Para fechar esta Academia com chave de ouro, os nossos artistas em potência puderam pôr “mãos à obra” neste dia passado em Leiria. Foram duas oficinas diferentes que permitiram explorar a criatividade e a imaginação de todos. O grupo dividiu-se para todos poderem experimentar cada um dos workshops, tendo trocado à hora de almoço.
Uma das paragens foi no SERRA – Espaço Cultural, que alberga uma comunidade de criativos e onde se realizam eventos e residências artísticas. Nestes antigos armazéns da empresa Movicortes, a pouca distância de Leiria, trabalham diariamente cerca de 30 artistas. Para além de ter sido criada uma associação, surgiram também algumas empresas, como a Omnichord, que faz produção e edição musical e agenciamento de músicos, bem como projetos educativos e comunitários ligados à área da Música.
Foi Hugo Ferreira, da Omnichord, quem recebeu e conduziu os participantes, apresentando primeiro o espaço, que inclui estúdios de áudio, ateliers de cerâmica, pintura e tapeçaria e uma sala polivalente onde realizam vários eventos. “Foi, por exemplo, nesta sala que os Silence 4 começaram a ensaiar e onde ensaiaram durante sete anos”, contou, demonstrando que a história da música leiriense passa também pelo SERRA. Entre artistas mais recentes a usufruir deste pólo cultural, incluem-se os First Breath After Death ou Surma. Segundo Hugo Ferreira, um dos principais objetivos do SERRA – Espaço Cultural é “criar um espírito de comunhão”, que ajude o potencial criativo de cada um.
Depois de apresentado o espaço, seguiu-se uma conversa sobre Música, procurando desconstruir algumas noções sobre diferentes versões da mesma música, diferenciando ainda daquilo que são “samples”. Falou-se ainda da importância das influências entre diversos artistas como fonte de inspiração e de construção.
Depois dessa conversa, o desafio lançado (nas palavras de Hugo, “só uma brincadeira”) foi o de “fazer uma canção”, com a ajuda de Nuno Rancho, músico e técnico de som (Surma, Few Fingers, Jeronimo). Através da captação de som de alguns objetos do dia-a-dia, mobílias circundantes ou partes do corpo, cada grupo foi construindo a sua própria música.
Para Sara, uma participante de 16 anos que adora Música, esta foi “uma oportunidade de abrir horizontes”. Para além do seu entusiasmo, refere que a oficina foi proveitosa para todos, uma vez que “foi uma forma de experimentar novas formas de fazer música”.
Noutro local e com outra arte, bem no coração de Leiria, o m|i|mo, museu da imagem em movimento foi o palco de outra oficina, com um resultado diferente. Como explicou Márcia de Jesus, do Serviço Educativo do m|i|mo, este museu centra-se precisamente em tudo o que esteja relacionado com a “imagem”, principalmente se estiver em movimento. Para além de uma vasta coleção, o museu promove também várias oficinas pedagógicas, algumas em parceria com a Monstra – Festival de Animação de Lisboa. Como afirmou Márcia, o propósito é “pôr em prática aquilo que é a temática do museu – uma forma mais ativa e mais participativa de visitar o museu”.
A oficina “Anima-te! Oficina de Cinema de Animação”, desenvolvida pelo Prof. Paulo Simões, permitiu que os participantes, em pequenas equipas, desenhassem e desenvolvessem a sua própria animação, com cerca de 1 segundo de duração. Apesar de parecer pouco tempo, são necessárias pelo menos 12 imagens para completar esse único segundo, pelo que o trabalho é mais complexo do que pode aparentar.
“Nunca tinha feito nada deste género, mas estou a gostar muito de fazer coisas que nunca fiz, como, por exemplo, animação”, contou-nos Pedro, de 17 anos. Foi uma experiência surpreendente para este e para todos os participantes, como testemunham as várias dedicatórias que trocaram nos cadernos de cada um.
A Arte e a Cultura estiveram em destaque ao longo desta Academia, que assim chega ao fim. Seguir-se-ão as férias para estes estudantes, mas a criatividade vai acompanhá-los sempre.