A NBA e NFL são duas das ligas desportivas mais famosas do mundo. Em termos de basquetebol e futebol americano, respetivamente, são mesmo referências a nível mundial e têm direito a videojogos próprios para as nossas consolas. Vamos tomá-las como exemplo, então. 

Olhando para as suas estruturas, percebemos que têm uma organização muito diferente daquilo a que estamos habituados no desporto em Portugal e na Europa. As equipas, por serem franchises, são, essencialmente, empresas que podem ser movidas para outras cidades. Tudo isto soa um pouco estranho e pode ser difícil de perceber, tal como constatar que não existem transferências! 

Contudo, sabias que nos Estados Unidos da América existem ligas desportivas muito mais próximas daquilo a que estamos habituados? Com “contratações”, adeptos fervorosos, equipas com identidade local… vem descobrir mais sobre o desporto universitário nos EUA! 


O que é o draft? 

 No draft, as equipas das ligas como a NBA ou a NFL (que são ligas fechadas, sem subidas ou descidas), podem escolher novos jogadores para ingressarem no seu elenco. E esses jogadores vêm das universidades.


 

A escolhas do draft 

Quem é mais atento ao desporto norte-americano já se deve ter apercebido que, todos os anos, existe uma coisa chamada draft. No draft, as equipas das ligas como a NBA ou a NFL (que são ligas fechadas, sem subidas ou descidas), podem escolher novos jogadores para ingressarem no seu elenco. E esses jogadores vêm das universidades. 

Seria fácil pensar que, nesse caso, as universidades funcionam como as camadas jovens por cá. Mas não. As camadas jovens pertencem aos respetivos clubes e não têm nada a ver com estudos ou licenciaturas. No caso dos jogadores universitários, os atletas são mesmo estudantes que frequentam as diferentes faculdades, a maior parte com bolsas de estudo que amenizam os elevados custos do Ensino Superior nos Estados Unidos da América. 

Estes estudantes-atletas são recrutados do liceu um pouco como funcionam as contratações no futebol, apesar de nunca existir dinheiro envolvido à exceção do valor da bolsa de estudo atribuída.

 

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Dentro do programa 

Quem fica encarregue deste recrutamento e prospeção de novos talentos é uma estrutura chamada program. As diferentes universidades têm diferentes programs para as diferentes modalidades, sendo que algumas são mais famosas pelos programs de futebol americano, outras pelo basquetebol ou até pela ginástica e atletismo. No fundo, um programa (como é chamado em português) é uma entidade composta pelos diferentes treinadores, olheiros e dirigentes que, trabalhando em conjunto, dão o rumo às modalidades de que estão encarregues e asseguram a sua competitividade. 
 
E por falar em competitividade… Estamos a falar de atletas que, apesar de não serem profissionais, não deixam de ser de alta competição. Ao estarem inseridos num programa de uma determinada modalidade, têm uma agenda muito preenchida por treinos, concentrações, trabalho especializado, entre outras tarefas. 

No fundo, o desporto universitário funciona mesmo como se fosse um emprego, com a diferença que é conciliado com as aulas (onde têm algumas benesses para que possam dar tudo no desporto) e não é remunerado (é, aliás, motivo para expulsão do programa). Portanto, um jovem saído do secundário é recrutado pelos seus dotes desportivos, assina por uma determinada Universidade e passa a ser um atleta de alta competição ao mesmo tempo que tem oportunidade de frequentar uma licenciatura.

 

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Rivalidades acesas 

Por terem um cariz muito mais local do que os franchises das ligas profissionais, bem como pela forte tradição académica, o desporto universitário dos EUA é local de algumas das maiores rivalidades do desporto norte-americano e é seguido por milhares de fiéis adeptos. 

Ainda este ano, no jogo de voleibol entre a Universidade do Nebraska e a Universidade de Omaha, estiveram presentes 92 mil pessoas. No basquetebol, os jogos entre Duke e a Universidade da Carolina do Norte também atraem grandes multidões, uma vez que se tratam de dois programs históricos que já lançaram para a NBA atletas como Kyrie Irving e Jayson Tatum, no caso de Duke, ou o grande Michael Jordan, no caso da UNC. 

Os portugueses Neemias Queta e Ticha Penincheiro, ambos basquetebolistas da NBA e WNBA, respetivamente, também passaram por Universidades norte-americanas antes de ingressarem nas ligas. 

 

Entrevista a Neemias Queta: «Trabalhem muito quando ninguém está a ver»


Neemias Queta anunciou ontem que se vai declarar ao draft da NBA de 2021, estando prestes a tornar-se o primeiro atleta português a chegar a esta competição. Recorda a entrevista de Neemias à Forum, em fevereiro de 2019.




Num país onde o desporto tem uma elevada componente comercial, o desporto universitário mantém-se como um forte reduto de paixão, tradição e história. E assume também um importante papel académico: no caso de jogadores que acabam por não conseguir ingressar numa carreira de desporto profissional, este sistema permite-lhes completar licenciaturas e obter graus académicos importantes para o seu futuro profissional ou, quem sabe até, virem a fazer parte dos programs, mas noutras funções, mentorando novas jovens promessas e mantendo-se numa carreira de vertente desportiva.