Durante o século XIX, em plena era da escravatura americana, um conjunto de pessoas decidiu ajudar os escravos e escravas do sul dos Estados Unidos da América a escapar para o norte, onde poderiam encontrar liberdade. A esta rede de contactos, casas e caminhos deu-se o nome de “Underground Railroad” [linha de comboio subterrânea] – uma denominação metafórica que colocava em destaque o seu carácter secreto. Estima-se que, entre 1810 e 1862, esta rede tenha ajudado mais de 100 mil afro-americanos a alcançar a liberdade.
Em 2016, o autor norte-americano Colson Whitehead publicou um romance de ficção histórica que dá corpo a um sistema de caminhos de ferro subterrâneo literal. O enredo acompanha Cora, uma escrava de uma plantação no estado da Geórgia, no sul dos Estados Unidos da América, que encontra esta estrutura imaginada. O romance venceu várias distinções, como o Prémio Pulitzer de 2017, o National Book Award For Fiction de 2016 e ainda o Arthut C. Clarke Award.
Foi a partir desta obra que o realizador Barry Jenkins criou a minissérie com o mesmo nome, que estreou, no dia 14 de maio, na Amazon Prime Video. No total, a série terá 10 horas de duração. “Foi a coisa mais difícil que já criei”, contou o realizador à IndieWire, explicando que a dificuldade não era física, mas sim emocional: “Nunca chorei durante nenhum trabalho que fiz. Neste caso, uma vez de quinze em quinze dias […] tinha de sair do estúdio durante 10 ou 15 minutos”.
Sabias que…
O realizador Barry Jenkins venceu os Oscares de Melhor Realizador e de Melhor Argumento Adaptado, em 2017, graças a Moonlight. Baseado na autobiografia de Tarell Avin McCraney, o filme conta a história de um protagonista durante três fases da vida (infância, adolescência e vida adulta), explorando temas como sexualidade e identidade.
De acordo com a revista Empire, a série promete “recentrar e recontextualizar a narrativa sobre escravatura no ecrã”. De resto, em entrevista a esta publicação, Barry Jenkins deu a entender que esse seria um dos objetivos da série: “Há uma voz com o volume elevado e que é bastante proeminente […]. É altura para que esta outra voz alcance o mesmo nível”.