Pensar os desafios do mundo comunicação na área do Ensino Superior é o principal objetivo do G-icom que, entre 3 e 5 de fevereiro, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Viana do Castelo, reúne cerca de uma centena de participantes. Durante os três dias, estes representantes de cerca de mais de 60 instituições de ensino superior vão ter oportunidade de partilhar boas-práticas, identificar desafios comuns e pensar em soluções colaborativas.
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Esta ideia foi destacada pela vice-presidente do Politécnico de Viana do Castelo, Ana Paula Vale, no acolhimento aos participantes: “Esta é uma excelente oportunidade de perceber o que todos fazem e de como podemos melhorar”. No mesmo sentido, o Diretor da Forum Estudante, Gonçalo Gil, salientou como o grupo de profissionais da área da comunicação reunidos no G-icom “pertencem a instituições de norte a sul do país, do setor público e privado, tendo por isso realidades muito diferentes”.
A primeira sessão de trabalho foi conduzida pelo administrador da Forum Estudante, Félix Pinéu, e envolveu as primeiras apresentações e também a partilha dos principais desafios enfrentados pelas instituições de ensino superior portuguesas. O acompanhamento das novas tendências tecnológicas, a falta de recursos humanos, a adequação à forma de comunicação dos jovens, a identificação das melhores formas de captação de novos alunos ou os obstáculos à comunicação de Ciência e às dinâmicas de comunicação interna foram alguns dos desafios comuns elencados
«Os participantes [do G-icom] pertencem a instituições de norte a sul do país, do setor público e privado, tendo por isso realidades muito diferentes»
Gonçalo Gil, Diretor da Forum Estudante
Os trabalhos continuaram com a apresentação de Migual Braga, Diretor da Agência de Comunicação Wisdom, que partilhou a relevância das Relações Públicas enquanto "ponte entre a Academia e a Sociedade". "Diria que, numa altura em que se fala tanto em Inteligência Artificial, estabalecer relações sólidas continua a ser essencial", destacou. Sublinhando a relevância da reputação num contexto como o do Ensino Superior, Miguel Braga delineou três eixos pelos quais é trabalhada esta dimensão: gestão da imagem institucional, comunicação transparente e gestão de crises.
O especialista em comunicação e relações públicas deixou depois cinco pontos que considerou serem essenciais para trabalhar o campo das Relações Públicas no campo das instituições de ensino superior. Para além de dever "acreditar no que é feito pela organização", será relevante ter acesso a conhecimento ou informação, delinear uma estratégia sólida e consistente, bem como apostar na criação de relatórios. "Os relatórios e as métricas são a forma que temos de combater algum achismo que pode existir", concluiu.
Como comunicar com a "Geração Ansiosa"?
A sessão seguinte do G-icom focou o livro “A Geração Ansiosa”, do psicólogo Jonathan Haidt, um livro “essencial para perceber as novas gerações”, numa sessão conduzida pelo coordenador do Relational Lab, Rui Marques. Este é um tema particularmente relevante para os gabinetes de comunicação e imagem das instituições de ensino superior, uma vez que estes adolescentes estão prestes a chegar às universidades e às instituições de ensino superior.
Uma das primeiras ideias destacadas por Jonathan Haidt na sessão é a de “a grande reconfiguração da infância” ocorrida por volta de 2010, com a introdução dos ecrãs no quotidiano, através dos smartphones, e o consequente acesso a aplicações como redes sociais e jogos online. A obra analisa vários estudos e investigações e conclui que existe uma correlação entre estas alterações e um aumento da ansiedade.
A “reconfiguração da infância” descrita pelo autor resultou em quatro consequências nos comportamentos dos jovens pré-adolescentes: privação do sono, privação social, fragmentação da atenção e novas dependências. Do ponto de vista das instituições de ensino superior, acrescentou Rui Marques, este contexto pode implicar mudanças como "períodos de adaptação inicial mais difícil", uma "maior procura de apoio emocional", um "maior foco na saúde mental" e "preferência por ambientes inclusivos". "Temos de fazer algo porque estamos perante uma geração com características muito distintas das anteriores", concluiu.
A 12.ª Edição do G-icom continua durante a tarde de hoje com sessões dedicadas ao poder do storytelling e à partilha de ideias inovadoras na comunicação do Ensino Superior.