As notícias que marcam a manhã desta quinta-feira, 24 de fevereiro, relativas à invasão russa da Ucrânia, foram destacadas como exemplo pelo CEO da Forum Estudante, Rui Marques, da “complexidade e imprevisibilidade” que marca a atualidade. No momento de acolhimento dos participantes do 9.º Encontro Nacional de Gabinetes e Imagem das Instituições de Ensino Superior (G-icom), Rui Marques destacou o impacto que este contexto tem na atividade de todas as instituições, nomeadamente as de ensino superior: “Vivemos hoje com o horizonte de não sabermos o que pode acontecer amanhã e todas as instituições vão ter de conviver com esta realidade”.
Durante os próximos dois dias, cerca de 80 representantes de mais de 60 instituições de ensino superior estão reunidos, em Coimbra, para pensar os desafios da comunicação com os jovens. Destacando as mais-valias do regresso a um encontro presencial, Rui Marques recordou alguns dos principais momentos dos 30 anos da revista Forum Estudante na ligação com os desafios globais – das primeiras ações de solidariedade com o povo timorense à adaptação a evolução digital. Mais recentemente, outro acontecimento global – a pandemia da Covid-19 – trouxe também um impacto que não deverá ser desprezado pela IES, considerou Rui Marques, nomeadamente “no acompanhamento do impacto na saúde mental” nos mais jovens.
Neste contexto, o CEO da Forum Estudante elegeu três desafios principais que serão colocados às instituições de ensino superior. Desde logo, será importante responder à necessidade dos jovens de “procurar um sentido e um propósito”. “[Para os jovens], não chega estudar e trabalhar, creio que um desafio será a necessidade das IES serem espaços de sentido, para além de espaços de formação científica”, destacou.
O CEO da Forum Estudante, Rui Marques, deu as boas-vindas aos participantes.
No mesmo sentido, Rui Marques salientou ainda que será importante que as IES sejam capazes de “desenvolver círculos de segurança ligados ao capital social e à confiança entre instituições, alunos e famílias”. Por último, será “seguramente indispensável dar razões de esperança”. “As IES cumprem historicamente este papel, ao oferecem esperança de aceder a uma profissão, à realização profissional, a um lugar na sociedade”, recordou.
Três eixos, um programa
Na apresentação do programa para estes dois dias de trabalho, Rui Marques destacou três eixos fundamentais: ouvir as vozes dos protagonistas das IES e obter o input de especialistas do mundo a comunicação e ensino superior, bem como incluir momentos de interação entre participantes, “através de dinâmicas práticas que fomentam o diálogo, o encontro e a reflexão”.
Nos dias 24 e 25 de fevereiro, cerca de 80 representantes de mais de 60 instituições de ensino superior (IES) estão reunidos em Coimbra, para discutir os desafios da comunicação com os jovens.
A manhã continuou com a realização de um primeiro painel sobre os novos desafios para a comunicação com eficácia para as IES, no qual participaram a Pró-Presidente para a Comunicação Estratégica do Instituto Politécnico de Lisboa, Ana Raposo, e o CEO da Omnicom Media Group Portugal, Luís Mergulhão. A adaptação das instituições às novas tendências e realidades voltou a estar em destaque. “Os jovens já não são o que eram há dois anos”, destacou Luís Mergulhão, destacando também a redução muito significativa de população nesta faixa etária, ao longo dos últimos 20 anos. Também Ana Raposo destacou os desafios e a importância da compreensão das gerações mais jovens por parte das IES, nomeadamente relativamente aos seus objetivos e ambições.
Para Luís Mergulhão, um dos caminhos colocados às instituições de ensino superior, tendo em conta a complexificação do panorama digital, será a realização de cursos acreditados totalmente online. “A realidade do ensino online vai existir”, reforçou, “e é uma oportunidade para muitas das instituições em Portugal, nomeadamente na captação de jovens que não entrariam no ensino superior”, sendo necessário ser "criativo e inovador nas experiências oferecidas".
O primeiro painel da 9.ª edição do G-icom contou com as participações de Ana Raposo e Luís Mergulhão.
Um dos grandes desafios das IES, recordou Ana Raposo, é o próprio produto que é comunicado. “É difícil ver o que as instituições oferecem como liminarmente como um mero produto ou um serviço”, considerou, sendo que há “um conjunto de novos ingredientes que necessitamos de trazer para a comunicação do ensino superior”, como a comunicação de ciência e de responsabilidade social, por exemplo.
No momento de perguntas e respostas, no final da sessão, novos temas foram ainda levantados, como as potencialidades de dois novos “mercados” para as IES: a Aprendizagem ao Longo da Vida e os estudantes internacionais. “Cada vez mais, os cursos de pós-graduação são importantes para as IES”, destacou Luís Mergulhão, salientando o impacto na viabilidade económica e na captação ou retenção de novos alunos e professores.
“A comunicação exige sempre soluções únicas", destacou Ana Raposo, antes de concluir: "no ensino superior, estamos a pensar novas formas de comunicação com grupos diferentes". Neste cruzamento de vários objetivos, públicos e estratégias, Ana Raposo deixou ainda uma certeza. "Acredito que a identidade será sempre o nosso farol", concluiu.