Em entrevista à FORUM, Inês partilha detalhes sobre a sua carreira e evolução, sem esquecer a experiência no ensino superior.
Lançaste o livro “Hey, tu consegues!”, no ano passado. Como é que descreves este projeto e o que é que ele representa para ti?
Foi um projeto muito importante. Acho que foi das coisas que mais gostei de fazer, principalmente depois de saber o resultado. Saber como a mensagem foi recebida pelas pessoas, pelas pessoas que leram e compraram, foi especial. Tal como saber que estava a ajudar pessoas. Apesar de não me conhecerem pessoalmente, eu tinha um papel importante na vida delas, consegui mudar alguma coisa. Por isso, foi tudo muito bom, foi mesmo das melhores coisas que podia ter feito.
Começaste a escrever quando tinhas 16 anos, não é?
Pois foi! Foi um processo demorado – não é uma coisa que se faça de um dia para o outro. E eu queria que fosse uma mensagem, não queria apenas contar a minha história, não queria que fosse só imagens e coisas fofinhas. Queria mesmo marcar algo.
E qual é a mensagem que queres transmitir?
Na verdade, são imensas mensagens, de todas as áreas da minha vida. Desde a parte da Escola, aos momentos difíceis que passei no colégio e da adolescência. Acaba por ser uma mensagem geral – sermos nós próprios. E toda aquela mensagem positiva que eu costumo passar nas minhas redes sociais e também pequenos conselhos. Acabo por ter pequenas mensagens de força e motivação, por coisas que já passei e que acabam por ajudar os outros.
Descreveste-te, no passado, como uma “miúda tímida”. Como é que alguém com essa timidez se consegue expor nas redes sociais e num livro desta forma, contando as histórias relativas à sua vida pessoal?
Eu sempre fui tímida. Tinha muito medo do confronto com as pessoas. Em casa, fazia espetáculos e essas coisas todas. Mas, quando estava com pessoas que não conhecia, na escola e isso, tinha medo de falar, medo de como as coisas iam sair. Acho que o que me ajudou foram mesmo as redes sociais, porque eu sempre gostei de fazer vídeos e de falar sozinha e eu não sentia que tinha alguém a ver. Depois de ganhar essa exposição, de fazer trabalhos como modelo em que tinha que me fotografar, fazer coisas com o público e ter contacto com o público, foram aumentando a minha capacidade para estar mais à vontade. Agora não tenho vergonha em nada, por isso, foi uma mudança muito positiva na minha vida.
E qual é o feedback das pessoas que leem o teu livro, que consomem o teu conteúdo nas redes sociais?
Essa é a parte que referi, a parte que me deixa mais feliz. Até mensagens de mães, a dizerem-me que a minha filha não gostava de livros e leu o meu livro. E que isso mudou muita coisa na vida dela, que agora está mais dedicada na escola. Recebo muitas mensagens de mães, de meninas que tinham dislexia ou algum problema de atenção e que se começaram a dedicar mais à escola. Ou que começaram a confiar mais nelas próprias. Receber esses feedbacks é muito bom.
"Ouvir algum comentário desagradável anula todas as outras coisas boas que acontecem.
Eu acho que isso acontece a toda a gente. Parece que as coisas negativas têm sempre mais impacto"
Nunca sentiste receio da responsabilidade de, sendo tão nova, de repente teres um grande impacto em quem te segue e noutros jovens?
Não costumo pensar muito nisso. Eu só penso em ser eu e não pensar muito ao dizer as coisas. Sai-me de uma forma natural, é como se estivesse a ajudar amigos. Não tenho noção do impacto, mas saber que tenho é mesmo muito bom. É óbvio que tenho esta responsabilidade, mas não é uma coisa que eu faça de propósito. Não me assusta, também porque sei que não vou fazer nada de mal, de influenciar da mesma forma, negativa a ninguém.
No teu livro, também falas de bullying. Sofreste bullying enquanto estavas na escola?
