Leandro Tavares, conhecido pelo público como LEO2745, tem apenas 23 anos, mas conta já com uma posição de destaque no mundo do rap português. Apesar de estar ligado à música desde jovem, foi apenas em 2021 que deu início à sua rápida ascensão no cenário musical. Estreou-se com “MONCLER”, o seu grande hit que alcançou milhões de visualizações, além de Discos de Ouro e Platina. Desde então, o foco tem sido a sua carreira, já que tem estado “sempre a apresentar músicas novas”. Além disso, para o jovem artista é fundamental a ligação com o público mais jovem, que o vê como “um sonho que é possível realizar”.

Como é que começou a tua jornada no mundo da música? 

Começou numa brincadeira, as chamadas brincadeiras de Instagram. Em miúdo não tinha grande coisa para fazer a não ser trabalhar. E este era um sonho que, supostamente, não é assim tão fácil de concretizar, mas graças a Deus consegui. Foi algo orgânico. Acho que todos os artistas são assim, no geral. 

 

Quando é que começaste a levar a música mais a sério?

Foi mesmo no “MONCLER”. Eu ainda não tinha números, mas já levava isto como se fosse o meu trabalho, sinceramente, mesmo em termos de marketing. Por isso é que as pessoas dizem que eu sou bom no marketing, porque comecei muito cedo e encarei isto logo desde início como um trabalho. Acho que foi a melhor coisa que fiz, porque agora é algo orgânico, é mesmo o que eu gosto de fazer. 

 

 

Quão importante é a tua origem, visto que até tens o código-postal no teu nome artístico?

A minha origem tem muita influência, porque foi onde eu cresci. E quando falo de código-postal não falo por ser “bairro”, mas sim porque todos nós crescemos num sítio e vemos ali a nossa infância. No fundo, é carregar a minha zona comigo. 

O que é que te inspira para escreveres as tuas músicas? Qual é a mensagem-chave que tentas passar ao teu público, sobretudo aos jovens que te seguem? 

A minha vida. Como eu sou um miúdo que já viveu muito e em vários países, tenho imensas coisas para contar. Agora é aprender a contá-las. O que eu tento passar ao máximo é a mensagem de que tudo é possível. É trabalhar muito. 

As pessoas que acompanham o meu Instagram veem que eu estou sempre em estúdio a apresentar músicas novas, por mais que não as lance. Os jovens olham para mim como um sonho que é possível realizar, porque eu próprio lhes transmito isso. Eu sou uma inspiração para eles: “Se eu consegui, tu também consegues”. 

 

 

Como vês o papel do marketing nas redes sociais para um artista? As tuas redes sociais são um veículo de transmissão da tua mensagem e da tua música?

Eu acho que hoje em dia o marketing é tudo. Hoje, já nem é uma questão de talento, mas sim de personalidade. É a personalidade que vende. Eu tenho uma personalidade forte, não só em termos musicais, mas a nível geral, a minha voz tem presença. Acho que qualquer artista tem de começar a aprender a vender a personalidade e a nova geração está cada vez mais a aprender a fazê-lo, tal como eu todos os dias aprendo. 

O TikTok, por exemplo, chega a todo o público, seja mais novo ou mais velho. E mesmo eu que pensava que o meu público era muito novo, ao longo do tempo, vejo que não é assim. Tenho pessoas muito mais velhas que ouvem a minha música, porque os filhos estão no TikTok. Depois, vão criando uma ligação com o artista porque os miúdos ouvem-me muito, querendo ou não, eu tenho essa força na palavra. Eles gostam mesmo de me ouvir e seguem aquilo que eu digo. 

Sentes muito esse contacto com os jovens, neste caso com os teus fãs, quer nas redes sociais, ou até mesmo na rua?

Muito. Na rua bastante. As pessoas quando me abordam, é como se já me conhecessem. Acho que eu consegui interligar-me com os meus fãs pelas redes sociais. Tento estar próximo daqueles que me ouvem, porque eles é que vão fazer a minha carreira. Querendo ou não, uma carreira não é só números. 

Num show, o objetivo é a casa estar cheia e quanto mais interligado estás com aos fãs, mais possibilidades tens de isso acontecer. Eu fico horas a tirar fotos com eles e a falar. 

 


 

«Hoje, já nem é uma questão de talento, mas sim de personalidade. É a personalidade que vende»

 


 

Tens muitas colaborações – no teu último álbum são 6. Achas que este é um fator importante para ires crescendo enquanto artista e para chegares a outros públicos?

