Bárbara Bandeira participou aos 8 anos num programa de talentos e tem, desde então, “um chão de estrelas pela frente”. Hoje, aos 21 anos, soma vários sucessos musicais e, depois do recente lançamento do single “Como Tu” com Ivandro, prepara o lançamento seu primeiro Álbum. Em entrevista à FORUM, a cantora diz estar a viver uma nova fase e a descobrir-se musicalmente, com uma certeza: “A música é tudo aquilo que quero ter para o resto da vida”.
 


Como nasceu a música Como Tu

A Como Tu nasceu, basicamente, sem querer. Eu e o Ivandro fomos convidados para um writing camp [um estúdio onde artistas criam várias músicas] e estávamos na mesma sala, quando eu pedi uns acordes a um guitarrista. Comecei a cantar o refrão e o Ivandro começou também a escrever. Olhámos um para o outro, ele disse “eu vou fazer um verso” e eu disse “vamos fazer feat”.  E ele aceitou.

Estás há 3 anos a preparar um novo álbum. O que falta para sair? 

Eu já tive dois álbuns prontos na mão, só que falta-me estar 100% satisfeita com aquilo que vou lançar. Sinto que estou muito perfecionista porque, no fundo, ainda não lancei um álbum. Já lancei um EP, alguns singles, mas para mim o álbum é um marco muito importante na minha carreira. E como tal, gostava de estar totalmente confiante e orgulhosa daquilo que vou lançar. Mas hoje já estou muito mais perto do que pretendo do que estava há dois anos.

 

 

 

Portanto, contamos com o lançamento ainda este ano? 

Contamos com eu entregar o álbum ainda este ano e o lançamento no início do próximo ano.

Construíste a tua personalidade, em parte, publicamente. Sentes que é difícil encontrares-te perante o olhar constante do público? 

Eu sempre estive habituada a essa exposição pública por causa do meu pai. Ter uma vida totalmente anónima nem é natural para mim. Há coisas boas e coisas más e eu acho que o mais difícil para mim foi ter crescido aos olhos de toda a gente. Ou seja, as pessoas viram as minhas melhores e piores fases, as minhas coisas mais constrangedoras – toda aquela fase da puberdade –, e isso é que é mais difícil, mas não necessariamente mau.

 

 

 

O que é música para ti? 

A música é o meu destino. Isto foi muito profundo, mas é verdade. A música é basicamente tudo aquilo que eu tenho, tudo aquilo que quero ter para o resto da vida, e é uma necessidade. Mesmo que eu não pudesse exercer música, viver da música, a música estaria presente na minha vida porque eu preciso disso.

Qual é para ti o melhor “palco”? 

Às vezes, o melhor palco é a nossa casa, para os nossos amigos. Não são necessariamente os maiores palcos, com milhares de pessoas à frente. Eu, pelo menos, fico sempre mais nervosa quando canto para amigos ou para família, porque é muito importante a aprovação daqueles que nós amamos. 

 


«As pessoas viram as minhas melhores e piores fases, as minhas coisas mais constrangedoras e isso é que é mais difícil»

 

Quando percebeste que querias mesmo ser cantora? 

Até aos 8 anos, dizia que queria ser veterinária. Eu acho que normalizei muito a profissão de cantora, porque o meu pai era cantor. Para mim, ser cantora era como ser médica ou veterinária. Não sei em que momento me apercebi, mas desde os 8 anos é descabido pensar em fazer outra coisa que não isto. A certa altura, percebi: “eu nasci para isto, eu tenho jeito para isto, esta é a minha vocação, é o meu destino’”. 

Foste, recentemente, mentora no programa "The Voice Gerações". Como foi a experiência? 

Gostei muito. Acho que era uma coisa que tinha de acontecer, inevitavelmente, depois de eu ter participado e de as coisas me terem corrido bem. Era um marco importante para mim.

 

 

 

 

Achas que foi diferente para ti por já teres passado pelo papel de concorrente? 

Acho que é mais fácil compreender o que eles estão a passar. É importante eu ter passado por isso, para poder compreender e aconselhar da melhor forma. E por isso é que adorei estar no The Voice este ano. 

Estás novamente nomeada para os Globos de Ouro, agora com a Onde Vais para o prémio de Melhor Música. Esse reconhecimento é importante para ti? 

Em 2018, ganhar o Globo de Prémio Revelação foi importante para mim, por ser a entrega de prémios que temos em Portugal com maior relevância, para que as pessoas me começassem a levar mais a sério. Neste momento, com tudo aquilo que a Onde Vais conseguiu e a maneira como chegou às pessoas, eu sinto que nem eu, nem a Carminho, nem a Onde Vais precisamos deste prémio. Mas se acontecer, e acabarmos por ganhar, é a demonstração de que fizemos as coisas bem e ficaria muito feliz e honrada. 

 


«[...] há uma frase que a minha bisavó do Brasil me disse uma vez. Quanto eu tinha eu uns 6 ou 7 anos, ela disse-me “Tens um chão de estrelas pela frente”. Isso ficou comigo para sempre»

Disseste, numa entrevista passada, que os teus fãs são como amigos para ti. Existe essa ligação tão estreita? 

Sim, existe mesmo. Por exemplo, eu tenho um grupo em Lisboa e outro no Porto que vão sempre aos concertos. Elas estão sempre comigo e, como são praticamente da minha idade, acabamos por desenvolver relações mais pessoais. Muitas delas sabem muita coisa sobre a minha vida, já me conhecem a um nível em que sabem quando estou bem e quando estou mal, e isso permite-me pedir-lhes conselhos. Eu gosto de lhes pedir opiniões, porque confio na opinião delas.

Quem é a tua maior inspiração? 

São muitas. Eu sinto que tenho bebido um bocadinho de muita coisa. Tenho conhecido artistas inacreditáveis e os meus melhores amigos são artistas também, como o Bernardo e a Carolina.  

 

 

 

Qual é a tua memória mais feliz? 

Provavelmente, os momentos com o meu irmão. Quando éramos muito pequeninos, éramos inseparáveis. Fazíamos teatro musical para os meus avós. Foi uma fase muito feliz da minha vida porque não existiam as preocupações que existem hoje e era tudo muito mais simples.

O que podemos esperar para os próximos tempos? 

Podemos esperar um álbum, podemos esperar mais singles, podemos esperar uma nova fase. Eu sinto que a Onde Vais começou uma nova fase da minha vida. Tive as fases de ser uma menina, uma miúda, uma pré-adolescente, uma adolescente e sinto que, agora, estou mesmo na minha fase adulta. 

A que se deve esta nova fase?

Ao meu desenvolvimento enquanto mulher. Esta transição de menina para mulher está a acontecer de forma natural, à medida que eu vou crescendo e me vou descobrindo musicalmente. Isso é uma coisa que me tem entusiasmado muito, sentir que estou a encontrar a minha praia, a perceber o que eu quero realmente fazer e o que sou boa a fazer.

Houve alguma frase que, ao longo do tempo, repetiste para ti mesma? 

Não houve nenhuma frase que tivesse repetido para mim mesma, mas há uma frase que a minha bisavó do Brasil me disse uma vez. Quanto eu tinha eu uns 6 ou 7 anos, ela disse-me “Tens um chão de estrelas pela frente”. Isso ficou comigo para sempre.