Em plena revolução digital, as instituições de Ensino Superior devem “investir sobretudo no processo de transformar a informação disponível em conhecimento”, afirmou. Segundo a conferencista, que inaugurou a primeira das quatro sessões temáticas divididas em dois dias de reflexão, diante de um futuro “muito difícil de antecipar” no que ao mercado de trabalho diz respeito, o ensino superior deve estar preparado “para levar a cabo uma reorientação que permita enfatizar as competências não técnicas dos estudantes”. Porque, justificou, “o que nós não conseguimos verdadeiramente antever é a resposta humana”, sendo “previsível que algumas capacidades do homem não possam ser replicadas pelas máquinas, como a inteligência social e emocional, o pensamento abstrato, ou a capacidade de desenvolvimento harmonioso em ambientes diversos”.
Para além do desafio das competências digitais, a dirigente sublinhou igualmente a necessidade de as instituições de ensino superior terem uma participação mais ativa nos ecossistemas de inovação regionais, nomeadamente como “fontes de atração de talentos”. E aqui deixou uma palavra-chave: parcerias. “É preciso fazer com que os talentos que nós precisamos de atrair para o Ensino Superior depois permaneçam durante algum tempo nas regiões. Isto não se faz sozinho, tem que haver parcerias com os municípios, empresas, escolas, unidades de saúde, todos os que entram no pacote de acolhimento”, concluiu.
Antes, na sessão de abertura, a presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, definiu o Politécnico de Setúbal como um “polo de conhecimento da maior importância para o País”, exaltando a instituição como “parte fundamental da grande transformação que Setúbal tem sofrido nos últimos anos”. Nestes 40 anos de vida, celebrados neste 2.º Congresso, o IPS “tem sabido encontrar os mecanismos necessários para crescer e ajudar a crescer a nossa região”, disse.
Enquanto anfitrião, o presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, aproveitou para relembrar a grande missão das instituições de Ensino Superior enquanto construtoras de “territórios mais competitivos, justos, coesos e sobretudos inclusivos” e assumiu este congresso sobretudo como um “momento de humildade”, em que se pretende reunir os diferentes atores da região e do País para “que nos possam ajudar a construir um instituto capaz de responder aos desafios que a sociedade nos coloca”.
O 2º Congresso do IPS reúne até 4 de outubro, no auditório nobre da instituição, mais de duas dezenas de especialistas na área da educação e ensino, sendo um dos pontos altos das comemorações do 40.º aniversário. António Sampaio da Nóvoa, reitor honorário da Universidade de Lisboa e atualmente embaixador de Portugal na Unesco, é o último conferencista a usar da palavra, sobre o “Contributo da educação para o desenvolvimento da sociedade”, pelas 11h50. O presidente do IPS encerra os trabalhos do congresso, pelas 15h30, na Escola Superior de Tecnologia de Setúbal.