Sim. Foi no momento em que comecei a ter mais exposição nas redes sociais e recebi hate. Até agora, não me aconteceu nada, a não ser mensagens más ou comentários desagradáveis. Foi durante o meu tempo na Escola e acho que foi isso que me magoou mais. Andei no colégio desde os 3 anos e nunca pensei que fosse acontecer com pessoas que conhecia desde sempre, num sítio que era a minha casa, mas a verdade é que aconteceu. Foi uma fase mesmo difícil, em que queria sair do colégio e tudo. Foi preciso para eu ter força. Compreendi que, no fundo, ninguém é perfeito, mas mesmo que fosse, haveria sempre pessoas que não iam gostar de mim. E que eu não podia mudar nada e que não era preciso ficar tão afetada com a opinião das pessoas. Às vezes, posso receber 1000 mensagens num dia, mensagens positivas, 1000 comentários bons. Mas chegar ao colégio e ouvir algum comentário desagradável anula todas as outras coisas boas que acontecem. Eu acho que isso acontece a toda a gente. Parece que as coisas negativas têm sempre mais impacto.
Já terminaste o ensino secundário e agora estás no Ensino Superior. Como é que está a correr esta nova experiencia?
É uma grande mudança. Estive sempre no colégio, era a minha “bolhinha”, conhecia toda a gente, os professores. O colégio era grande, mas não em comparação com a faculdade. E o ensino, no ensino superior, tem muito mais liberdade. Foi uma mudança enorme, mas a melhor coisa que podia ter acontecido. Nunca tive medo da mudança. Estava até ansiosa por mudar, gosto tanto de mudar. Apesar de ter ficado triste por deixar um sítio tão importante para mim, pensei: “vou fazer a minha primeira mudança, vou começar tudo do zero, conhecer pessoas novas”. Fui sem ninguém, não conhecia uma única pessoa, mas foi mesmo incrível – logo no primeiro dia, fiquei com imensos amigos e não custou nada, foi a melhor coisa de sempre. Estou mesmo feliz! Estou a adorar as cadeiras todas, o ambiente…
Foi uma mudança enorme, mas a melhor coisa que podia ter acontecido. Nunca tive medo da mudança
Sempre quiseste um curso na área da Comunicação?
Mais ou menos, houve uma altura que estava indecisa. A minha mãe é advogada e achava uma profissão interessante. Também gostava muito de psicologia, mas não dava para fugir desta parte da comunicação, de que gosto e sempre gostei. Está relacionado com este trabalho que já tenho, no fundo, eu sabia que era a área de que gostava mais. Por agora, estou a adorar, eu estou a gostar de tudo. Como é uma área que eu gosto, não custa tanto.
Como é que fazes a gestão entre a faculdade e a tua vida pessoal e profissional, que inclui a parte das redes sociais e o trabalho de modelo?
Tenho de gerir muito bem o meu tempo. No caso dos trabalhos da faculdade, quando às vezes faltam 2 semanas para entregar, o pessoal pensa: “fazemos para a semana”. E eu penso “não, vamos começar já hoje”. Tenho que ir fazendo as coisas logo, logo que elas surgem, não posso deixar acumular. Caso contrário, depois é um stress enorme para mim: as marcas também têm prazos, por isso, tenho de fazer as coisas logo que me surja um tempinho. Mas às vezes é muito complicado, convidam-me para fazer alguma coisa e eu não posso, por exemplo. Por vezes, é um bocado chato, mas é o que mais gosto de fazer, por isso, não mudava nada, gosto mesmo destas coisas. Estou a conseguir fazer tudo direitinho, espero que no 2.º ano também seja assim.
O que é que tu fazes quando tens tempo livre e que estás mais desligada de tudo o resto? Consegues desligar um pouco do vínculo das redes sociais?
