Ao longo dos últimos três anos, o mundo do
gaming passou a contar com 500 milhões de novos jogadores, de acordo com a Euronews. A este crescimento tem correspondido a criação de muitos e diversos géneros e sub-géneros de videojogos. São exemplos os títulos de metroidvania (como Hollow Knight), looter shooters (como Fortnite, PUBG ou Destiny 2) ou jogos de sobrevivência (como The Long Dark ou Valheim). Ao longo da década anterior, um outro género tem vindo a ganhar protagonismo – os jogos soulslike, cuja aparição surge em 2009, com o lançamento de Demon’s Souls com a chancela da FromSoftware.   

 


Trailer de Demon Soul's, lançado em 2011, que originaria o género soulslike

 

Até então conhecido pela publicação das séries King’s Field (o primeiro RPG jogado em primeira pessoa) e Armored Core, o estúdio japonês FromSoftware ganharia fama redobrada com o lançamento de Demon’s Souls para a PlayStation 3. O sucesso internacional chegaria com o seu “sucessor espiritual” – a trilogia Dark Souls, publicada entre 2011 e 2016.  

 
A visão de Miyazaki 

Os vários momentos da FromSoftware e, por arrasto, dos jogos souls partilham uma raiz comum – Hidetaka Miyazaki. Inicialmente contratado pela empresa como programador, o japonês viu no título Demon’s Souls a possibilidade de concretizar um sonho: criar um RPG (role playing game) de ação e fantasia. “Percebi que se conseguisse assumir o controlo do projeto, conseguiria fazer o jogo que desejava criar”, contou ao The Guardian, em 2015, o hoje presidente da empresa. 

 

Videojogos do género soulslike


 Demon’s Souls (2009)
Trilogia Dark Souls (2011, 2014, 2016)
Bloodborne (2015)
Sekiro: Shadows Die Twice (2019)
Nioh (2017)
Lords Of The Fallen (2014)
Elden Ring (2022) 


 


E que jogo desejava criar Miyazaki? Demon’s Souls parte do universo de Dungeons and Dragons para criar um mundo aterrorizante, repleto de ruínas decadentes, armadilhas e monstros variados. O título fundaria também aquela que seria uma das marcas dos títulos da FromSoftware – uma narrativa pouco explícita, contada a partir de fragmentos que desafiam o jogador a mergulhar no lore (tradição)

Outra das marcas distintivas da visão do criador japonês está no grau de dificuldade apresentado ao jogador. O conceito central de Demon’s Souls – que fundaria a abordagem dos soulslike – ganha forma na expressão “falhar e repetir”. O jogador tem à sua disposição (poucos) checkpoints que permitem “salvar” o seu progresso. Os perigos ou ameaças são constantes e desafiantes, ao ponto de Miyazaki ter receado que as distribuidoras pudessem exigir a redução do nível de dificuldade. 

 

 

Depois de um lançamento inicial abaixo das expectativas, Demon’s Souls alcançou fama internacional, possivelmente ao contrariar a tendência de simplificação presente em muitos outros videojogos. O jogo acabaria por vender 1.4 milhões de cópias. Já a série Dark Souls vendeu mais de 18 milhões no total. Outros títulos da FromSoftware e de Miyazaki – como Bloodborne (2015) ou Sekiro (2019) – tornaram-se também sucessos de vendas.    

A chegada de Elden Ring

É neste contexto que a FromSoftware lança, a 25 de fevereiro, a nova adição ao universo souls. Elden Ring é já um dos jogos mais esperados do ano e não apenas pela tradição associada a este género. O facto do autor de A Guerra dos Tronos, George R. R. Martin, estar envolvido na criação do projeto, por exemplo, juntando-se assim a Hidetaka Miyazaki, contribuiu para aumentar a expectativa.  

Ao longo dos últimos meses, a FromSoftware tem vindo a revelar vídeos de gameplay que têm aumentado a expectativa sobre o jogo. Por outro lado, a empresa deu acesso exclusivo a um grupo de profissionais da indústria de videojogos que puderam jogar até 15 horas de Elden Ring. As reações foram maioritariamente positivas, prevendo que o título será um forte candidato ao jogo do 2022. “É uma nova revolução souls”, escreve o portal Screenrant