Com partida nos Portões de Peniche de Cima, o grupo de 50 estudantes do Ensino Secundário que este ano participam na Semana Tanto Mar aproveitaram a última manhã de atividades para realizar um percurso geológico, a pé e de autocarro, pela magnífica costa de Peniche. Quebrado, Moinho do Quebrado, Forte da Luz, Linho de Leste e Pedra dos Corvos foram algumas das paragens obrigatórias deste passeio que não serviu só para nos deslumbrarmos com a riqueza geológica local, com rochas e fósseis em destaque, mas também para apreciarmos a sua fauna e flora típicas, e ainda ficarmos a conhecer algumas curiosidades da História desta região.

“O concelho de Peniche é detentor de um importante património geológico de relevância internacional. As falésias calcárias que bordejam toda a Península de Peniche contam uma história contínua, com cerca de 25 milhões de anos, da evolução geológica do Jurássico Inferior de Portugal (entre os 200 e os 175 milhões de anos)”, orgulha-se o site do município.

Semana Tanto Mar

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Sob a orientação de Francisco Félix (professor na Escola Secundária de Peniche e geólogp), e Jorge Maia (em representação do Arméria – Movimento Ambientalista de Peniche), os jovens não poderiam ter encontrado guias mais sábios e entusiasmados sobre o tema para os acompanhar nesta aventura.
Na reta final da caminhada, o ilhéu da Papôa fez as delícias da comitiva, com as suas pontes e escadarias nas rochas. Este local de pesca bastante procurado, revela vestígios da conhecida Brecha Vulcânica. Trata-se de pequena península, ligada a outra península e a outra ainda. Aqui começa a praia do Baleal e se observam aves marinhas. Foi aqui que, em 1786 ocorreu o célebre naufrágio do navio de guerra espanhol, San Pedro de Alcântara.

Depois, ala que se faz tarde rumo à Ponta do Trovão, lugar sito na fachada norte da Península de Peniche e considerado pela comunidade científica internacional como tendo o melhor registo a nível mundial da transição entre os intervalos de tempo Pliensbaquiano-Toarciano (andares do Jurássico Inferior). Uau, bem podes dizer sobre este geomonumento. É que em 2014, tal reconhecimento deu azo à classificação pela International Commission on Stratigraphy da International Union on Geological Sciences, entidade tutelada pela UNESCO, deste sítio enquanto Global Boundary Stratotype Section and Point (GSSP) do Toarciano (Jurássico Inferior).

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Também o Farol do Cabo Carvoeiro tem uma história fascinante, ou não fosse um dos mais antigos da costa portuguesa - a seguir aos de N.S. da Luz (extinto), Guia, Roca, Serra da Arrábida (hoje Outão), Bugio e S. Julião – na cerca de centena ainda em funcionamento em Portugal. Em funcionamento em 1790, a cor vermelha da sua luz (num período de 2 segundos de luz e 4 de ocultação) explica-se pela proximidade com o Farol da Berlengas, que a Semana Tanto Mar também visitou no dia oficial desta Reserva Natural.

O Farol do Cabo Carvoeiro tem uma torre quadrangular de alvenaria branca, com lanterna e varandim vermelhos, de 27 metros de altura. A subida de mais de 100 degraus até ao topo como que queima os músculos das pernas mas, uma vez lá chegados, a vista compensa, conforme nos avisara o faroleiro de serviço. Este profissional da Autoridade Marítima Nacional, um dos 146 do País, partilhou igualmente connosco as alegrias e dificuldades deste ofício que, em 2016, seduziu a primeira mulher. Nesta derradeira etapa da Semana Tanto Mar, não houve não quem não sonhasse o que seria estar no seu lugar agora.

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