Já com alguma nostalgia, notável na cara dos quase 50 jovens que participaram nesta academia, começaram as atividades logo de manhã na ESEC. Mariana, aluna do 3º ano da licenciatura ‘Animação Socioeducativa’, veio acompanhada pela sua avó, Narcisa, para contar um pouco do seu caminho em ‘Histórias para a vida’.
Narcisa nasceu ainda no pré 25 de abril, e começou por contar uma das situações da sua vida que mais marcou, em criança: a prisão do pai por ser opositor ao regime de Salazar. Narcisa referiu também a sua paixão pela pintura, atividade que ainda pratica, mas que uma das suas grandes paixões, as crianças, surgiu quando trabalhou num hospital pediátrico. Pela sua paixão, revelou aos participantes que o seu maior sonho, neste momento, é ter um bisneto.
Depois das várias questões colocadas pelos jovens, e de Narcisa responder sempre com o maior carinho, confessou o que acredita ser o melhor conselho que lhes possa dar: “sejam bons cidadãos. A cidadania é das coisas mais importantes e abrange muitas áreas de nós próprios”.
A atividade ‘Histórias para a vida’ ocorreu no âmbito de dar a conhecer o curso ‘Gerontologia Social’, “licenciatura do saber e conhecimento relativo ao envelhecimento”, afirmou a professora Sílvia Parreiral. De acordo com a professora, o curso surgiu da “necessidade de estarmos atentos às situações que nos deparamos. Temos uma sociedade envelhecida e precisamos de preparar profissionais nas várias dimensões que sejam capazes de reconhecer que as pessoas mais velhas continuam a ter o seu lugar na sociedade”. Além disso, a licenciatura pretende transformar a forma como as próprias pessoas idosas se veem.
Ainda antes do almoço, os jovens aprenderam um refrão de uma música, mas com uma particularidade, em Língua Gestual Portuguesa. Rafaela Silva e Pedro Oliveira foram os intérpretes responsáveis pelo momento. “Temos um projeto em que fazemos interpretação de músicas em língua gestual e disponibilizamos nas plataformas online. Vamos trabalhar a interpretação do refrão de uma música, com o grupo, para que depois apresentem aos outros”, afirmou Rafaela.
Refrão de uma música em Língua Gestual Portuguesa
Os participantes mostraram, desde o início da atividade, a maior curiosidade em aprender, isto porque, como acrescentou Rafaela, “começa a ser mais evidente a presença de intérpretes nos vários contextos. A pandemia, curiosamente, trouxe a interpretação da LGP para primeiro plano, com o facto de haver interpretação nas conferências da DGS”. Além disso, “cada vez mais as pessoas surdas são ativas, querem frequentar os sítios e precisam de acessibilidade linguística”, finalizou, reforçando a importância desta profissão.
Terminámos a semana com uma interpretação em piano do aluno invisual Júlio, do curso ‘Estudos Musicais Aplicados’. A experiência do aluno na ESEC, segundo o mesmo, não poderia ter corrido melhor: “foi bastante interessante perceber que, mesmo com esta caraterística, a escola nunca me deixou ficar para trás e fez de tudo para que me adaptasse”.
O professor César Nogueira, vice-diretor da ESEC, por fim, falou aos alunos no fim para agradecer a participação na academia. “Espero que tenham ficado a conhecer melhor a nossa escola, os nossos docentes e alunos e possam espalhar a mensagem da ESEC pelo mundo”, afirmou.
“Fizemos algumas atividades que podíamos não ter oportunidade de fazer”
Cansados, mas extremamente felizes com a experiência, os participantes no final falaram à FORUM. Teresa Santos confessou que adorou a academia: “foi mesmo giro conhecer pessoas novas, viver momentos inesquecíveis e conhecer áreas que gostava de vir a trabalhar um dia”. Rafael Silva, outro dos participantes, confirmou o que foi dito pela colega: “esta academia foi incrível, conheci pessoas espetaculares, os monitores tentaram sempre dar-nos o melhor. Fizemos algumas atividades que, se não fosse aqui, podia não ter oportunidade de fazer, como a do caiaque”.
Bruna Junqueira também demonstrou felicidade e carinho ao falar da sua experiência. “Gostei muito do tempo que passei aqui na academia, conheci pessoas espetaculares que vou levar para a vida, para não falar das atividades que foram incríveis, cansativas, mas sem dúvida que voltava a repetir. Além disso, os monitores foram os melhores, sempre disponíveis”.
José Maria Archer, coordenador da academia ‘I Love We’, reforçou no final que “estas experiências são muito marcantes e esperemos que todos os participantes possam voltar às suas vidas como embaixadores da ESEC”. Fazendo um balanço geral, o coordenador afirma que foi “extremamente positivo, foi uma academia que correu muito bem com a ajuda de toda a equipa da ESEC e dos nossos monitores”.