Quantas apps tens no telemóvel?
A manhã começou com a presença da APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, numa sessão conduzida por Madalena Baeta. O desafio lançado aos participantes foi simples: refletir sobre o tempo que passamos online e como utilizamos as redes sociais.
Com perguntas como "Quantas apps tens instaladas?" ou "Quem é que o Google pensa que tu és?", os participantes iniciaram uma conversa sobre a sua pegada digital, privacidade e exposição online. Foram também apresentados dados da Hotline da APAV, que no último ano registou 1029 denúncias, entre elas, 268 de discurso de ódio e 761 de conteúdos de abuso sexual de menores.
A sessão explorou também conceitos como o "filter bubble", que descreve o efeito dos algoritmos na limitação de perspetivas online, e a desinformação, que pode distorcer a perceção da realidade e influenciar comportamentos.
IA ou Real?
Ainda durante a manhã, foi a vez da iniciativa "Navega(s) em Segurança?", promovida pelo IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude, a entrar em ação. Esta atividade foi conduzida pelos jovens voluntários João e Yara, num formato peer-to-peer. O objetivo foi alertar para os riscos da navegação online e fomentar uma utilização mais consciente da tecnologia.
Os participantes foram envolvidos numa dinâmica interativa onde tinham de distinguir imagens reais de imagens criadas por inteligência artificial. O exercício revelou-se desafiante e provocador: muitos admitiram ter dificuldade em identificar qual era qual. Esta atividade serviu como alerta para a facilidade com que conteúdos digitais podem ser manipulados e para a importância de desenvolver pensamento crítico no consumo de informação online.
Protege os teus dados
Ao início da tarde, Pedro Barata, da Microsoft, dinamizou uma sessão dedicada aos riscos do online e à importância da proteção de dados. Através de exemplos práticos e casos reais, o orador alertou para os perigos de práticas comuns que comprometem a segurança digital.
Foram partilhadas estratégias simples mas eficazes para reforçar a proteção digital, como criar passwords fortes e únicas, manter o software atualizado, utilizar autenticação de dois fatores e reconhecer tentativas de phishing ou spoofing, referindo que “na maior parte das vezes, corremos perigos e não temos noção de que os estamos a correr”. Pedro Barata sublinhou que, embora existam várias ferramentas de segurança, o fator humano continua a ser o elo mais fraco: os comportamentos de risco neutralizam qualquer sistema de proteção.
É discurso de ódio ou liberdade de expressão?
Os participantes voltaram a mergulharam no universo da Literacia Mediática, numa sessão conduzida por Bruna Afonso, da ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Sob o mote “Repensar o Ódio nos Média”, a atividade desafiou os jovens a refletir sobre os limites da liberdade de expressão no ambiente digital.
Através de uma dinâmica prática, os participantes analisaram comentários retirados de sites noticiosos e classificaram-nos como ofensivos ou não. A discussão que se seguiu permitiu debater as fronteiras entre o discurso de ódio e a liberdade de expressão, assim como o papel da ERC na regulação dos meios de comunicação. A atividade mostrou que nem sempre é fácil traçar essa linha e que o contexto é fundamental para interpretar cada situação.
Conexões reais num mundo digital
A última sessão do dia teve como tema “Conexões reais num mundo digital”, dinamizada pela Sofia Pereira do Relational Lab, e procurou colocar em evidência o impacto das redes sociais nas relações humanas. Com o avanço da tecnologia e a centralidade dos ecrãs no quotidiano dos jovens, a questão colocada foi: será que estamos a perder a capacidade de nos conectarmos de forma autêntica?
Através de uma dinâmica interativa, os participantes responderam a perguntas como “Já apagaste uma foto por medo dos comentários?” ou “A conversa flui melhor por mensagem ou ao vivo?”, utilizando cartões verdes e vermelhos para expressar as suas respostas. As reações permitiram abrir espaço para um diálogo honesto sobre inseguranças, pressão social e comportamentos online.
De seguida, os participantes trabalharam em grupo com imagens retiradas de redes sociais, criando histórias fictícias a partir dessas fotografias. A reflexão final levou à conclusão de que as aparências podem ser enganadoras e que, muitas vezes, uma imagem esconde mais do que revela.
TESTEMUNHO
«O dia foi muito intenso e ajudou-nos a pensar de forma diferente em relação à nossa presença digital»
Santiago Lourenço, 16 anos, Escola Secundária de Santa Maria, Lisboa
“As atividades deram para conhecer melhor colegas de outras cidades e perceber que há mais vida para além da nossa rotina. O dia foi muito intenso e ajudou-nos a pensar de forma diferente em relação à nossa presença digital."
O CIS Digital Camp continua amanhã, com novas atividades centradas nos comportamentos online, cidadania digital e participação ativa.