O dia 13 de fevereiro celebra a Rádio. Quem lhe dá voz todos os dias, diz abrir o microfone com ainda mais entusiasmo e alegria do que no início da carreira. É o tal “bichinho” que muitos dizem ter, mas poucos conseguem definir. Este ano, a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa celebrou com uma conversa entre antigos alunos da instituição, hoje vozes das rádios do grupo e, durante a manhã, com uma visita dos alunos da licenciatura em Comunicação Social e Cultural aos estúdios do Grupo Renascença Multimédia.

No panorama nacional, o Grupo Renascença Multimédia alberga algumas das rádios mais ouvidas no país. Feitas as contas, aos 80 anos de histórias, juntam-se três rádios (Renascença, RFM, Mega Hits), 2 milhões de ouvintes, e muita vontade de manter vivo este meio de comunicação com a morte já várias vezes anunciada. Na visita dos estudantes aos estúdios do grupo, durante a manhã de ontem, rapidamente se percebeu o porquê de mais do que se falar em Grupo Renascença, falar-se em Grupo Renascença Multimédia.

 

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A mudança de instalações do mítico número 14 da Rua Ivens no Chiado para a Buraca facilitou a adaptação à rádio como uma multiplataforma também presente na televisão e no digital. A redação de informação, onde o espaço dedicado à produção de conteúdos para o digital é cada vez maior, prova-o. Carlos Bastos e Marta Ventura, vozes da estação “mãe” do grupo, deram as boas vindas aos estudantes da FCH-Católica no coração da produção da informação – local a par do estúdio, é um dos espaços onde mais se sente o ritmo frenético da atualidade.

 

Por dentro da Mega Hits

Mas é a rádio mais jovem do grupo, a Mega Hits, que mais fascina os estudantes. Nela, aqueles que dizem já ter encontrado o "bichinho" da rádio, veem o sítio onde querem, dentro de poucos anos, estar já a falar com os ouvintes. A alimentar esse sonho encontramos exemplos como o da locutora da Mega Hits, Catarina Palma.

 

FCH-Católica comemora o Dia Mundial da Rádio

A Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica (FCH-Católica) comemora o Dia Mundial da Rádio, na quinta-feira, dia 13, com uma radio talk dedicada à discussão do futuro da radiodifusão em Portugal.


 

A jovem, de 27 anos, licenciada pela Universidade Católica em Comunicação Social e Cultural, deu os primeiros passos nas lides radiofónicas ainda no estúdio da Faculdade, na sequência das cadeiras de Comunicação Radiofónica e Projeto de Rádio. Participou num casting, e acabou por ser selecionada juntamente com Ana Pinheiro, responsável pelo programa “Girls Night Out”, na noite da Mega. Na altura, recorda Catarina, sentiu: “Uau, tenho uma profissão. E agora?”.

 

 

É essa a questão que, em breve, estes alunos vão encontrar. No caso concreto da rádio, os estudantes presentes na visita já passaram por estas cadeiras no seu percurso académico, e acreditam poder estar um dia no lugar de Catarina. Esse é o caso da aluna do 3.º ano, Beatriz Ferreira Frade, que já visitou as instalações do grupo de rádios duas vezes. Foi na faculdade, conta, que começou a olhar mais seriamente para a possibilidade de poder trabalhar profissionalmente no ramo.

Neste momento, a um semestre de ser oficialmente licenciada, tem uma rubrica semanal numa rádio local e está pronta para todas as oportunidades que possam surgir. “A faculdade acaba por nos ensinar muitas coisas, da televisão à rádio. Mas a rádio começa a ser uma opção cada vez mais em cima da mesa. É uma questão de oportunidades”, garante Beatriz. E seriam precisamente as oportunidades e os sonhos que estariam em foco, durante a tarde. 

 

Sítio certo, hora certa... Atitude certa

Se, durante a manhã, foram os membros da equipa do Grupo da Renascença quem recebeu os estudantes da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, da parte da tarde, inverteram-se os papéis. Foi a vez da locutora da Mega Hits, Catarina Palma, a jornalista da Renascença, Cristina Nascimento, a locutora da RFM, Carolina Camargo, e o locutor da Renascença, Paulo Soares, partilharem a sua experiência com os estudantes, no estúdio de rádio da instituição, reformulado em 2018.

 

 

Na plateia, composta quase exclusivamente por jovens, a presença de Jorge Guimarães salta à vista.  77 anos de idade, Jorge é radioamador há quase três décadas, e partilha com os profissionais de rádio o gosto pela palavra dita. Nunca fez rádio em FM, revela, mas todos os dias comunica com outros radioamadores em Portugal e além-fronteiras. A rádio é também de relações com alguém que está do outro lado, mas que não se conhece. Sempre “ao serviço da comunidade”, como o próprio faz questão de reforçar.

 

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A radiotalk a que Jorge Guimarães e os estudantes assistiram contou com a moderação da professora da FCH-Católica, Rita Curvelo. Locutora e produtora da Rádio Renascença durante 16 anos, é professora da Unidade Curricular de Comunicação Radiofónica e coordena a rede de alunos alumni da Faculdade de Ciências Humanas. À conversa com a FORUM, a docente relata a quantidade de sonhos que nascem dentro das quatro paredes do estúdio: “A partir do momento em que os alunos contactam com este estúdio e começam a gravar os primeiros trabalhos, começam a pensar que é possível trabalhar na rádio”.

 

Como fazer da rádio o futuro?

Locutor da Renascença, Paulo Soares já passou por todas as rádios do grupo: começou como estagiário na informação da Renascença, passou pela na altura Mega FM e está hoje no entretenimento. Cristina Nascimento, começou na produção do grupo, mas rapidamente deu o salto para a redação, onde se diz “sentir bem”. Os dois partilharam a mesma opinião, durante a talk sobre o futuro da rádio: o profissional da rádio quer-se polivalente, capaz de lidar com todo o tipo de programas e cenários.

A voz das madrugadas da RFM também é licenciada pela Universidade Católica, e admite que o facto de estar na Católica lhe abriu muitas portas. "Graças ao facto de ser aluna da Católica, consegui logo começar a estagiar na RFM, onde ainda hoje estou. Foi fácil entrar na rádio. Ficar não foi nada fácil”, recorda a locutora.

 

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A locutora do Top 10 às 10 da Mega Hits também relembra a oportunidade que surgiu no seu percurso, mas que não lhe garantiu a porta aberta para os 6 anos, tempo a que está em antena. Mais do que “estar no sítio certo, à hora certa”, é uma questão de estar com “a atitude certa”. Catarina participou em 2014 no casting aberto pela estação para escolher um repórter para a edição do mesmo ano do Rock in Rio, e acabou por ser selecionada.

Todos os anos, o Grupo Renascença Multimédia recebe estagiários. Nem sempre é possível que todos os que por lá passam fiquem após o término do período de estágio. Da conversa, todo o painel concorda num ponto: o caminho passa por dar provas, aos poucos e poucos, daquilo que cada um vale. Quem é bom, deixa sempre alguma marca. Uma mensagem de esperança às vozes da rádio do amanhã.