“Há muito que as instituições de ensino superior deixaram de ser exclusivamente espaços de ensino”. A frase de Maria de Lurdes Rodrigues, ministra de Educação entre 2005 e 2009, foi relativa a um dos primeiros desafios de futuro elencados pela também reitora do ISCTE-IUL durante a sua intervenção no Fórum Mundial para a Cidadania e a Educação, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa – a responsabilidade social das instituições de ensino superior.
“As instituições de ensino superior devem transferir conhecimento para a sociedade, envolvendo-se na sociedade, economia e comunidade onde se inserem”, destacou, realçando que a preservação e partilha desse conhecimento deve ser realizada “independente do seu valor social ou económico”. Maria de Lurdes Rodrigues elencou ainda a adaptação às necessidades de internacionalização como outro das áreas de interesse futuro.
Por outro lado, para a antiga ministra, é ainda necessária uma reflexão sobre o papel das instituições de ensino superior “nos processos de seleção e avaliação do mérito”. “A medida do mérito é hoje unidimensional e aplicada de uma forma muito estreita, numa simplificação que deixa de fora, por exemplo, saberes que resultem da experiência”, realçou, antes de deixar um exemplo: “O futuro de jovens é, hoje em dia, decidido por décimas de valor – essa pequena diferença é determinante”.
Para Maria de Lurdes Rodrigues, as instituições de ensino superior portuguesas terão ainda de tirar o melhor partido da inovação tecnológica, de forma a “proporcionar um acesso mais democrático e mais lato ao ensino”, ressalvando a relevância de avaliar a interdependência entre ensino presencial e ensino a distância. “Este trabalho de reflexão vai permitir que o futuro seja mais adequado aos valores das instituições de ensino superior”, explicou.
O Fórum Mundial para a Educação e a Cidadania realiza-se nos dias 22 e 23 de novembro, em LIsboa. O foco está, como o nome indica, na ligação entre as várias modalidades de Educação com os temas da democracia e da cidadania, com a realização de cerca de 45 sessões de trabalho em vários espaços da Fundação Calouste Gulbenkian. Durante o dia de hoje áreas como competências digitais, avaliação escolar ou inovação tecnológica vão estar em destaque.