A notícia tem feito manchetes ao longo dos últimos dias. A primeira fase do concurso de acesso ao Ensino Superior registou uma diminuição de 12,1% nos candidatos colocados face aos resultados de 2024. No total, em 2025, 48.718 alunos candidataram-se ao Ensino Superior, uma diminuição significativa face aos 58.301 de 2024.

Os resultados foram divulgados pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) no domingo, dia 24 de agosto. Numa nota publicada no seu site, a DGES informa que, em média, 9 em cada 10 alunos foram colocados, sendo que, destes, cerca de 63% conseguiu vaga na primeira opção escolhida. 90,9% foram colocados numa das três primeiras escolhas realizadas. Sobram agora 11.514 vagas para a segunda fase do concurso. 

 

 

 

Os dados mostram também que a quebra nos institutos politécnicos foi mais elevada (a taxa de colocação nos institutos politécnicos ficou pelos 63%), com o interior do país a sofrer o maior impacto. A DGES revela, na sua nota informativa, que "o número de colocados em instituições localizadas em regiões com menor procura e menor pressão demográfica diminuiu 21,1%". 

 

As razões para a quebra

O semanário Expresso recorda que parte da explicação poderá ser socioeconómica, "havendo mais chumbos e desistências entre os alunos de famílias mais pobres". "Por outro lado, os mais privilegiados tendem a estar em maioria nos cursos superiores com notas de acesso mais elevadas", detalham. 

 


A primeira fase do concurso de acesso ao Ensino Superior registou uma diminuição de 12,1% nos candidatos colocados face aos resultados de 2024

 

As alterações ao modelo de acesso ao Ensino Superior podem também ter contribuído para estes resultados. "Alertámos a tutela de que ao exigir mais provas e aumentando o peso das provas específicas, ao mesmo tempo que reduz todo o histórico do secundário, estávamos a criar barreiras a um conjunto significativo de alunos",  destaca a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, numa nota publicada no site do CCISP. 

Os preços crescentes do alojamento são também vistos como uma das razões para esta quebra do número de colocados. Citado pela Renascençao presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Francisco Porto Fernandes, destaca como "o alojamento é um problema porque está a tornar o Ensino Superior, em vez de um instrumento de mobilidade social, um reprodutor das igualdades pré-existentes".

 

  

Os alunos colocados têm agora até quinta-feira, 28, para realizar a sua matrícula. Pelo terceiro ano consecutivo, informa a DGES, o calendário de colocações do concurso nacional de acesso foi antecipado para o final do mês de agosto, garantindo um período mínimo de 15 dias de intervalo entre a colocação da 1.ª fase e o início da atividade letiva.