E, embora a formação superior continue a ser um requisito essencial, a adaptabilidade, a mobilidade e a formação contínua tornaram-se imprescindíveis.
Na opinião de alguns especialistas em recrutamento, as novas tecnologias e a globalização da economia obrigam a mudanças de fundo, e quem não se adaptar a elas, arrisca-se a não ter perspectivas de futuro. Por outro lado, o conceito de emprego fixo tenderá a desaparecer do nosso vocabulário. As pessoas serão cada vez mais confrontadas com mudanças de emprego e de actividades ao longo da vida, o que obrigará a alargar cada vez mais o leque de competências.
A mobilidade é, aliás, uma realidade dos dias de hoje. E se já não há empregos para sempre, vai também deixar de haver também profissões para a vida. As pessoas habituar-se-ão a mudar cada vez mais de emprego, de país, de função e mesmo de profissão, e encarar a formação como uma ferramenta essencial ao longo da vida!
Neste contexto, cabe perguntar quais serão os empregos do futuro? Que sectores da nossa economia irão crescer?
De acordo com as mudanças a que assistimos na nossa sociedade, marcadas pelo crescimento das novas tecnologias, pela redução da natalidade, pelo aumento da esperança de vida, pela crescente necessidade de consumo, por uma maior responsabilidade social e ecológica, haverá, sem dúvida, uma série de novas profissões a emergir num futuro próximo, sobretudo no domínio das tecnologias da informação e comunicação, energia, transporte e ambiente, serviços de proximidade, e prestação de serviços.
O futuro estará inevitavelmente ligado à saúde e às novas tecnologias. Estas são áreas onde a oferta de emprego tenderá a crescer, uma vez que a população envelhecida irá necessitar cada vez mais de cuidados na área de saúde, mas também de serviços ligados ao bem-estar e lazer. As novas profissões estarão ligadas à geriatria, profissão que cuida dos mais velhos (técnicos e auxiliares de geriatria, psicogerontologia), à gestão de recursos habitacionais (domótica), à gestão de redes e sistemas informáticos (a explosão de novas tecnologias, como a Internet e os telefones móveis de última geração irão exigir cada vez mais engenheiros no sector da informática e desenvolvimento de software), às energias renováveis, à biotecnologia, reciclagem dos resíduos.
Por outro lado, o marketing, as vendas e o turismo continuaram a ter lugar no panorama da empregabilidade, bem com a gestão, a economia e a engenharia. Profissões com Engenheiro civil, programadores, técnicos de informática, gestores, parecem têm cada vez menos problemas na colocação de emprego, comparativamente com outras profissões.
Com o desenvolvimento de novas ferramentas de ensino à distância, das quais se destaca o e-learning, surgirão novas profissões relacionadas com o ensino e com a formação à distância.
A nova era do conhecimento exigirá a adopção de uma nova atitude face à forma de aprender, de trabalhar e de gerir a própria carreira. Os novos trabalhadores deverão investir na formação e aprendizagem ao longo da vida, tornar-se mais criativos, autónomos, com capacidade de decisão e de criação do seu próprio emprego. Paralelamente, a ideia de “emprego para toda a vida” tenderá a desaparecer, dando origem a novos conceitos, marcados pela ideia de mobilidade e empreendedorismo, onde serão cada vez mais valorizadas novas experiências académicas e profissionais fora do país.

Por tudo isto, a capacidade de adaptação à mudança será uma das principais competências profissionais do futuro.


Tecnologias com saída

Segundo a previsão de um estudo recente efectuado pela consultora International Data Corporation o mercado das Tecnologias de Informação deverá criar em Portugal 7.500 novos empregos tecnológicos e 400 novas empresas nos próximos quatro anos. Quanto à evolução do emprego tecnológico, o estudo frisa que representa um "crescimento médio positivo de 1,5 por cento positivo ao ano até 2013", enquanto o "emprego total irá previsivelmente contrair e evoluir negativamente nestes próximos quatro anos".

Evolução do emprego

Reflexão acerca da evolução proposta pela Cedefof: ‘Future skill needs in Europe’

O relatório, ‘Future skill needs in Europe’, desenvolvido pela Cedefop (European Centre for Development of Vocational Training) é um estudo pioneiro que apresenta um exercício de prospectiva de médio prazo, acerca da evolução do emprego e da necessidade de qualificações em toda a Europa.

O estudo apresenta dados acerca do desenvolvimento futuro do emprego por sector económico, profissão e qualificação até 2015.

Enquanto conclusões gerais, o relatório refere a continuidade nos próximos anos, da tendência observada nos últimos anos na Europa: uma diminuição do emprego no sector primário (especialmente a agricultura) e nas indústrias tradicionais e um aumento no sector dos serviços e nos sectores ligados à ‘economia do conhecimento’ em geral.

O estudo mostra a possível evolução do emprego até 2015 por sectores de actividade na Europa dos 25, onde se conclui que existirá, entre 2006 e 2015, a criação de 13 milhões de novos postos de trabalho. Por sectores calcula-se que o sector primário irá perder cerca de 2 milhões de postos de trabalho e o sector da indústria meio milhão; o sector da distribuição e transporte irá criar mais de 3 milhões de novos empregos, assim como o sector da saúde e da educação; o sector que mais se irá desenvolver segundo esta projecção será o empresarial e outros serviços com um aumento de 9 milhões de novos postos de trabalho. Apesar disso, os sectores primário e
da indústria continuarão a ser muito importantes para a economia, mas a natureza do trabalho e as qualificações requeridas irão mudar. 
 


Ambiente em Alta


20 milhões de empregos até 2030
 
Um outro relatório, intitulado “Empregos Verdes: Rumo ao Trabalho Decente num Mundo Sustentável e com Baixo Carbono”, que foi lançado no ano passado pelo programa ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Internacional do Trabalho, revela que mais de 20 milhões de pessoas deverão trabalhar com empregos verdes até 2030.
 



Novas áreas de trabalho:


-  Indústria e agricultura ligadas aos biocombustíveis;


- Novos empregos no sector de eficiência energética e energias renováveis;


- Indústria de painéis solares, projectos térmicos e de certificação de edifícios;

- Transportes eficientes;


- Todos os negócios relacionados com o uso mais eficiente da água, (a redução do consumo de água na indústria, na agricultura e no sector doméstico);

- A capacidade de adaptação à mudança, a par da resiliência, será por isso uma das principais competências profissionais do futuro. "As profissões vão morrer cada vez mais rapidamente",conclui José Bancaleiro;