Um quarto dos estudantes (25%) em Lisboa já ponderou abandonar os estudos por causa do custo de alojamento. Esta é a conclusão de um estudo realizado pela Federação Académica de Lisboa (FAL), respondido por cerca de 1131 estudantes de diversas instituições de ensino superior na cidade.
O mesmo estudo revela que 88% dos estudantes não bolseiros não se candidatou ao apoio complementar ao alojamento, maioritariamente por desconhecimento da medida (42%). A FAL, citada pela agência Lusa, afirma que os dados do inquérito ilustram a crescente pressão financeira sobre os estudantes e a falta de eficácia na divulgação e acessibilidade de apoios existentes.
“O país não pode permitir que jovens qualificados abandonem os seus estudos por falta de condições para viver na cidade onde estudam”
Pedro Neto Monteiro, presidente da Federação Académica de Lisboa
Além de não se candidatarem ao apoio por desconhecimento da medida, 37% dos estudantes não o fez porque os rendimentos do agregado familiar excediam os limites estipulados. Já 17% ficaram de fora por não terem um contrato de arrendamento ou recibos mensais.
Para o presidente da FAL, Pedro Neto Monteiro, “o alojamento estudantil transformou-se num dos maiores fatores de exclusão no Ensino Superior em Portugal”. “O país não pode permitir que jovens qualificados abandonem os seus estudos por falta de condições para viver na cidade onde estudam”, acrescentou ainda.
A ausência de contrato de arrendamento (43%) por parte dos estudantes deslocados é outro dos problemas identificados. 60% dos respondentes referem que a ausência do contrato resulta da recusa do senhorio, enquanto que 26% denunciam que o valor da renda aumentaria com a formalização do contrato.
Segundo a FAL, estes resultados são um alerta para os decisores políticos e para a sociedade. “A crise habitacional está a condicionar a democratização do acesso ao Ensino Superior e a comprometer o papel da educação como elevador social", lembra a associação.
Algumas das medidas exigidas pelos estudantes de forma a resolver o problema passam pelo aumento do número de camas pública, a criação de mecanismos simplificados e transparentes de apoio e a fiscalização do mercado de arrendamento.