«Jo NesbØ tem um nome que termina com uma letra que nem sequer existe no nosso alfabeto», lê-se na nota biográfica do autor deste thriller nórdico. Mas esta é apenas uma das muitas singularidades deste norueguês que só começou a escrever aos 37 anos, depois de ter jogador futebol com ambições profissionais e ter sido guitarrista rock.

Por falar em ambições, é este o ingrediente-base deste Macbeth, uma revisitação do famoso clássico com o mesmo nome. A editora Hogarth desafiou vários autores contemporâneos a adaptar, em forma de romance, peças de Shakespeare (dramaturgo inglês falecido há 400 anos), nomeadamente os títulos O Conto de Inverno, Rei Lear, Otelo, A Fera Amansada, O Mercador de Veneza e A Tempestade.

Na versão de 2018, Macbeth é um inspetor de uma unidade especial, com sede de poder. Ele é o aparente salvador de uma cidade caótica, dominada pelas drogas, a violência entre gangues e a corrupção política/policial. Viciado no perigo, no poder, na paixão, Macbeth faz-nos gostar dele, acreditar nele. E mesmo após o ato mais maquiavélico e insensível, não conseguimos deixar de ter compaixão por ele. A história passa-se nos anos 70. Mas podia ser aqui e agora. Nesbo também é "pai" de Harry Hole, herói de uma saga de thriller policiais com vários títulos já traduzidos para Portugal. Este Macbeth é o seu filho das trevas.

Bertrand Editora
526 páginas | PVP: 19,90€