“Os alunos e professores estão com mais sintomas de depressão e ansiedade”. Esta é a principal conclusão do Observatório de Saúde Psicológica e Bem-Estar, após dois estudos realizados em 2022/2023. Os resultados desta investigação em que participaram mais de 8000 alunos e cerca de 1500 docentes foram partilhados pelo Jornal Público, em junho do ano passado.
Ao longo dos últimos anos, vários elementos têm sido apontados como influenciadores da saúde mental dos estudantes. Desde logo, a pressão do desempenho escolar poderá ser um fator. “A pressão de ter notas mais altas e de evitar más classificações são algumas das fontes de stress mais vezes apontadas por crianças e adolescentes”, escreve a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico, num dos seus relatórios, datado de 2022.
Também a eco-ansiedade ou ansiedade climática tem sido apontada como um dos fatores que influencia a saúde mental dos estudantes. Um estudo realizado por um dos centros de investigação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto estudou a ansiedade motivada pelas alterações climáticas e crises ambientais. A investigação conclui, no ensino superior, 1 em cada 10 alunos refere ter sintomas de ansiedade com elevada frequência, ou seja, “quase todos os dias ou em mais de metade dos dias”.
As 11 recomendações da Comissão Europeia para promover o bem-estar na Escola
1 – Criar um ambiente escolar positivo, com participação ativa e empoderamento dos alunos
2 – Integrar educação social e emocional nos currículos escolares
3 – Estimular a criação de parcerias colaborativas
4 – Integrar plenamente princípios de bem-estar na educação dos professores
5 – Fortalecer a capacidade dos líderes escolares para cuidarem do bem-estar na Escola
6 – Criar um ambiente escolar seguro para prevenir e responder a formas de violência
7 – Promover o bem-estar na era digital
8 – Defender direitos fundamentais como forma de proteger elementos centrais do bem-estar
9 – Oferecer oportunidade de desenvolvimento profissional contínuo aos educadores
10 – Dar prioridade à equidade, inclusão e diversidade
11 – Garantir o acesso a serviços de apoio para estudantes com necessidades ao nível da saúde mental
Orientações e guias
O tema da saúde mental nas escolas é abordado pela Direção-Geral de Educação, no seu site, ao partilhar “orientações para líderes escolares, docentes e decisores políticos”. Estas recomendações nasceram do trabalho realizado por “um grupo de peritos da Comissão Europeia” para a “melhoria de ambientes de aprendizagem e promoção do bem-estar e saúde mental na escola”.
“O bem-estar na escola é crucial para melhorar os resultados académicos, para o desenvolvimento psicológico harmonioso e para a integração social positiva dos alunos, bem como para a motivação e o desempenho dos professores”, acrescenta a DGE. O guia detalha um total de 11 recomendações que procuram cumprir objetivos como “aumentar a participação ativa e o empoderamento dos alunos”, “integra a educação emocional e social no currículo escolar” ou “dar prioridade à equidade, inclusão e diversidade”.
De igual forma, também a Unicef Portugal disponibilizou um conjunto de “orientações para a promoção da saúde mental no espaço escolar” para professores. “Os professores estão entre as pessoas mais influentes na vida dos jovens”, destaca a Unicef, detalhando no documento “Saúde Mental – a escola como lugar seguro” dez boas práticas como “garanta que os seus alunos se sentem ouvidos”, “facilite momentos de relação entre pares”, “promova a compreensão das emoções” ou “partilhe estratégias de gestão do stresse e da ansiedade”.
“A saúde mental e o bem-estar influenciam a forma como os estudantes se relacionam com eles mesmos e com os outros”, sublinha a Fundação José Neves, no seu site, enquadrando o “Guia para Pais e Professores: Como Apoiar a Saúde Mental e Bem-Estar dos Jovens?”. A publicação detalha estratégias, recursos e exemplos práticos para tentar cumprir esse objetivo. “Cada jovem enfrenta desafios próprios durante o seu desenvolvimento”, realçam os autores, antes de concluir: “Investir na saúde mental e no bem-estar dos adolescentes é um passo fundamental para que eles possam construir um futuro sólido e sustentável”.