A notícia foi avançada em agosto pela Agência Lusa: “Mais de 20 mil alunos do 3.º ao 12.º ano vão estudar este ano com manuais digitais”. A medida – que abrange 160 escolas e mais de 21 mil alunos – está integrada num projeto piloto lançado pelo Governo que pretende “substituir gradualmente os manuais em papel”. O ministro da Educação, João Costa, revelou esperar que, até 2026, todas as escolas tenham manuais digitais, ressalvando, contudo, a importância de manter o contacto com os livros em formato papel.
Cerca de um mês depois, um novo título fazia notícia em Portugal: “Livros em papel regressam às escolas suecas”. De acordo com a informação avançada por vários portais, a decisão do executivo sueco foi tomada a partir de um estudo que apontava o declínio das competências básicas de escrita e leitura dos estudantes. A Suécia tem sido pioneira, desde o final dos anos 90, na Educação 100% digital, sendo esta medida vista como “uma reversão”.
A solução, no futuro imediato, parece passar por uma conjugação dos dois tipos de suportes. Essa é a opinião partilhada, num estudo de 2015 do Pew Research Center, pelas autoras Caroline Myberg e Ninna Wiberg: “Acreditamos que encontraremos um comportamento misto durante muitos anos”. Mas quais são, afinal, as vantagens de um e outro suporte?
Os recursos digitais
Tendo em conta a proliferação de tecnologias digitais, as suas vantagens são bem conhecidas. Para além da maior acessibilidade e eventual redução de custos, os manuais digitais oferecem a possibilidade de integrar ferramentas que facilitem a colaboração e criem maior interação. Por outro lado, é possível ajustar os conteúdos ao perfil e necessidade do estudante, bem como implementar novas metodologias de ensino como gamificação ou o microlearning. O estímulo das competências de literacia digital e a consequente adaptação ao mundo contemporâneo são outras das vantagens apontadas.
O papel do papel
Há várias vantagens associadas ao uso do papel no estudo, desde logo, os próprios momentos físicos da viragem das páginas que são apontados por Myberg e Wiberg como “marcadores temporais e espaciais” que ajudam à assimilação de informação. Desse ponto de vista, não deixa de ser irónico que o papel seja visto por alguns especialistas como um meio que permite níveis de interação mais elevados. Por outro lado, são destacadas vantagens em dimensões como segurança ou até saúde, tendo em conta o eventual impacto dos ecrãs nas capacidades físicas e mentais dos estudantes.