Recentemente, a Secretaria de Estado da Educação decidiu contactar diretamente com os alunos, procurando saber quais as perguntas que mais colocam na sua escola. João Costa partilhou os resultados com os participantes do G-icom: “Sai para o teste?” e “Posso ir à casa de banho?” foram as duas questões identificadas. Os resultados, acrescentou o Secretário de Estado da Educação, mostram como a Educação pode “ser dirigida para o momento do teste, numa lógica de 'toca e foge'”.

Para João Costa, foi precisamente para diversificar este modelo de aprendizagem que se implementou recentemente o projeto de flexibilidade curricular. Esta alteração introduziu “um reforço de autonomia das Escolas”, para que possam “esbater as fronteiras entre as disciplinas”, sublinhou. Nessa lógica, há já projetos a ser implementados nas escolas nacionais que juntam, por exemplo, disciplinas como Biologia e Filosofia, de forma a trabalhar o tema da bioética.

 


Resumo do 7º encontro G-icom, realizado na Foz do Arelho

 

Os comentários de João Costa inseriram-se na sua comunicação realizada durante o primeiro dia do G-icom. Uma intervenção em que o Secretário de Estado da Educação sublinhou a importância de garantir que “as instituições de Ensino Superior conhecem o que está a ser promovido no Ensino Secundário”.

 

Considerar toda a oferta

Ainda sobre o Ensino Secundário, sublinhou, é necessário ter em conta “toda a oferta formativa” deste ciclo de ensino. “Há três vias – o Científico-Humanísticos, o Ensino Profissional e o Ensino Artístico Especializado”, destacou, realçando a importância de combater a ideia de que apenas o Científico-Humanístico “serve” para o prosseguimento de estudos.

Para João Costa, “há um conhecimento científico-tecnológico instalado nos Cursos Profissionais e Artístico Especializado de muita qualidade” que fica provado, por exemplo, em Provas de Aptidão Profissional que são imediatamente patenteadas. Por essa razão, o secretário de estado lançou um desafio às instituições de Ensino Superior: “Conheçam e falem com estes alunos. Alguns deles pensam que o Ensino Superior não é para eles. É por isso que é muito importante a vossa presença nas Escolas”.

Presença essa que, realçou ainda, poderá ser facilitada pela referida iniciativa de flexibilização curricular, onde as escolas são convidadas a fazer parcerias, nomeadamente com universidades, politécnicos ou unidades de investigação. “Esta é uma forma muito prática e concreta de levarem a [vossa] instituição à Escola”.

 

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Nas modalidades profissionalizantes, apenas 18 a 20% dos alunos prosseguem estudos. Este número leva João Costa a considerar que “estamos a perder um conjunto de alunos muito interessante”. A mudança, ressalvou, poderá também passar pelo sistema: “É necessário lançar um debate sério e profundo sobre o Concurso Nacional de Acesso”, uma vez que “os exames têm um peso muito grande enquanto provas de ingresso e isso condiciona a aprendizagem”.

Para além disso, sublinhou, o sistema de acesso não olha para muitas das coisas que são feitas ao longo do percurso escolar. “Um aluno é muito mais do que uma nota: temos de garantir alguma equidade nos sistemas de acesso. Não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar talentos”, concluiu, citando a Secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão. 

 

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