A Century 21 Portugal realizou o estudo" II Observatório da Habitação em Portugal", desta vez focado nos desafios que a habitação representa no processo de emancipação dos jovens. Neste estudo, “estar emancipado” refere-se, especificamente, ao facto de não viver na casa dos pais e dispor de autonomia para decidir a sua conduta. Atualmente, 59,3% dos jovens portugueses estão emancipados dos pais, um indicador um pouco superior no caso das mulheres (60,7%) do que no dos homens (57,8%). A emancipação dos jovens aumenta com a idade. Na faixa dos 18 aos 24 anos, 31,4% vivem fora da casa dos pais. Este número sobe para 67,9% nos que têm entre 25 e 29 anos, e atinge os 81,2% nos jovens com mais de 30 anos.
Como vivem os jovens?
Os jovens portugueses, entre os 18 e os 34 anos, vivem maioritariamente em casal (36,3%) seguidos de perto pelos 33,5% que ainda vivem com os pais. A terceira opção mais indicada (13,2%) é habitar numa casa partilhada com amigos e apenas 8% dos jovens assumem viver sozinhos. 51,2% dos que têm entre 18 e 24 anos vivem em casa dos pais, mas esta percentagem diminui à medida que a faixa etária aumenta e nos que têm entre os 25 e 29 anos este indicador sobe para 30,1%. Não obstante, 17,6% dos jovens com mais de 30 anos ainda vive com os pais. Cerca de 10% dos jovens entre os 18 e os 24 anos indicam que já vivem com um parceiro. À medida que a idade avança, a opção de viver em casal aumenta para os 41,5% nos jovens entre os 25 e 29 anos.
A partilha de casa com amigos é opção para dois em cada 10 jovens da faixa etária mais baixa. À medida que a idade avança, esta opção diminui, gradualmente, e fixa-se nos 7,4% nos jovens com mais de 30 anos. Viver sozinho é uma tendência minoritária no grupo etário mais jovem, com apenas 5,2% dos jovens, dos 18 aos 24 anos, a assumirem que têm uma casa só para si. Este indicador chega aos 11,6% nos que estão entre 25 e os 29 anos e a 8,6% nos que têm mais de 30 anos. Outras opções de habitação - como viverem com familiares, em casa de outras pessoas ou em residências e escolas - são pouco significativas em praticamente todas as faixas etárias. A percentagem mais relevante (5,7%) corresponde aos jovens entre 18 e 24 anos, que vivem em residências ou escolas.
Motivações para a emancipação
Viver a dois (14,9%) e adquirir responsabilidades de adulto (14,8%) são as principais razões para a emancipação. Porém, há outras motivações que os jovens também consideram importantes, já que 13,6% indicam desejarem iniciar um projeto de vida próprio, 13,1% pretendem maior liberdade e 9,8% acreditam ser capazes de viver sozinhos. A sexta razão mais apontada é a vontade de estudar noutra cidade. Contudo, a juventude portuguesa parece sentir-se confortável a viver em casa dos pais, já que apenas 1,3% afirma não gostar de coabitar com os progenitores.
Seis em cada 10 jovens com rendimentos inferiores a 1000 euros mensais
O facto de viverem fora da casa dos pais não significa que sejam economicamente independentes. Na realidade,19,2% dos jovens não têm qualquer tipo de rendimento, indicador que sobe para 38,9% no segmento etário dos 18 a 24 anos, que ainda dependem inteiramente dos pais. Esta percentagem diminui à medida que a idade aumenta. No entanto, mais de 5% dos que têm mais de 30 anos ainda não têm rendimentos. No total dos jovens inquiridos, 62,9% contam com menos de 1000 euros mensais e 17,2% têm ganhos inferiores a 500 euros. Apenas cerca de 12% indicam rendimentos entre 1000 e 1500 euros por mês. No caso dos jovens emancipados, 37,2% dependem financeiramente da família ou parceiro. Já os que ainda vivem com os pais - e que já dispõem de algum rendimento pontual - mais de 75% conta com o apoio económico da família.