E se as tuas férias incluíssem participar numa vindima? Ou ordenhar leite fresco logo pela manhã? Estas hipóteses são já realidade para milhares de turistas em Portugal, para todos os que queiram conciliar o relaxamento do meio rural com a participação em trabalhos agrícolas. Bem-vindo ao mundo do Agroturismo.
A Direção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) define vários tipos de empreendimentos turísticos no Espaço Rural. Para além de “Casa de Campo”, “Turismo de Aldeia” e “Hotel Rural”, conta-se entre as possibilidades o “Agroturismo”. Estes são os empreendimentos, informa a DGADR, que “prestem serviços de alojamento a turistas e permitam aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da atividade agrícola ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos”.
De acordo com as estatísticas, a opção tem registado uma procura crescente. Em 1989, os estabelecimentos de Agroturismo representavam 5% do universo do Turismo em regiões rurais portuguesas. Hoje, 30 anos passados, esse valor cresceu para 17%.
Os dados mostram um crescimento do turismo rural, de forma geral, mas também desta modalidade turística: se o número de estabelecimentos, em geral, cresceu cerca de 700%, durante as últimas três décadas, os empreendimentos de Agroturismo apresentam uma das maiores subidas, com um crescimento na ordem dos 2500%
«O Agroturismo pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da economia local, gerando receita, emprego e fixando a população em meios com défice populacional»
De acordo com a Pordata, em 2018, existiam em Portugal 248 estabelecimentos de Agroturismo, um número que ultrapassa as modalidades “Turismo de Habitação” (226) e “Hotel Rural” (87). Em 2000, por comparação, existiam 119 empreendimentos de Agroturismo, face a 229 de “Turismo de Habitação”.
Estes empreendimentos turísticos podem ter dimensões muito diversificadas (de antigas mansões ou palacetes a construções mais humildes como bungalows ou anexos), espalhando-se um pouco por todo o país. Por essa razão, alguns especialistas têm destacado o papel desta modalidade turística no desenvolvimento regional e no combate à desertificação. “O Agroturismo pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da economia local, gerando receita, emprego e fixando a população em meios com défice populacional”, sublinham Ilda Paixão e Pedro Carvalho, num caso de estudo de agroturismo na região de Castelo Branco.
O peso dos agroturistas
De acordo com o Turismo de Portugal, em 2017, os estabelecimentos de turismo no espaço rural registaram 795 mil hóspedes, num total de 1,7 milhões de dormidas. As regiões com a maior procura foram o Norte (30,2%), o Alentejo (24,8%) e o Centro (22%). Esta dispersão geográfica mostra o papel importante que a modalidade poderá desempenhar na coesão dos territórios.
Mas qual a representatividade da oferta de Agroturismo, face ao contexto geral do Turismo em Espaço Rural? No âmbito das várias modalidades, durante o mesmo ano, acrescenta o Turismo de Portugal, o Agroturismo foi a que alcançou o terceiro melhor resultado (15% das dormidas), sendo apenas ultrapassada pelos Hóteis Rurais (23,3%) e as Casas de Campo (42,6%).
O crescimento, de resto, poderá não ficar por aqui. Em declarações a publicação sobre turismo Publituris, a diretora da Faculdade de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia, Antónia Correia, destaca que, a nível internacional, o turismo rural representa 58% do fluxo total de turistas.
Em Espanha, esse valor fixa-se nos 27%, sendo que em Portugal ele é “muito reduzido”, avança. Por essa razão, a especialista não tem dúvidas: “estas formas de turismo, se complementadas com o turismo de saúde, constituirão uma das formas mais procuradas do século XXI”.