítios da cidade conhecidos pelo risco acrescido de atropelamento.
O objetivo da ação, explicou Helena Rebelo, passa por “alertar para a vulnerabilidade do peão”, que estão expostos “a inúmeros riscos”. Factores de risco que são responsabilidade não só dos condutores, mas também dos peões, realça, “nomeadamente através do uso do telemóvel”.
A segurança nas estradas, reforçou a presidente, é “uma responsabilidade partilhada por todos”. A ação do GAS, explica, tem um especial foco nos jovens pelo facto de, no caso dos cidadãos adultos, ser “mais difícil mudar hábitos”. Por essa razão, esta associação trabalha de perto com as escolas, sendo necessária, para Helena Rebelo, “uma mudança massiva e sistemática nos currículos escolares”.
Compreender a segurança
Na Avenida da Europa, um grupo de estudantes rodeia um carro da polícia, ouvindo as explicaões dos agentes da PSP. O momento foi incluído na ação de sensibilização para estudantes desta força de segurança e, de acordo com a Chefe Principal do Comando da PSP de Viseu, Maria Filomena, passou por “explicar em que moldes funciona a ação da PSP”.
Assim, cerca de uma dezena de alunos pode compreender o funcionamento e as regras em causa numa ação de fiscalização centrada no excesso de velocidade, conhecendo, por exemplo, o funcionamento de um radar. “Queremos que os estudantes valorizem o trabalho de um agente quando fiscaliza”, reforçou Maria Filomena.
A mesma ideia foi destacada pelo professor da ESEN que acompanhou os alunos, Luís Lima. “Ao perceberem o porquê das regras, os estudantes entendem que os agentes não estão a trabalhar contra nós, muito pelo contrário”, realçou. Por outro lado, acrescentou, compreendem também que, ao não cumprir as regras, “estamos a colocar em risco, tanto nós próprios, como os outros”.
Um ponto de partida
No Instituto Piaget, seis estudantes do terceiro ano do curso de Fisioterapia passaram a tarde a analisar os dados sobre sinistralidade rodoviária disponibilizados pela Associação Nacional de Segurança Rodoviária e pela Pordata. O trabalho teve várias abordagens: tipo de acidentes e feridos; horários, dias e meses com maior incidência ou faixas etárias mais afetadas pela sinistralidade nas estradas são alguns dos exemplos.
Os resultados desta análise, explicou a professora de Estatística do Instituto Piaget, Marie Françoise Cruz, constituem apenas “um ponto de partida”. O objetivo será, no início do próximo ano, organizar um evento – na modalidade de jornadas ou simpósio – sobre segurança rodoviária, onde estes dados poderão ser apresentados pelos estudantes.
Neste evento, explicou a docente, o foco estará nas diversas formas como as várias profissões associadas aos cursos do Instituto Piaget podem trabalhar a segurança rodoviária, com fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos a serem os principais exemplos. Por outro lado, será possível partilhar algumas boas práticas internacionais realizadas neste âmbito da segurança nas estradas.
Por fim, destacou Marie Fraçoise Cruz, esta ação dos estudantes coloca também em evidência a possibilidade de uma postura proativa sobre a temática. “Conseguimos mostrar aos estudantes que há dados e ferramentas disponíveis para ajudar a sensibilizar a comunidade”, concluiu.