Por outro lado, o comportamento de um candidato numa entrevista de recrutamento pode influenciar positivamente ou, pelo contrário, colocá-lo fora da corrida num simples aperto de mão. O Guia do 1º Emprego pediu a três recrutadores que identificassem as qualidades mais valorizadas no mercado de trabalho, bem como os principais critérios na avaliação de um candidato a um emprego e ainda as áreas consideradas mais promissoras em termos de emprego.
Ana Cardoso, directora do grupo Egor, Mariana Branquinho da Fonseca, Partner da Heidrick & Strugles, Consultores e Gestão e Miguel Abreu, da Ray Human Capital fazem uma análise sobre o mercado de trabalho, com dicas de ouro para quem está à procura de emprego.


Entrevista a Ana Cardoso, Directora do Grupo EGOR

Forum Emprego - Num mundo em permanente mudança, os critérios de avaliação dos candidatos vão-se alterando, ou continuam a ser os mesmos?
Ana Cardoso -
Num mundo em constante mudança, chegam novas exigências de produtividade, competitividade e mobilidade, que lançam desafios às organizações.
É hoje assumido que a capacidade de sobrevivência das empresas depende fortemente das competências e características dos seus colaboradores. Se, num passado não muito distante, as empresas optavam pela valorização técnica e profissional, avaliando quase exclusivamente capacidades práticas de execução laboral, actualmente são enaltecidas de forma crescente aptidões transversais e do foro comportamental, como por exemplo competências de comunicação/negociação, relacionamento interpessoal, iniciativa, inovação, criatividade, etc.
Consequentemente, e no pressuposto de que as organizações mais competitivas são as que conseguem tirar melhor partido da potencialidade dos indivíduos que as integram, assiste-se ao deslocar do paradigma das qualificações, mais ligado à tarefa e ao trabalho, para o paradigma das competências, mais ancorado no indivíduo.

FE -  O que é mais importante na avaliação de um candidato: a formação académica, a experiência profissional ou as competências profissionais?
AC -
Todos os factores são importantes e têm que ser avaliados conjuntamente, dependendo naturalmente do perfil requerido. Ou seja, para se realizar uma avaliação objectiva do perfil do candidato é necessário averiguar a sua formação, experiência e vivências profissionais, para além de outros requisitos específicos à função que se afigurem relevantes.
Mas para além dos necessários conhecimentos técnicos e/ou experiência profissional, o actual profissional necessita também de reunir um conjunto de competências genéricas de carácter pessoal e interpessoal. Deve ainda dominar toda uma panóplia de competências instrumentais.
O próprio conceito de competência evoluiu: falar de competências hoje é falar sobretudo de comportamentos ou acções (e não apenas de qualificações, ou mesmo de características pessoais).
Desta forma, as organizações assumem cada vez mais, que o segredo de uma empresa bem sucedida reside no integrar de valores e talentos humanos capazes de pensar, interpretar, raciocinar e agir em prol do sucesso colectivo da organização.

Assim, no quadro actual das organizações, possuir conhecimentos em domínios técnicos altamente especializados, saber gerir a informação ou usar a tecnologia, revela-se por si só insuficiente para garantir um comportamento de sucesso em termos de actuação profissional. Importa também dominar um conjunto de outras competências de natureza comportamental que, sem serem suficientes, são seguramente necessárias.

FE -  Relativamente à personalidade dos candidatos, qual o requisito fundamental para integração no mercado de trabalho?
AC - A adaptação rápida às mudanças – única constante do mundo actual – exige a flexibilização do emprego, da organização e das pessoas.
Aquilo a que se vai assistir, é ao acelerar da mudança nas formas de trabalhar em consequência do desenvolvimento tecnológico. E cada vez mais esta evolução tecnológica afecta a natureza do trabalho e requer uma evolução das competências dos profissionais, de modo a que estes se possam adaptar à evolução da sua profissão e postos de trabalho. Esta capacidade de adaptação é designada flexibilidade funcional.
Como tal, flexibilidade é hoje um requisito essencial à integração no mercado de trabalho.

FE -  Quais os defeitos que considera mais graves?
AC - Se considerarmos a flexibilidade um dos requisitos fundamentais à integração do mercado de trabalho, esta requer um investimento a longo prazo por parte dos profissionais em termos de disponibilidade para aprender e em termos de motivação para vir a assumir funções diferentes ao longo do seu ciclo de vida. Assim, a falta de capacidade e de atitude a uma aprendizagem permanente e à mudança ao longo da vida profissional, serão seguramente condicionadores à carreira profissional.

