Em tempos turbulentos como estes que vivemos, com a guerra na Ucrânia, é fundamental lembrar que a educação é um direito universal. E é a partir desse entendimento que a St. Dominic’s International School (SDIS), localizada no município de Cascais, decidiu criar um projeto de telescola para ajudar crianças e jovens ucranianos que foram privados do acesso à educação. Em parceria com a Câmara Municipal de Cascais e com a ajuda da Cáritas Internacional, esta iniciativa promete devolver o sentido de ambiente escolar e ajudar na integração de crianças e jovens até aos 18 anos.
As aulas, que vão decorrer em ucraniano e em inglês, contam com a ajuda voluntária de docentes e alunos do colégio e serão gravadas para que possam ser visualizadas através de uma plataforma digital mesmo em diferentes fusos horários. O projecto foi proposto pela administração da instituição, disponibilizando, por um lado, a experiência adquirida na área da educação à distância nos últimos dois anos de pandemia de Covid 19 e, por outro lado, fazendo valer as competências diferenciadas desta escola internacional, no domínio da inclusão e da multiculturalidade.
Com duração máxima de 1 hora, já com intervalo, as aulas vão abordar temas menos voltados para integração e valores sociais, bem com o ensino básico de línguas, principalmente, o português. “Estas crianças não estão em condições de estudar a matemática, história ou geografia. Necessitam, primeiramente, reaprender a ter esperança na vida, voltando ao ambiente escolar que lhes foi retirado. Pouco a pouco, com a interação social e o acolhimento proporcionado por estas aulas online, esperamos que vá reaparecendo a esperança de vida e de futuro”, afirmam os responsáveis do St. Dominic´s.
Noutra vertente, desta vez, em modo presencial, a St. Dominic’s está também a abrir as suas portas para alunos ucranianos que foram, ou estão a ser, integrados nas escolas públicas da região de Cascais através da criação de atividades extracurriculares. “Incluir e ensinar português para estrangeiros é algo que fazemos desde sempre. Neste sentido, temos todas as condições para dar apoio a estas crianças e jovens ucranianos, claro que direcionando o conteúdo de acordo com as idades”, explica o diretor do colégio, Stephen Blackburn. De notar que, segundo informações do Governo, no início de abril, já haviam sido inscritas nas escolas portuguesas mais de 2 mil crianças refugiadas ucranianas. A comunidade ucraniana, portanto, passa a ser a segunda maior residente em Portugal, apenas atrás do Brasil.
"Temos todas as condições para dar apoio a estas crianças e jovens ucranianos"
Sobre as dificuldades que poderão vir a ser sentidas na implementação deste projeto em ambas as vertentes, digital e presencial, além das diferenças linguísticas, há também o facto de lidar com crianças e jovens vítimas de uma guerra. “Crianças que tenham fugido de zonas menos problemáticas ou mesmo saído a tempo da eclosão da guerra, vão sentir alguma dificuldade com a língua. No entanto, para criancas que tenham vivenciado a guerra na pele, o maior obstáculo é mesmo o trauma, uma vez que uma coisa tão simples como ouvir o som de um avião pode deixá-las com o coração nas mãos”, conta a professora ucraniana Viktoriya Dubchak, que dá aulas de português na SDIS e ajudou a idealizar este projeto.
Para saberes mais clica aqui.