A maioria dos estudantes universitários do Porto diz sentir um declínio na saúde mental com o início da época de exames. O inquérito, a que a Lusa teve acesso, foi realizado pela Federação Académica do Porto (FAP), entre os dias 3 e 7 de janeiro, e contou com a resposta de 1218 alunos.
Nove em cada dez estudantes do ensino superior do Porto revelou sentir um declínio no bem-estar psicológico com a aproximação da época de exames. O inquérito revela também que 79% dos estudantes inquiridos sente um “declínio significativo do seu bem-estar psicológico ao longo do primeiro semestre letivo”.
Em declarações à Lusa, o presidente da FAP, Francisco Fernandes, afirma que este inquérito reflete uma situação “alarmante”, que devia merecer “atenção” por parte do Governo e das instituições de ensino superior.
Para Francisco Fernandes “a saúde mental não pode ser discurso e depois ser normal os estudantes começarem os exames a 2 de janeiro ou terem três exames na mesma semana”. “Há falta de coerência entre o que se diz e o que se faz”, completou o dirigente associativo.
95% dos estudantes aponta a pressão no desempenho académico como a principal causa para o declínio do bem-estar psicológico. Outro motivo apontado por 45% dos alunos é a carga horária letiva, que consideram excessiva.
O inquérito revelou ainda que na percepção de 75% dos estudantes o declínio tem interferido nas atividades académicas, mas apenas três em cada dez conseguiu aceder a acompanhamento psicológico. Quatro em cada dez destes alunos revelou já ter pensado em abandonar ou interromper os estudos, sendo que 30% pensou ter ponderado interromper enquanto 10% ponderou abandonar de forma definitiva.