FE -  Existe um perfil de candidato ideal?
AC - Existe. Mas que é diferente do perfil do candidato real. Se não vejamos, poderíamos considerar como candidato “ideal” aquele que corresponderia a 100% aos seguintes critérios: bom nos números, bom a escrever relatórios, bom na escrita criativa, bom a falar com outras pessoas, bom a persuadir os outros, bom a tomar decisões, bom a resolver problemas, bom a organizar o seu tempo e a definir prioridades de trabalho, capaz de delegar tarefas nos outros, bom a ensinar competências, capaz de trabalhar sob pressão, bom a motivar outros, capaz de aprender tarefas ou assimilar informação rapidamente, etc., etc.
Provavelmente, o candidato “real” corresponderá a 50% - o que já é muito bom.
De facto, o importante é perceber quais os principais requisitos e competências para o bom desempenho de determinada função, ou seja, quais os factores críticos a ter em conta e não uma lista exaustiva, e por isso mesmo irrealista, de competências. E esse será seguramente o perfil do candidato que se pretende.

FE -  O que causa melhor impressão num entrevistado?
AC - Se o entrevistado souber bem o que tem para oferecer e conseguir demonstrá-lo de maneira eficaz, estará no bom caminho para fazer uma boa entrevista.

FE -  Quais as áreas com maior empregabilidade, ou seja, quais as áreas consideradas mais promissoras em termos de emprego, no futuro?
AC - A constante mutação que caracteriza o mercado de trabalho leva-nos a prever que ocorram tendências oscilantes nas áreas que vão registando maior procura. No entanto, uma coisa é certa: no futuro, o mercado de trabalho será mais qualificado e flexível.
Do mesmo modo que a exigência vai ser maior depois da crise: as empresas vão querer não só menos gente, como gente mais qualificada.
De qualquer forma, actualmente e nos tempos mais próximos, cursos como medicina ou em áreas de saúde em geral, assim como em áreas tecnológicas (informática, engenharia, etc.) ou hotelaria e restauração, são cursos bastante requisitados pelas empresas e como tal, com mais hipóteses de saídas profissionais.
 
FE -  E quais os empregos do futuro?
AC - Actualmente o sector das energias renováveis e alternativas está optimista, tendo um estudo recente revelado a tendência para a maioria das empresas actuantes neste sector, preverem um aumento significativo ao nível do seu capital humano.
Mas a existirem certezas acerca do mundo de trabalho de amanhã, provavelmente elas serão uma maior exigência no que respeita à qualificação da força de trabalho e uma organização laboral onde a flexibilidade será a palavra de ordem.

Também provavelmente um mundo mais especialista e global onde, para se vencer, é fundamental um elevado nível de educação, de formação e de especialização. Daí que, no futuro, será cada vez mais acentuada a diferença entre as pessoas qualificadas e as não qualificadas em termos de oportunidades.

FE -  Que conselho daria a um jovem que inicia a jornada de procurar o 1º emprego?
AC - Se um jovem procura o seu 1º emprego, então tem de encarar este objectivo com muita determinação. Tal implica dedicar-lhe tempo e dedicação. Procurar emprego é um trabalho a tempo inteiro e pressupõe sempre trabalho pessoal e um plano de acção.
  Assim, o 1º passo para ser bem sucedido é saber exactamente o que se quer e canalizar esforços e energias nesse sentido. Não faz sentido “disparar em todas as direcções”, partindo do pressuposto que desta forma terá mais possibilidades de acertar no alvo. Ou seja, a resposta “em série” (como por ex., responder a todos os anúncios indiscriminadamente ou enviar em catadupa) ou uma “edição” em massa do curriculum é uma perda de tempo. Pelo contrário, a resposta a um anúncio deve ser coerente: a carta de candidatura deve explicitar as razões do interesse na função e o currículo deve comprovar um conjunto de conhecimentos e experiências consonantes com o cargo a que se concorre.

Um 2º passo será pesquisar e preparar-se bem para a entrevista – por exemplo, pesquisar informação fundamental sobre a empresa a que se candidata (historial, produtos, características, objectivos, concorrentes no mercado, etc.). Na entrevista, dar as respostas e fazer as perguntas mais adequadas no encontro para obter emprego, é igualmente fundamental para ter sucesso.

