Os moldes surgiram cedo na vida de Bruno Rodrigues. “Sempre conheci pessoas que trabalham nesta indústria”, explica o estudante natural de Leiria, de 20 anos. Graças a esse contacto, conta à FORUM, Bruno percebeu que gostaria de se ligar profissionalmente a esta área industrial: “É um setor com muita procura por parte do mercado de trabalho e vi nesta opção uma forma de construir uma carreira nesta região”.

Para alcançar este objetivo, Bruno escolheu ingressar na licenciatura em Engenharia Mecânica, no Politécnico de Leiria, por saber que se trata de “um curso que permite escolher uma especialização na área dos moldes”. Devido ao seu bom desempenho académico, o estudante é um dos bolseiros Politécnico de Leiria +Indústria, recebendo uma bolsa no contexto da realização do seu estágio curricular. De acordo com os dados disponibilizados pelo Politécnico de Leiria, ao abrigo deste programa, já foram atribuídas 275 bolsas a estudantes de 18 cursos, com o apoio de 71 empresas.

 

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 Graças ao bom desempenho académico, Bruno foi integrado no programa Politécnico de Leiria +Indústria


A conversa de Bruno com a FORUM ocorreu durante as atividades do segundo dia da Leiria-In – a Academia da Indústria. Durante a manhã de hoje, os cinquenta estudantes do ensino secundário que participam nesta iniciativa puderam visitar várias empresas do setor dos moldes e plásticos da região de Leiria. Bruno Rodrigues está prestes a iniciar um estágio curricular de um mês numa das empresas visitadas – a Ribermolde.

Antes do momento de interação com os participantes da Leiria-In, o estudante partilhou com a Forum as suas expectativas para este momento da sua vida académica e profissional: “Espero poder conhecer a realidade da área e colocar em prática tudo o que aprendi no curso”.

 

Por dentro das empresas

Um total de 9 empresas foram visitadas pelos participantes da Leiria-In, durante a manhã de hoje. O momento permitiu aos estudantes conhecer por dentro o funcionamento de empresas como TJ Moldes, Ribermold, Iberomoldes, Planimolde, Moldes RP, Tecnimoplás, Moldoeste, SOCEM e DRT Rapid. As visitas passaram por vários departamentos e áreas profissionais, tais como engenharia mecânica, programação, desenho ou recursos humanos.

 

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“O nosso objetivo é dar a conhecer o tipo de trabalho que realizamos”, contou à FORUM o responsável de produção e desenvolvimento da TJ Moldes, Paulo Fernandes. O contacto com a realidade e tecnologia que caracteriza esta área pode ser uma forma atrair talento para o setor, acredita o responsável: “As empresas da região de Leiria modernizaram-se, de forma geral, e isso é um trunfo na comunicação com os jovens”.

Também a responsável de Gestão de Sistema Integrado da Moldes RP, Neuza Fortunato, explicou à FORUM que existem dificuldades em “encontrar e reter talento na área industrial”. Para a responsável, momentos como esta visita podem ser uma forma de resolver este problema, mostrando aos estudantes que “esta é uma área com futuro e que inclui vários departamentos indicados para diferentes interesses e perfis”.

 

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Para uma das estudantes participantes, Carolina Nobre, poder conhecer o funcionamento de uma empresa foi uma oportunidade de “saber mais sobre os processos e as máquinas utilizadas na indústria”. “Foi interessante saber que muitos dos objetos que conheço do quotidiano são construídos a partir de moldes”, acrescenta. Depois de terminado o ensino secundário, Carolina pretende prosseguir estudos no ensino superior em Ciências Biomédicas. “Embora seja diferente, foi bom conhecer a aplicação da tecnologia a outras áreas”, conclui.

 

Pela história do vidro e do aço

Depois de almoço, ainda na Marinha Grande, o programa da Leiria-In contemplou uma passagem pelo Museu do Vidro e pelo Museu do Aço. Graças a estas visitas, os estudantes puderam conhecer a história e o presente da indústria do vidro nesta região. Tudo começou em 1748, quando a Real Fábrica de Vidros da Coina se mudou para a região da Marinha Grande. A justificação prendeu-se com a abundância de matérias-primas, especialmente a madeira proveniente do Pinhal de Leiria.

 

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Instalado no Palácio Stephens, o Museu do Vidro conta com uma aplicação de realidade aumentada que permitiu aos participantes da Leiria-In fazer uma visita guiada pelos vários espaços. "Os visitantes gostam desta solução, sobretudo os mais jovens", explica a assistente técnica que recebeu os estudantes, Helena Viegas. Graças à realização de um quiz, a aplicação garante ainda uma dimensão de interavidade que agrada a este público, acrescenta.

Nas oficinas do Museu do Vidro, é ainda possível contactar com três técnicas artesanais de fazer vidro "cada vez mais raras e difíceis de encontrar", através de lapidação, com maçarico e com cana de sopro. "Ver estas técnicas acaba por ser uma oportunidade única", acrescenta, antes de concluir: "Com uma passagem pela Marinha Grande, faz todo o sentido que conheçam esta ligação histórica da cidade ao vidro".

 

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No Museu do Aço, o objetivo passou por mostrar aos participantes a história dos moldes plásticos – um percurso que começa, inevitavelmente, nos moldes de vidro. Depois da implementação da indústria vidreira, o plástico chegaria na década de 1930 a Portugal e à Marinha Grande. O percuso histórico guiado por António Rato, colaborador da CEFAMOL, passou pelos moldes de compressão e chegou à recente introdução da informática.

 

Desporto para todos e todas

"O 'In' de Leiria-In também é de 'Inclusão'", começou por destacar o professor da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS), Raul Antunes, no acolhimento aos participantes. O programa de hoje da Leiria-In incluiu um conjunto de atividades nesta unidade orgânica do Politécnico de Leiria cujo objetivo passou por fazer os participantes "sair da zona de conforto", ao sentirem as dificuldades que as pessoas com deficiência visual ou motora sentem no seu dia a dia. "Temos de dar oportunidade a todos de participar em tudo", reforçou o docente.

 

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As atividades realizadas foram do voleibol sentado a um passeio vendado, passando por alguns outros jogos utilizados no contexto de desporto inclusivo. No final, Raul Antunes deixou votos de que os participantes tenham conseguido "colocar-se noutro papel". "Estas atividades podem ser feitas num clube, numa escola ou numa empresa. Espero que consigam influenciar positivamente as pessoas que estão à vossa volta, a partir desta experiência", concluiu.

O segundo dia de Leiria-In vai ainda incluir, depois de jantar, um momento de partilha de experiências acerca das visitas a empresas realizadas hoje de manhã. Amanhã, a viagem pelo mundo da indústria e da tecnologia continua, começando com a atividade "Uma manhã com um empresário".