#1 Levanta o teu escudo emocional
É sabido que o jantar de Natal não é um jantar. É um fogo cruzado de violência verbal na forma de comentários como “então e esses amores?” ou “parece que engordaste, não?”, sem esquecer o temível “já sabes o que vais fazer da vida?”. Perguntas como estas podem causar-te desconforto, por isso, a chave é prepares o teu escudo emocional. Inspira-te nas palavras do Buda – “a paz vem de dentro” – e regista a pergunta, sorri e acena, qual monarca a desfilar pelas ruas. Se tudo correr mal, atira-lhes com Bertolt Brecht, dizendo, calmamente: “O novo vem do antigo, mas nem por isso é menos novo”.
#2 Domina o território da mesa
Como em tantas outras situações, tudo começa com o lugar que te calha em sorte. Tenta ao máximo controlar esta lotaria. Há um primo obcecado por crossfit? Tenta escapar a um tratado sobre proteína. Uma tia munida de fotos de férias? Procura fugir ao Powerpoint. Depois de te sentares, a atenção será fundamental para que domines o território da mesa. Tem em atenção temas quentes como política, futebol ou veganismo, procurando prever as várias tomadas de posição. Se nada funcionar e te sentires desconfortável, adota o ponto seguinte.
#3 Aprende a arte da fuga estratégica
A milenar arte da fuga estratégica tem sido utilizada, geração após geração, em jantares de família. Reza a lenda que, já no tempo dos nossos antepassados nómadas-recolectores, os mais jovens diriam coisas como “acho que ouvi um tigre dentes de sabre, vou só ali fora ver se está tudo bem” ou “lembrei-me agora de umas bagas que deixei por apanhar”. Basta adaptar este princípio aos dias de hoje. Ir buscar guardanapos ou fingir uma chamada podem trazer-te alguns minutos de paz fundamentais.
#4 Sobrevive à troca de presentes
Regra número um. Baixar as expectativas. Regra número dois. Baixar ainda mais as expectativas. Num momento sensível, em que as nossas reações são analisadas em tempo real e com mais escrutínio que um milhão de inteligências artificiais, será importante ensaiares um comentário simpático e não exagerado. Roupa interior? “Olha, por acaso estava mesmo a precisar”. Pacotinho de chocolates? “Chocolate nunca é demais!”. Um livro aleatório? “Acho que já ouvi falar deste autor”. Recorda-te, nestes momentos, do ponto #5.
#5 Recorda o verdadeiro significado do Natal
Haverá uma altura, a meio da noite, provavelmente depois de ouvires pela sexta vez a mesma história ou piada, que uma ideia descerá sobre ti. Se calhar, é esta noite meia caótica que torna o Natal… o Natal. Nunca ninguém disse que iria ser fácil reunir tantas pessoas – por vezes tão diferentes – num mesmo espaço. Mas é o facto de o fazermos que torna esse momento especial. Bom Natal e boa sorte!