E, se alguma dose de ilusão misturada com optimismo e entusiasmo, são uma excelente receita para enfrentar o mercado de trabalho, convém também não perder a noção da realidade e manter os pés bem assentes no chão. Por exemplo, jogar na antecipação pode ser um bom começo: aproximar-se do mercado de trabalho antes de terminar os estudos, permite ganhar tempo e preparar melhor essa entrada. Do mesmo modo que experiências práticas e/ou estágios em simultâneo com os estudos são, sem dúvida, mais-valias para a valorização curricular de cada um.

Perceber igualmente, que um salário de início de carreira nem sempre corresponde às melhores expectativas mas que tal não é motivo para desperdiçar oportunidades. Nem sempre tudo é o que parece e, por vezes, um cenário pouco atractivo pode, passada a fase de integração, surpreender pela positiva.


FE -  Qual o erro mais frequente num processo de recrutamento por parte do entrevistador? E por parte do entrevistado?
AC - As pesquisas mostram que as entrevistas são um instrumento importante, mas algo falível – o desempenho passado, provas de situação ou testes são provavelmente menos falíveis - para avaliar o futuro desempenho. De qualquer forma continuam a ser cruciais em qualquer processo de selecção para um emprego. Daí que o entrevistado não as deve encarar de ânimo leve mas, ao contrário, dedicar o tempo necessário ao seu planeamento e preparação.
Estudos também indicam que o resultado da entrevista muitas vezes é decidido nos primeiros 2 ou 3 minutos, quando é realizada por um entrevistador sem preparação específica e que estas decisões são tomadas a nível intuitivo e dependem da relação que se estabelece entre o entrevistador e o candidato. Tal significa que o entrevistador pouco experiente ou preparado, pode incorrer facilmente em avaliações precipitadas e incorrectas.

FE -  A diversidade e quantidade de cursos existente e o nível de preparação dos licenciados, satisfazem as necessidades do mercado?
AC -
A diversidade e quantidade de cursos existentes é suficiente em termos genéricos, muito embora haja desequilíbrios face às reais necessidades do mercado.
Para satisfazer as necessidades do mercado, e por conseguinte das empresas, os estabelecimentos de ensino devem fomentar e rever as articulações com o meio empresarial, nomeadamente através de projectos específicos, estágios ou divulgação dos cursos junto das entidades empregadoras.

Numa economia cada vez mais global, é essencial para os futuros profissionais, uma maior exposição a línguas e culturas, ou seja, um envolvimento além-fronteiras. Daí que o incentivo a intercâmbios internacionais devam ser prioritários ainda no decorrer da vida académica. Do mesmo modo, as profissões de hoje e de um futuro muito próximo, vão exigir competências em TIC (tecnologias de informação e comunicação) em todos os sectores, fazendo com que as competências tecnológicas assumam uma prioridade crucial no ensino e na formação.


Entrevista a Mariana Branquinho da Fonseca, Partner da Heidrick & Strugles, Consultores e Gestão


Forum Emprego - Num mundo em permanente mudança, o bom profissional dos dias de hoje corresponde ao bom profissional de há 10 anos? O que mudou?
Mariana Branquinho da Fonseca - Há uns anos atrás, o bom profissional era aquele que desempenhava bem a sua função, que dominava a sua área de expertise e tinha a capacidade de apresentar resultados. Actualmente isso não basta. É fundamental para o profissional de hoje estar atento ao que se passa à sua volta, não só dentro da empresa onde trabalha, nomeadamente contactando e conhecendo os diversos departamentos / áreas e pessoas que aí trabalham, como também com o mercado em que está inserido. O estar atento ao que se passa à sua volta, poderá permitir-lhe ter acesso mais cedo e mais rápido a informação relevante para a sua actividade, podendo assim reagir e surpreender os outros.

FE - O que é mais importante na avaliação de um candidato: a formação académica, a experiência profissional ou as competências profissionais?
MBF - O que se valoriza na avaliação de um candidato varia consoante a função a que se candidata, da empresa em si e do respectivo contexto. De qualquer forma, à medida que se evolui na carreira profissional, menor é a importância da componente académica e maior o peso que se dá à experiência profissional e às competências de gestão e liderança que o profissional tem vindo a adquirir e desenvolver. No entanto, é de salientar que nos últimos anos, e de uma forma geral, as empresas têm dado um peso crescente às competências comportamentais. Este movimento é justificado pelo facto de estas competências serem fundamentais para a adaptação da pessoa à cultura da empresa – no limite podemos estar perante um profissional tecnicamente muito competente e conhecedor, mas que, por uma incapacidade de se adaptar à cultura da empresa, não consegue entregar resultados.

