Os olhos estão postos em Neemias Esdras Barbosa Queta, um rapaz de 21 anos, criado no Vale da Amoreira (Barreiro) mas que agora vive “o sonho americano” de um dia vir a jogar na NBA. Em entrevista exclusiva, este estudante de Jornalismo conta-nos quantos passos deu, com e sem a bola, para ali chegar. Biblicamente, Neemias e Esdras significam “confortado por Deus” e “aquele que ajuda”, respetivamente. Porém, nos nossos dias, são o nome de uma jovem promessa do campeonato universitário norte-americano de basquetebol, alinhando na equipa Utah State Aggies.


 

Como surgiu a oportunidade de ires estudar para os EUA? Conseguires a bolsa universitária através da Next Level Sports Portugal foi um processo complicado?
Surgiu através de um bom Europeu de Sub 18 em 2017, no qual tive exibições de bom nível. Os treinadores universitários acharam que eu poderia ser uma mais-valia para as suas equipas e desde essa altura começaram a recrutar-me. 

Alguma vez sonhaste estudar/jogar no estrangeiro?
Sinceramente, nunca tinha sequer posto esta opção como uma efetiva possibilidade antes desse Europeu. Mas, como todos os jogadores de basquetebol, já sonhava marcar um triplo no último segundo para ganhar uma final do March Madness [fase final do Torneio de Basquetebol Universitário norte-americano] ou no game 7 da NBA finals [jogo de desempate numa série de 7 dos playoffs da NBA].

 

Melhores momentos de Neemias Queta nos Utah State (Fonte: Canal do YouTube Stadium).

 

Quando é que o desporto em geral e o basquetebol em particular entraram na tua vida?

Tinha eu 10 anos quando experimentei o basquetebol pela primeira vez e desde então nunca mais larguei. Tenho 19 anos: quase metade da minha vida foi passada com basquetebol presente.

Tem sido muito difícil conciliar os estudos com a prática desportiva?
Tem sido difícil. Se já é complicado estudar e ter boas notas, imagine-se o que é conciliar os estudos com basquetebol a este nível, em que se viaja quase todas as semanas para jogar. Como se não fosse já suficientemente difícil, é a primeira vez que estou noutro país sozinho e longe da minha família, tornando tudo muito mais complicado.

 

 

Achas que os estudantes desportistas deveriam ter mais apoios/regalias em Portugal?
Aho que em Portugal os desportistas deveriam ter mais privilégios, mas quem sou eu para ter matéria sobre este assunto?

Como é o teu dia a dia aí nos EUA?
Há dias que parecem nunca mais acabar. Com tanto trabalho que faço ¬- treinos, hipertrofia, recuperação, tratamento, aulas, explicações, trabalhos de casa -, quando dou conta já é de noite e tenho de ir dormir porque há que repetir isto tudo no dia seguinte. 

Como foste recebido? A adaptação foi fácil?
Fui recebido de forma excelente. Toda a gente tenta ajudar-me no que pode para que não me sinta tão afastado da minha família e amigos. Foi difícil de me adaptar mas acho que já estou bem integrado.

 


 

O teu desempenho aí está a ser seguido atentamente... há grandes expetativas que entres na NBA, tornando-te o primeiro português a conseguir tal. Sentes essa pressão?
Sempre sonhei em lá chegar e sei que tenho essa possibilidade. Mas a verdade é que ainda não estou lá. Não sinto qualquer pressão para lá chegar porque só sou mais um jogador português a jogar basquetebol na NCAA.

Quais são as tuas metas/objetivos? Quanto tempo vais ficar aí?
O meu objetivo é chegar à NBA, não me preocupa o tempo que fique aqui. Por muito que goste do Utah State, eu vim para aqui com este objetivo e espero vir a atingi-lo.

 


«Trabalhem muito quando ninguém está a ver para que quando estiverem a ser observados possam triunfar»
Neemias Queta




Tens saudades de Portugal? Do quê exatamente?
Da comida, da praia, da família, dos amigos, da minha casa, do meu bairro… podia continuar a enumerar até amanhã.

Que conselhos dás a quem sonhe obter uma bolsa desportiva no estrangeiro?
Trabalhem muito quando ninguém está a ver para que quando estiverem a ser observados possam triunfar.