"Todas as gerações têm os seus desafios". Foi desta forma que o Diretor de Conteúdos da SP Televisão, Pedro Lopes, começou o seu workshop que focou "o poder do storytelling". Destacando o contexto de uma "dependência das redes sociais e da ficção" e em que "cada vez mais se produzem novos conteúdos", a força transformadora das histórias é cada vez mais uma aliada na comunicação com diversos públicos.
O poder das histórias começa, para Pedro Lopes, desde logo, na construção da memória colectiva. "A ficção audiovisual é um documento cultural que transmite visões do mundo", destacou o especialista, destacando como "contar uma história é assumir uma posição". Independentemente dos contornos específicos da história que se pretende partilhar, um dos critérios mais importantes é o da verosimilhança, acrescentou: "A realidade é o ponto de partida para qualquer coisa".
«A realidade é o ponto de partida para qualquer coisa criada no campo da ficção»
Pedro Lopes, Diretor de Conteúdos da SP Televisão
A sessão incluiu ainda a partilha de alguns modelos que podem ajudar à criação de histórias como a "Janela de Johari" ou os vários tipos de conflitos que alimentam a ação, bem como a criação de subtexto. O cruzamento entre as dimensões fisiológica, psicológica e sociológica foi também destacada por Pedro Lopes, numa dinâmica que integra características físicas, os ambientes que envolvem a ação e os elementos que caracterizam a coerência das personagens.
A noção de conflito é também central nestas dinâmicas. "Todo o drama é conflito, sem conflito não há personagem, sem personagem não há ação, sem ação não há história", destacou Pedro Lopes. Outro dos elementos que pode jogar a favor de quem procura criar narrativas é compreender a "standartização" do modelo de contar histórias (como é o exemplo de "A Jornada do Herói" de Joseph Campbell).
"Os arquétipos são utilizados em tudo, não apenas na ficção", começou por destacar o orador, antes de concluir: "São muito utilizados na publicidade e nas marcas, de forma a conseguir o posicionamento pretendido". Por essa razão, a identificação dos valores que marcam as instituições, nomeadamente as de ensino superior, deve ser o ponto de partida de qualquer criação.
Ideias marcantes no Ensino Superior
A última sessão do dia consistiu na partilha de de projetos inovadores de comunicação no ensino superior. Em palco, representantes do Politécnico de Viana do Castelo, da Universidade de Aveiro e do Politéncnico de Coimbra deram a conhecer iniciativas que "estão a marcar a diferença no dia a dia das instituições".
A comunicação digital da UA
A equipa da Universidade de Aveiro começou por apresentar o trabalho realizado por esta instituição de ensino superior nas várias redes sociais em que marca presença. Prezar a autenticidade, o tom informal e humorístico têm sido algumas das linhas orientadoras. "Criámos guidelines que partilhámos com os vários departamentos, para que possa haver coerência, não só de imagem, mas também nos emojis e hashtags utilizados, por exemplo", explicou Jorge Jesus.
A comunicação da Universidade de Aveiro apostou na integração de estudantes nas publicações que partilha nas várias redes, associando certos "rostos" a determinados temas, de forma a segmentar os conteúdos publicados. Uma das inovações recentes foi a criação de uma conta de instagram especializada para estudantes e candidatos internacionais: a @ua_internacional. "Esta é uma forma directa de este público falar connosco, reduzindo o número de cliques que é necessário fazer", explicou a equipa da UA, salientando a importância de integrar esta conta de forma harmoniosa na restante imagem e comunicação da instituição.
"Trazer o dia a dia para as redes sociais e humanizar a experiência dos estudantes", foi a mensagem final deixada pela equipa da Universidade de Aveiro.
SASocial. Comunicação integrada
De seguida, foi a vez de Luís Ceia, do Politécnico de Viana do Castelo, que subiu a palco para apresentar o projeto SASocial. Esta plataforma foi descrita pelo orador como uma forma de apoiar a criação grupos de trabalho na área da Ação Social, sendo um instrumento de comunicação e de partilha de experiências. "A grande vantagem desta plataforma é que foi construída pelos nossos recursos e ideias", acrescenta.
Para além de ser um ponto de convergência entre as várias necessidades da comunidade do IPVC, o SASocial teve ainda a particularidade de "acabar com a circulação de dinheiro físico" nos vários campi da instituição, revelou Luís Ceia. Alimentação, alojamento, mobilidade, voluntariado ou saúde são apenas algumas das áreas integradas neste recurso que permite centralizar a informação e a comunicação entre os vários intervenientes.
"Esta plataforma permitiu-nos optimizar os recursos que temos nos Serviços de Ação Social do IPVC e até compreender a necessidade de criar novas equipas, em áreas novas, para responder a outras necessidades", concluiu.
O "rebranding" do Politécnico de Coimbra
Seguiu-se a apresentação de Jéssica Lopes, do Politécnico de Coimbra, que detalhou o processo que levou a restruturação da imagem desta instituição de ensino superior. A primeira questão levantada pela equipa do Politécnico de Coimbra focou uma questão, partilhou a oradora: "O que é que as pessoas esperam da nossa instituição?". O trabalho seguiu depois três diretrizes, "conteúdo, compromisso e sensação visual".
As mudanças na comunicação estratégica da instituição passaram também pela criação de uma nova frase: "Juntos erguemos sonhos". O posicionamento da marca passou a ser centrado na proximidade com os estudantes. "É importante que sejamos uma instituição atenta, que aborda as coisas que não estão bem e que ajuda os seus estudantes", sublinhou Jéssica Lopes, destacando que, para este objetivo, passou a criar-se "conteúdo real, em proximidade com as associações de estudantes".
O G-icom continua amanhã. A primeira sessão será dedicada ao impacto das tecnologias de Inteligência Artificial no dia a dia das instituições de ensino superior.