FE - Relativamente à personalidade dos candidatos, qual o requisito fundamental para integração no mercado de trabalho?
MBF - Mais uma vez acho que podemos ter vários requisitos, mas de uma forma geral e na minha opinião, o que é importante é que a pessoa tenha verdadeiramente vontade de trabalhar (já diz o ditado que “querer é poder”), demonstre proactividade e iniciativa e um grande sentido de responsabilidade.

FE - Que defeitos que considera mais graves?
MBF - Acho que o inverso do que disse acima, ou seja a preguiça (mental e física), a reactividade e a desresponsabilização.

FE - Qual o erro mais frequente num processo de recrutamento por parte do entrevistador? E por parte do candidato?
MBF -
Entrevistador: não se preparar para a entrevista e não ter claro o que pretende avaliar no candidato.
Candidato: Não se preparar correctamente para a entrevista, nomeadamente procurando obter informação sobre a empresa / função a que se está a candidatar.

FE - Existe um perfil de candidato ideal?
MBF - Não existe um perfil ideal, o perfil varia muito consoante a função / empresa a que a pessoa se está a candidatar. Quando se fala em perfil estamos a falar num conjunto de aspectos desde a qualificação académica, experiência profissional, características pessoais e competências de gestão.

FE - O que causa melhor impressão num entrevistado?
MBF -
Acho que várias coisas das quais destacaria: um discurso claro, sendo capaz de apresentar as suas opiniões e as suas decisões de forma sustentada; demonstrar que se preparou para a entrevista através das perguntas e / ou comentários que possa fazer.

FE - Quais as áreas com maior empregabilidade ou seja, quais as áreas consideradas mais promissoras em termos de emprego, no futuro?
MBF - É difícil prever quais as áreas / sectores onde poderá haver mais empregabilidade no futuro. Eu apostaria numa formação que desse uma boa base técnica, mas ao mesmo tempo desenvolvesse a capacidade analítica e de resolução de problemas, adquirindo assim alguma flexibilidade, que pode permitir adaptar-se rapidamente a novas situações. Assim as áreas de Engenharia, Gestão e Economia, Ciências, seriam a minha eleição. Acima de tudo para uma pessoa ser um bom profissional, tem que ser capaz de conciliar dois aspectos na sua profissão – gostar muito do que faz e ser muito bom naquilo que faz.

FE - Que empregos estarão no top daqui a 5 anos?
MBF - Existirá sempre espaço/necessidade para todos os grupos profissionais. Pelas características do nosso mercado as funções comerciais/desenvolvimento de negócio, bem como as tecnológicas, serão provavelmente aquelas mais solicitadas no futuro próximo. No entanto, iremos verificar uma necessidade cada vez maior dessas mesmas profissões se adaptarem à envolvente externa e a toda a evolução tecnológica e social existente. Isto significa que a forma como um Engenheiro, Professor ou Gestor desenvolvem o seu trabalho hoje será diferente de como o fará daqui a 5 ou 10 anos.

FE - A diversidade e quantidade de cursos existentes, e o nível de preparação dos licenciados satisfazem as necessidades do mercado?
MBF -
Não tenho um grande contacto com recém licenciados pelo que tenho alguma dificuldade em responder a esta questão. Mais do que a preparação técnica, aquilo que por vezes me surpreende com os recém licenciados que vou contactando, são as exigências que colocam num primeiro emprego e a preocupação excessiva com aquilo que recebem em troca. Acho que num primeiro emprego, a pessoa deveria estar preocupada em aprender o máximo, e, ao mesmo tempo, perceber o que efectivamente gosta de fazer.

FE - O que aconselharia a um(a) recém-licenciado(a) que pretenda ingressar no mercado de trabalho?
MBF -
Começar a trabalhar o mais rapidamente possível para ter contacto com o mercado de trabalho e com a realidade empresarial. Deve avaliar as oportunidades de trabalho, tendo por base a contribuição que estas terão para o seu desenvolvimento profissional. Dedicação, responsabilidade e capacidade de trabalho são elementos fundamentais, aos quais juntaria, como disse acima, proactividade e iniciativa.