É muito importante, sim. Este álbum nem foi uma questão de crescimento de público, foi mais uma questão de família, mas o próximo álbum que vou lançar vai ter muitas colaborações. Como quero ter ainda uma carreira grande, tenho de começar a pensar nisso, gerindo as coisas com mais interesse, porque a vida é feita de interesses, mas sempre na humildade, claro. 

Numa era em que os singles são o mais habitual, o lançamento deste álbum é para ti uma espécie de afirmação?

Sim, sobretudo em termos artísticos. Apesar de ser um artista forte em palco, precisava de mais músicas, então o facto de ter lançado este álbum ajudou-me bastante. É sempre bom ter uma discografia grande para as pessoas perceberem que não são só dois ou três singles, mas sim algo já bem formado. Foi mais por aí, não foi por números. 

 

 

Sendo um artista tão jovem e sabendo do teu rápido crescimento ao longo do último ano, como é que encaras a tua trajetória até agora?

Vejo como uma trajetória de picos, não só em termos musicais, mas em termos pessoais. O Leo de há um ano é muito diferente. Eu pensava que tinha noção das coisas. Se eu for ver as coisas que eu disse antigamente, não podia ter dito aquilo, sempre fui muito frio. Agora trabalhei isso para ficar um pouco mais calmo. Também estou mais adulto então sinto-me diferente.  

Eu sou aquela pessoa que diz “Se não fosse a música, eu estava perdido”, porque eu não tinha bem a noção das coisas. Só queria viver e fazer as coisas acontecer. Sempre fui uma pessoa que disse: “Se eu quiser ser bailarino amanhã, eu vou ser bailarino. Posso não ser o melhor, mas eu vou ser bailarino e vou fazer disso vida”. Hoje em dia, estou muito mudado, muito mais adulto e graças à música, 100%. 

O que vamos ver/ouvir da tua parte nos próximos anos?

Vou lançar muita música, mas vão ver um Leo muito mais maduro, que vai começar a trajetória este ano. É como se um novo artista tivesse crescido dentro de mim, porque estou a tocar em pontos muito mais fortes. Aprendi a escrever de uma maneira muito diferente porque já escrevi muitas músicas. Vou querer ajudar muito mais as pessoas. Quero muitos artistas a virem comigo, não atrás, mas ao meu lado. E vão ver uma pessoa melhor, muito melhor. 

 


 

«Eu sou aquela pessoa que diz “Se não fosse a música, eu estava perdido”, porque eu não tinha bem a noção das coisas.»

 


 

Podes dar-nos algumas pistas sobre o teu próximo álbum? 

O álbum não vai sair já, porque quero que seja algo bem preparado, mas um dos feats que eu posso dizer que vai sair, com certeza, é com o Piruka. Estamos a trabalhar nisso. Vai ser um banger e é para sair nos próximos tempos. E o resto fica como efeito surpresa.

Falaste na tua vida noutros países. Podes falar de uma experiência que te tenha impactado como pessoa e que contribui para uma música que tenhas escrito?

Eu sou uma pessoa que faz música sobre tudo. Por exemplo, eu tenho uma música que nunca vai sair, obviamente, e nem sou capaz de dizer que aquilo está bom, mas a letra está lá. Uma vez, saí do trabalho às duas horas da manhã. Na altura, morava no Luxemburgo, mas estava a trabalhar na Alemanha. Tinha um trabalho por baixo das linhas de comboio. Estava imenso frio, houve um problema elétrico e tivemos de ir para casa às duas da manhã. Não havia comboios e eu, armado em esperto, com 10% de bateria, desenhei o mapa na minha mão com uma caneta e fui para casa 10 km a pé com uma lanterna na cabeça e no meio do mato a chover imenso. Pelo caminho, encontrei um javali e eu pensei mesmo que ia ficar ali, porque ele veio atrás de mim. A minha sorte foi a lanterna que encadeou o javali. 

Naquele momento, eu consegui pensar imensas coisas ao mesmo tempo. Primeiro, eu pensei que ia ficar ali, depois enganei-me no caminho muitas vezes. Consegui chegar a casa e nem sequer conseguia abrir a porta por causa do frio que estava, não tinha forças nas mãos. É uma história que pode parecer insignificante, mas que é muito marcante na minha vida.