Quatro em cada cinco crianças que agora entraram na escola terão empregos que ainda não existem, segundo o Banco Mundial, e metade dos empregos atuais estão em risco de ser tomados pela automação e pelos robots, revela a OCDE. 

Temos de aprender a ler as fake news, a perceber o que está no Google e a pesquisar na Wikipédia. A educação tem de se focar mais no futuro e menos no passado. Em 2030, 40% das competências hoje consideradas chave já serão consideradas obsoletas. É neste contexto que a Fundação Calouste Gulbenkian lança, pelo 2º ano consecutivo, as Academias do Conhecimento, num movimento de promoção de competências sociais e emocionais ainda pouco desenvolvidas no sistema educativo formal, mas que são fundamentais para que as crianças e jovens de hoje sejam capazes de enfrentar um futuro em rápida mudança. 

Pedro Cunha é o responsável pelo projeto Academias do Conhecimento da Gulbenkian. Em 5 anos, a Fundação pretende chegar a mais de 13 mil alunos e financiar pelo menos 100 organizações em todo o país. As Academias podem ser criadas por organizações públicas e privadas, sem fins lucrativos, heterogéneas na sua orgânica, dimensão e atividade – sejam associações juvenis ou de pais, culturais ou desportivas, organizações não-governamentais, instituições particulares de solidariedade social, autarquias, escolas, universidades – com projetos dedicados a potenciar competências sociais e emocionais em indivíduos com idade inferior a 25 anos.

Pedro Cunha explica que “os alunos que hoje estão no secundário terão, em média, onze ocupações diferentes ao longo da vida, diz-nos um estudo da União Europeia.” Ao relançarmos este projeto pretendemos dar continuidade ao nosso trabalho para preparar os jovens a lidar com a mudança e a incerteza. E o primeiro passo para isso é educar os estudantes para o seu futuro e não para o nosso passado e isso envolve ensinar-lhes a ler criticamente o que está no Google e na Wikipedia”.

Enquanto projetos sediados em organizações, às Academias caberá o desafio de promover atividades de âmbito artístico, científico, comunitário, cultural ou desportivo, em áreas tão díspares quanto a educação, a saúde, questões sociais ou tecnológicas, que desenvolvam, nas crianças e jovens com menos de 25 anos, competências como o pensamento crítico, a comunicação, a resiliência, o pensamento criativo, a capacidade de resolver problemas complexos ou a adaptação à mudança. Todas as Academias poderão contar com o apoio técnico, financeiro e a mentoria da Fundação Calouste Gulbenkian. As organizações que pretendam criar uma Academia Gulbenkian do Conhecimento poderão candidatar-se até 7 de março 2019.