Como o meu conteúdo é sobre coisas que eu faço – por exemplo coisas sobre jogos ou ginásio – acabo por estar sempre ligada. Mas, ao mesmo tempo, não é uma coisa que faça por obrigação. Se um dia não me estiver a apetecer, eu não vou fazer, não sinto essa obrigação de ter que estar sempre lá [online] e consigo obviamente desligar e fazer as minhas coisas. Gosto de ver séries e amo ir passear, almoçar fora com a minha família. Estamos sempre a dar passeios e fazer coisas todos juntos.
Tenho de gerir muito bem o meu tempo.
No caso dos trabalhos da faculdade, quando às vezes faltam 2 semanas para entregar,
o pessoal pensa: “fazemos para a semana”. E eu penso “não, vamos começar já hoje”
Aos 16 anos, criaste a marca de roupa “It Smile”. Ainda existe?
Eu estou muito desligada dessa parte. Nessa altura, estava com alguns projetos como o livro e não conseguia fazer tudo ao mesmo tempo. Depois, apareceu a faculdade e acabam por ser muitos projetos ao mesmo tempo. Mas é uma coisa que quero trazer muito em breve, porque essa parte da moda é das coisas que eu gosto mais. Queria lançar coisas novas, agora no verão quero pôr a minha cabeça a pensar e a ver se surgem algumas coisas giras para fazer. A “It Smile” ainda existe mas anda muito inativa, já não saem coisas à muito tempo.
Falando dos teus maiores palcos, que são as redes sociais. Entraste no Tik Tok um bocadinho por brincadeira com amigas. Quando é que achas que deixou de ser uma brincadeira e se tornou mais sério?
O que aconteceu não foi planeado. Quando comecei a gravar vídeos, ainda era muito envergonhada, só publicava com amigas e mesmo os que fazia sozinha, guardava só para mim, não tinha coragem de publicar. Na altura, utilizávamos o Musical.ly [plataforma que daria origem ao Tik Tok]. Na altura, havia muito conteúdo brasileiro, em que faziam transições de roupa e trocavam 1000 vezes de acessórios. Comecei a seguir imensas pessoas brasileiras na altura e consegui fazer as minhas coisas. Quando dei por mim, as pessoas estavam a reagir, a fazer like e a pedir mais. Comecei a ganhar coragem para publicar os meus vídeos. Depois, começaram a chegar pessoas, fui passando para o instagram.
A tua rede social preferida neste momento é o Instagram, que é onde partilhas tudo…
É! Também gosto de publicar no YouTube, só que é uma coisa que dá muito mais trabalho. Tenho gravado, mas não tenho publicado há imenso tempo no Youtube, nesta altura de faculdade, é difícil para mim gerir tudo. O Instagram é um Youtube sem edição, nos stories gravo o meu dia, sem ter que editar nada e publico na hora. Consegue ser uma coisa muito mais direta, é uma coisa que as pessoas conseguem ver, como se estivessem lá comigo, para acompanhar o meu dia. Consigo fazer lives, os vídeos, os reels, as fotografias – é a aplicação que eu acho mais completa e é a minha rede social favorita. Apesar de ter muito mais gente no Tik Tok, sinto que as pessoas me acompanham mais lá no Instagram. Há uma relação mais próxima no Instagram.
Sobre uma relação próxima com os teus seguidores, gostas de fazer meet and greets?
Sim, adoro! É a melhor parte: o contacto com as pessoas. Às vezes, quando estamos a falar com o telemóvel, aparecem lá os números, mas não conseguimos imaginar 10 mil pessoas à nossa frente. É por isso que gosto de meet and greets, quando as pessoas me encontram, eu fico a falar com elas, não é só “olha, posso tirar uma foto e vou-me embora”. Eu gosto de falar, de saber, de ter essa relação próxima com toda a gente. Sinto que é como se fosse uma amizade e que são pessoas que estou a ajudar. Falo como se fossem minhas amigas. Quando estou a fazer live, faço esse vídeo como se fosse um facetime.