Esta encenação de Nuno Cardoso vai ter uma apresentação única, a 7 de dezembro, a partir das 21h00. Eis um espetáculo que propõe uma reflexão sobre a experiência da vida, sobre a passagem do tempo (ele por nós ou nós por ele?) e sobre a nossa capacidade para falhar (para falhar sempre melhor, como diria Beckett) em todas as frentes. Nesta história, um casal de amantes finge querer escapar ao que o espera, mas nenhum deles o faz verdadeiramente, muito pelo contrário. Um retrato cruel, lúcido e inteligente, que é de certa forma sobre todos nós, personagens contemporâneas de uma sociedade dita de “primeiro Mundo” repleta de zonas cinzentas e de ubiquidades morais. O ritmo dos diálogos, a sua absoluta economia de palavras e precisão da melopeia, traçam a fisionomia existencial de cinco seres a braços com os seus equívocos e com as mentiras que julgam ser necessário dizer a si próprios para conseguirem sobreviver.
Nascida em 1959, em França, Yasmina Reza estreou-se como dramaturga com apenas 19 anos. O seu primeiro êxito foi-lhe proporcionado pelo espetáculo 'Arte', cujo texto (traduzido para português por António Feio – também encenador e intérprete – foi levado à cena em 1998 no Teatro Nacional São João) lhe granjeou já dois prémios Molière. A sua peça 'O Deus da Carnificina' (publicada em 2007), tornada muito conhecida com a adaptação que Roman Polanski fez alguns anos depois para cinema, estreou em Paris em 2008, com Isabelle Huppert no papel principal.
Nuno Cardoso, de 46 anos, encenou já textos de autores tão diferentes como Sófocles, Shakespeare, Molière, Racine, Ibsen, ou os nossos contemporâneos Lars Norén, Sarah Kane, Marius von Mayenburg. É o atual director artístico do Teatro Nacional São João do Porto.