Entrevista a Miguel Abreu da Ray Human Capital


Forum Emprego - Num mundo em permanente mudança, o bom profissional dos dias de hoje corresponde ao bom profissional de há 10 anos? O que mudou?
Miguel Abreu - Nestes últimos anos o mercado de trabalho mudou bastante, exigindo novas competências aos profissionais. Estes são obrigados a adaptarem-se rapidamente ao contexto de mudança das empresas. Proactividade, adaptabilidade e flexibilidade são as características mais requisitadas actualmente no mercado de trabalho. As competências negociais são cada vez mais importantes, pois a maior parte das profissões exige que haja capacidade de relação e negociação entre empresas e entre os vários departamentos. 


FE - O que é mais importante na avaliação de um candidato: a formação académica, a experiencia profissional, as competências profissionais?
MA - Depende do tipo de candidatura. Se estivermos a falar de profissionais com experiência acumulada, o mais importante será a sua experiência e know-how. Se estivermos a falar de candidatos juniores, a experiência não é tão importante e, neste caso, a avaliação recairá mais sobre o seu desempenho académico e as vivencias extra-curriculares. Uma pessoa culturalmente activa, que pratique desporto, tenha tempo para voluntariado e outras actividades, demonstra capacidade para gerir o seu tempo e a sua vida.

FE - Relativamente à personalidade dos candidatos, qual o requisito fundamental para integração no mercado de trabalho?
MA - Adaptação, flexibilidade, pró-actividade, amplitude cultural, multi-valências (gestão de várias actividades ao mesmo tempo), competências sociais, experiência no estrangeiro, domínio de várias línguas, etc.

FE - Que defeitos considera mais graves?
MA - Por exemplo, ir a uma entrevista sem preparação e conhecimento sobre a empresa, bem como o desajuste no vestuário. A “arrogância” de alguns alunos acabados de sair da universidade, a falta de humildade e flexibilidade, e a incapacidade de perceber que os modelos teóricos poderão ser relegados para 2º plano é também pejorativa.

FE - Existe um perfil de candidato ideal?
MA - Depende do projecto e dos objectivos de recrutamento. No entanto, a rede social e actividades extra-curriculares é muito importante. Diria que as características mais importantes são, para além destes aspectos, a flexibilidade, a pró-actividade, a orientação por objectivos, capacidade de relacionamento e comunicação

FE - O que causa melhor impressão num entrevistado?
MA - A preparação prévia, a informação que tem sobre a empresa, o facto de saber colocar perguntas pertinentes em relação à empresa e à função que virá a desempenhar são sempre qualidades apreciadas. É muito importante sentir que o candidato está, de facto, motivado, o que implica interesse real pela empresa, identificação com a cultura e valores da empresa.


FE - Quais as áreas com maior empregabilidade? Ou seja, quais as áreas consideradas mais promissoras em termos de emprego, no futuro?
MA - As áreas onde actualmente se verifica maior procura estão ligadas à tecnologia, ambiente e energias renováveis. E, apesar da crise ter impacto na área financeira, as áreas da gestão e auditoria continuarão a ter procura em termos de emprego.

FE - Que empregos estarão no top daqui a 5 anos?
MA -
Empregos ligadas à tecnologia, em que a polivalência será a tendência dominante. O facto de as profissões se terem tornado mais híbridas e abrangentes, exigirá maior flexibilidade e capacidade para desempenhar no futuro, funções que reúnem particularidades de diferentes funções actuais.

FE - A diversidade e quantidade de cursos existentes, e o nível de preparação dos licenciados satisfazem as necessidades do mercado?
MA -
Há cursos que continuam a ser uma referência, nomeadamente na área das engenharias técnicas, gestão, economia, e ciências humanas. Seria bom que houvesse mais abertura à via dos cursos técnicos, tanto por parte das instâncias empregadoras, como das pessoas.

FE - O que aconselharia a um(a) recem-licenciado(a) que pretenda ingressar no mercado de trabalho?
MA -
Prepare-se bem, concilie o investimento académico com actividades que contribuam para alargar os horizontes, sejam humildes para aprender a adaptar-se a diferentes cenários, tenham capacidade de se posicionar e marcar a sua posição dentro da empresa, não desistam, seja persistentes e não esperem “chegar, ver e vencer”!