Os alunos que vêm de meios mais carenciados apresentam maior dificuldade em entrar nas universidades e politécnicos. Essa foi uma das conclusões do relatório "Higher Education in Portugal: Policies for Access and Success" apresentado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). divulgado nesta terça-feira.
De acordo com o documento, as condições socioeconómicas familiares não parecem ter impacto no desempenho dos estudantes no ensino superior, mas mesmo assim estas continuam a criar obstáculos na altura de seguir estudos superiores. O mesmo refere que, quando chegam ao ensino superior, os estudantes carenciados não ficam atrás dos restantes colegas.
Os dados do relatório apresentado pela OCDE, referentes ao ano letivo de 2023/2024, mostram que quase metade dos alunos que beneficiam de ação social escolar (ASE) seguiu para uma universidade ou politécnico depois de concluir o ensino secundário (48%). Um número abaixo dos 57% de alunos com rendimentos mais elevados que fizeram o mesmo caminho.
As desigualdades começam a notar-se ainda durante o ensino secundário, explica o documento. Como exemplo, é dado o caso de alunos de contextos mais favorecidos e que recorrem a explicações para melhorar o seu desempenho ou em jeito de preparação para os exames nacionais, um recurso ao qual os estudantes carenciados não conseguem ter acesso.
É no secundário que também se começam a notar diferenças nas expectativas dos estudantes que vêm de diferentes contextos socioeconómicos. Com 15 anos, 91% dos jovens de meios favorecidos esperam concluir o ensino superior. No caso dos alunos de origens menos favorecidas, são cerca de 56% aqueles que esperam completar o ensino superior.
O relatório da OCDE aponta ainda para as baixas taxas de transição dos alunos que seguem do ensino profissional para o ensino superior, que se situa nos 22%.
Podes consultar o relatório da OCDE aqui.