Como surgiu a oportunidade de se mudar para Lisboa?
Lisboa agora é um centro urbano muito movimentado e as padarias muito populares! Vendo pão, faço refeições incluindo brunch e tenho uma clientela muito diversificada. Só não costumam entrar aqui espanhóis… por motivos óbvios (risos)!
Ainda tem alguma animosidade para com o povo espanhol?
Não, não. De todo. São águas passadas. As pessoas não percebem que aquilo que fiz foi em auto-defesa. Sozinha em casa, depois de uma batalha e com a possibilidade de ter soldados inimigos dentro da minha habitação… queria ver era quem é que NÃO desatava a dar com a pá em possíveis invasores!
Por falar em pá, fale-nos do seu negócio nesta Lisboa cosmopolita. Qual é o seu pão mais popular?
Só me pedem pão de linhaça biológica. Cheira-me a invenções dos espanhóis. Antigamente era tudo mais fácil: centeio, trigo, milho, cevada, uma mistura de um e outro. Agora, chegam-me aqui e pedem pão sem glúten? Você imagina o trabalho que tive para me adaptar? Isto são modernices que nem a pá resolve.
Parece ter ainda uma postura muito contenciosa com os “nuestros hermanos”. Tem a certeza que não algo que quer partilhar connosco?
Ai filho, foi toda a conversa de Olivença. No outro dia estava em casa e quando ouvi que essa pequena localidade era portuguesa e não espanhola, fiquei a pontos de aquecer como o meu forno em 1385. Quando dei por mim estava aqui no meio da Padaria a agarrar na pá e a gritar “malditos castelhanos”.
Foi fogo do momento, portanto?
Claro! A minha vida agora é isto. Eu por norma sou uma pessoa muito calma, menos quando põem em causa a minha pátria ou ganha-pão. Aí ficou outra, há quem diga “Brites, a ti ninguém te pá-ra”. E é verdade, modernizei o meu negócio e mudei-me de armas e bagagens para Lisboa, conseguindo sobreviver à monopolização do negócio das padarias que por aí anda.
Tem planos para o futuro?
Tantos. Quem sabe expandir o negócio e franchisar aqui a Padaria da Brites.
Algum local em mente?
Olivença… É melhor ficarmos por aqui.