Em 2016, foi o gosto pela dança que levou Constanza Ariza a começar a partilhar vídeos na plataforma TikTok (então Musical.ly). Quatro anos depois, conta com quase 600 mil seguidores. À FORUM, a estudante de 19 anos explica as principais características desta rede social e deixa algumas dicas para quem quiser aumentar o alcance das suas partilhas na plataforma. 


O que é que te levou até ao TikTok? 
Desde pequenina que adoro dançar. É a minha paixão. Quando descobri esta aplicação – que inclui música e dança – não pensei duas vezes. E já há quatro anos, desde os meus quinze, que faço vídeos para o TikTok.

Pelo caminho, ganhaste quase 600 mil seguidores. Qual é a tua explicação?
No meu caso, foi um crescimento muito natural. Fui fazendo os meus vídeos e melhorando equipamentos: adquiri uma ring light [sistema de iluminação], um telemóvel melhor e esforcei-me para ter melhores vídeos. Pouco a pouco, sendo ativa e constante, fui crescendo e tendo mais seguidores.

 

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A evolução do teu número de seguidores acompanhou também o crescimento da popularidade do TikTok em Portugal. Consegues identificar uma razão para este crescimento, especialmente junto dos jovens?
Penso que a "explosão" do TikTok explica-se pelo facto de a aplicação incluir vídeos curtos e espontâneos. São vídeos onde as pessoas podem colocar, literalmente, o que quiserem e aquilo com que mais se identificam. É uma plataforma onde não há tanta "preparação", quando comparada com redes sociais como o Instagram, por exemplo. O TikTok permite que as pessoas possam "viralizar" um vídeo mais espontâneo ou natural, que faça parte do seu dia a dia.

Pensas que a criatividade também tem um papel importante?
Sim. Os vídeos com ideias originais são os que ganham maior divulgação. Podem ser vídeos de dança, comédia, pessoas a cantar ou a contar piadas. O TikTok tem espaço para toda a gente.

 

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Normalmente, há uma associação do TikTok com a dança ou coreografias. Quer dizer que o TikTok não passa só por essa vertente?
Existem mais coisas, embora seja verdade que a dança é a vertente mais conhecida. Mas há pessoas que colocam projetos de arquitectura, há enfermeiras que partilham o seu trabalho... Cada pessoa publica o conteúdo que faz parte da sua vida.

Criatividade e originalidade são princípios importantes, assim sendo. Há outras dicas que possas partilhar?
Para além de ser criativo ou original, é importante fazer os vídeos na vertical, com 15 segundos de duração, ter bons equipamentos e boa luz, partilhar logo no dia... Também é importante fazer as trends, ou seja, participar e aderir ao que o TikTok oferece, por exemplo, utilizando as músicas que a plataforma aconselha. Poderá ser importante evitar imitar ou copiar apenas. Podemos inspirar-nos e pegar numa ideia, mas devemos trabalhá-la nós próprios e colocar qualquer coisa nova, da nossa imaginação. Os vídeos que tiverem uma componente original, vão ter mais visualizações. 

 

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Hoje em dia, com meio milhão de seguidores, já sentes o impacto no teu dia a dia? De que forma?
Sinto. E os meus pais também começaram a sentir (risos). Quando vou ao shopping ou a lugares públicos com os meus pais, há pessoas a pedir-me para tirar fotografias ou para fazer coreografias para a aplicação. Há pouco tempo, por exemplo, fui a um evento de voluntariado em Alcanena e a filha da Presidente da Câmara já me conhecia (risos). Há sempre uma ligação, há sempre alguém que me conhece. Isso é muito bom e sinto cada vez mais.



«Penso que uma das coisas que une muito os jovens [em torno do TikTok] é o facto de sentirem que estamos lá todos juntos, a partilhar o nosso dia a dia, a fazer as nossas
danças, a contar piadas, a cantar...»
 


 

Normalmente, diz-se que os mais jovens procuram novas redes onde "os pais ainda não tenham chegado". Achas que a popularidade do TikTok se deve também ao facto dos jovens sentirem que esta é uma rede onde estão sobretudo jovens?
Como disse, há espaço para todos no TikTok, para todas as idades. Conheço muitas pessoas que fazem vídeos com os pais ou com a família, por exemplo. Mas penso que uma das coisas que une muito os jovens é o facto de sentirem que estamos lá todos juntos, a partilhar o nosso dia a dia, a fazer as nossas danças, a contar piadas, a cantar... É uma rede jovem, mas isso poderá estar a mudar [com o crescimento da popularidade].

Como é que sentes que o TikTok vai evoluir no futuro?
Penso que a evolução vai ser positiva. O TikTok é uma aplicação rápida e espontânea, onde qualquer pessoa pode transmitir uma mensagem e ela ser muito facilmente divulgada. Por vezes, não é por teres muitos ou poucos seguidores que o teu vídeo não vai ficar viral ou que não vais ter repercurssão. E isto aplica-se também para fins de publicidade e marketing, por exemplo.

 

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Tu sentes-te uma TikTokker profissional? Sentes que poderá ser a tua profissão, no futuro?
Eu sempre tive a opinião que a profissão de influencer, seja TikTokker, Instagrammer, tem um limite. Isto porque nem tudo é para sempre, nós envelhecemos, as coisas mudam, podem aparecer novas aplicações. Considero-me uma TikTokker, tenho uma conta verificada e faço isto há muito tempo, mas não o considero o meu trabalho. É o meu hobby, ganho dinheiro e tenho vários trabalhos relacionados, mas a minha prioridade vai ser sempre o meu curso que é Medicina Dentária.



"Acho que é muito importante continuar os estudos e entrar no Ensino Superior. Torna-nos pessoas mais cultas e ensina-nos a lidar com outros aspetos da nossa vida (...) Estudar
é também uma forma de nos protegermos".
Constanza Ariza


 

Imaginas-te a ser Profissional de Medicina Dentária no futuro, assim sendo...
Sim. E da mesma forma que me imagino como médica dentista, imagino-me a ser TikTokker e a fazer coreografias com os meus pacientes (risos). A dança é a minha paixão e conseguir ter as duas coisas, ter estes dois mundos, é muito bom. Por um lado, a minha prioridade, os meus estudos. Por outro, o meu hobby, a dança e a aplicação.

Algumas pessoas, na tua situação, poderiam apostar mais no seu trabalho de influencer. O que pensas que ganhas em fazer do estudo a prioridade?
Por vezes, fazeres do teu hobby o teu trabalho, faz com que o sintas quase com uma obrigação. Eu faço isto por inspiração e gosto, enquanto vejo o meu curso como forma de ter o trabalho que quero, no futuro. Acho que é muito importante continuar os estudos e entrar no Ensino Superior. Torna-nos pessoas mais cultas e ensina-nos a lidar com outros aspetos da nossa vida. Inclusivamente com redes sociais como o TikTok. Estudar é também uma forma de nos protegermos. Os influencers podem estar mais associados a uma imagem plástica, de pessoas que não estudam ou "não fazem nada". Os meus pais costumam dizer-me que eu consigo transmitir que há tempo para tudo: dá para fazer um curso superior e continuar a trabalhar a nossa paixão.