Definidas como atividades sem caráter obrigatório, realizadas de forma paralela e simultânea às atividades escolares, as atividades extracurriculares estão associadas, conforme explica a investigadora Anabela da Cunha, a um maior “ajustamento emocional, nomeadamente maior autoestima e menos depressão”. Outros estudos apontam ainda outros benefícios associados a esta prática: menor abandono escolar, desenvolvimento de competências transversais, menores comportamentos de risco e melhor capacidade de socialização.

Os estudos do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), da autoria da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), também confirmam o efeito positivo destas atividades no desempenho dos alunos. Ao longo dos diversos países da OCDE, “o tipo e a oferta de atividades extracurriculares varia bastante, mas a sua ligação com um melhor desempenho dos alunos é constante”, pode ler-se num relatório do PISA.

 

As razões para fazer atividades extracurriculares

 

Um dos pontos chave está mesmo no desenvolvimento capacidades que poderão ser essenciais no futuro. Aptidões como sentido de responsabilidade, resolução de problemas ou capacidade de gestão e organização serão algumas das competências reforçadas. Isto sem esquecer os benefícios físicos associados à realização de uma atividade, mesmo que não seja obrigatoriamente desportiva, nomeadamente no combate aos sintomas de ansiedade.

Tal como recorda a OCDE, a variedade de escolhas no campo das atividades extracurriculares é imensa, sendo que alguns autores as dividem em: Atividades Sociais, Desporto, Artes Performativas, Atividades da Escola e Clubes Académicos. Muitas escolas possuem mesmo grupos ou clubes dedicados a áreas como Teatro, Leitura, Jornalismo ou Desporto. O primeiro passo é identificares a tua vocação ou uma área que consideres interessante. A partir daí, o importante é experimentar.

 

As razões para fazer atividades extracurriculares

 

 

O que pensa quem faz?


Filipe Repolho tem 17 anos e é aluno do curso profissional de Técnico de Comunicação Marketing e Relações Públicas. Mas é também muito mais do que isso: é atleta de Badminton e membro do Parlamento Jovem. Participou, de igual forma, no Grupo de Leitura e na banda da sua antiga escola. “Começou tudo com a vontade de conhecer mais gente”, conta o estudante natural de Mira de Aire. Através das diferentes atividades, sublinha, sente que ganha “contactos e conhecimento em diferentes áreas” que o tornam “mais versátil”.

A mesma ideia é partilhada por Teresa Silvestre, estudante de 17 anos, da Escola Secundária de Arouca. “Participar em atividades variadas, em ambientes diferentes, faz-nos crescer em vários sentidos”, conta, revelando que alia ao trabalho escolar atividades nos Escuteiros, na direção da Associação de Estudantes, no Parlamento Jovem e no Clube Interact de Arouca.


"Se estivermos apenas focados na Escola e formos
para casa, no final das aulas, isolar-nos do Mundo,
não conheceremos o Mundo que nos rodeia".

Teresa Salgueiro, estudante

 

Para Teresa, este crescimento é complementar ao ensino escolar. Através de atividades fora da sala de aula, é possível “aprender com as histórias que nos contam e olhar para a vida de outra forma”. O ponto chave, para Teresa, é o contacto com a realidade. “Se estivermos apenas focados na Escola e formos para casa, no final das aulas, isolar-nos do Mundo, não conheceremos o Mundo que nos rodeia”.

 

David Repolho

David Repolho realiza várias atividades fora da sala de aula: "Estas atividades abrem-nos a mentalidade". 

 

A agenda preenchida ajuda também do ponto de vista anímico e mental, destaca Filipe Repolho, nomeadamente com a expansão de horizontes: “Quando começamos a entrar nos grupos e clubes, percebemos que existem muito mais opções e coisas que desconhecíamos”. “Por essa razão, estas atividades abrem-nos também a mentalidade”, reforça.

Já para Teresa Silvestre, a motivação nasce da possibilidade de se sentir como agente de mudança. “A melhor coisa que retiro destas atividades é o sentimento de que podemos fazer a diferença. De alguma forma, a Escola não nos oferece isso, diretamente”.

 

“Quando começamos a entrar nos grupos e clubes,
percebemos que existem muito mais opções e coisas
que desconhecíamos. Por essa razão, as atividades
[extracurriculares] abrem-nos a mentalidade”

Filipe Repolho, 17 anos, estudante

 

Sobre os desafios de conjugar horários e trabalhos, Teresa revela que a ajuda estabelecer metas diárias ou semanais. “A chave está na organização”, sublinha. Por outro lado, há que saber “ser flexível e gerir a nossa presença nas atividades, dando prioridade a umas ou outras, consoante o momento” – “Estar focado é o mais importante”.

Filipe Repolho evidencia esse foco, quando questionado sobre os desafios de acumular várias atividades: “Se quisermos, conseguimos”. Ainda que seja habitual, conta, ouvir vozes que lhe dizem que a sobrecarga poderá levar à diminuição do rendimento. “Eu não concordo. Levantamo-nos mais cedo ou deitamo-nos mais tarde. Encontramos sempre tempo para aquilo que realmente queremos fazer”.