"É urgente encontrar alternativas ao uso de máscaras e luvas descartáveis". O apelo é de uma equipa de cientistas da Universidade de Aveiro (UA) que, ao longo dos últimos meses, tem estudado o aumento de lixo e o recuo generalizado na gestão sustentável de resíduos de plástico, dois enormes efeitos colaterais derivados do combate à pandemia.

Se, numa primeira fase, o confinamento que alastrou um pouco por todo o globo trouxe ganhos para o meio ambient (com a redução da poluição atmosférica), numa segunda fase, cedo se percebeu que o ambiente iria sofrer. "A quantidade de plásticos não reutilizáveis, entre máscaras, luvas e outros materiais de proteção, que foi preciso passar a usar na proteção diária para prevenir o contágio pelo coronavírus, aumentou exponencialmente à medida do aumento de casos", recorda a Universidade de Aveiro.

Foi depois de verem os espaços públicos inundados por máscaras e luvas abandonadas, que as investigadores de um dos centros de investigação da UA, o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), Joana Prata, Ana Luísa Silva, Armando Duarte e Teresa Rocha-Santos, publicaram três artigos científicos sobre o tema, destaca a UA, em comunicado.

 


Fomos motivados a alertar para este assunto devido à quantidade de material de proteção pessoal descartável que encontramos em espaços públicos"
Joana Prata, investigadora


 

Fomos motivados a alertar para este assunto devido à quantidade de material de proteção pessoal descartável que encontramos em espaços públicos. O descarte correto das máscaras e luvas descartáveis foi negligenciado e estes resíduos passaram a ser encontrados nas ruas e passeios”, conta a investigadora Joana Prata.

Ana Luísa e Joana Prata, primeiras autoras destes estudos, estimaram, com base em estratégias de saúde pública, que a nível mundial são necessárias mensalmente 129 mil milhões de máscaras e 65 mil milhões de luvas. Números imensos nos quais não estão contabilizadas as batas descartáveis e outros materiais de proteção, cuja "gestão desadequada tem como resultado uma contaminação ambiental generalizada".

Para contornar o problema ambiental, a dupla do CESAM diz que é urgente encontrar alternativas sustentáveis para as máscaras, luvas e plásticos de utilização únicam dexando algumas recomendações. Dentro do possível, esses materiais "podem ser reciclados depois da sua desinfeção ou quarentena". Por outro lado, podem ser usadas preferencialmente máscaras feitas com materiais reutilizáveis e regressar "ao caminho da economia circular que estava a ser traçado para os materiais plásticos antes de surgir a pandemia"