Como recorda o Forum Económico Mundial (WEF), o processo pode parecer “contraintuitivo para quem não o conheça”. Afinal de contas, a Hidroponia é o processo de fazer crescer plantas sem utilizar solo. Em alternativa, as plantas são colocadas em recipientes neutros (feitos de barro ou fibra de coco, por exemplo). “É uma água enriquecida com nutrientes que alimenta a planta”, conclui o WEF.
Este detalhe, destaca o projeto português GroHo – Hidroponia Urbana, oferece uma vantagem: esta solução nutritiva fornece “na medida exata e de forma constante todos os nutrientes que os vegetais necessitam”, sublinham, no seu site. A mesma ideia é sublinhada pelo Fórum Económico Mundial: “a Hidroponia oferece uma vantagem em particular, face aos métodos de cultivo tradicionais – através de uma manipulação cuidada e gestão do ambiente envolvente é possível fazer as plantas crescer mais rápido”.
Esta “afinação” pode ser realizada através da quantidade de água, dos níveis de pH ou pela combinação dos nutrientes. O que leva o WEF a destacar esta técnica como uma forma de “garantir uma menor dependência de pesticidas, fertilizantes”, por exemplo.
A “agricultura do futuro”?
Conforme destaca o GroHo, existem vários tipos de sistemas hidropónicos, que variam pela forma como “a solução nutritiva entra em contacto com as raízes”. Para além do mais conhecido e popular sistema N.F.T. (em que as plantas partilham um tubo de cultivo para onde é bombeada a solução nutritiva), existem sistemas como o aeropónico (em que as raízes estão em contacto com o ar e são mergulhadas em ciclos curtos) ou o Wicks (uma técnica mais simples que liga um reservatório a um meio de cultivo).
Estes sistemas permitem a criação de produções agrícolas em locais pouco habituais. Por exemplo, em caves subterrâneas de grandes cidades. É esse o caso da Farm Urban – criada por Jens Thomas e Paul Myers. A empresa tem sistemas instalados por toda a cidade de Liverpool, incluindo na Universidade de Liverpool, no Hospital para Crianças e nos Jardins Botânicos de Ness, noticiava o jornal inglês The Guardian, em dezembro de 2019.
Para os empresários, esta é uma forma de responder ao desafio da alimentação mundial. De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization) das Nações Unidas, até 2050, a população humana aumentará para quase 10 mil milhões de pessoas, com 70% a viverem em áreas urbanas. Projetos como o Farm Urban, destacam os seus fundadores, citados no artigo, são formas de “preservar habitats naturais” e de “melhorar a segurança alimentar de todo o Mundo”. “Esta é a agricultura do futuro”, reforça Paul Myers.
Também o autor especializado em agricultura Evan Folds, destaca, na plataforma Medium, que “o futuro da Hidroponia é agora”. “A tecnologia responde a dois dos grandes problemas do século XXI: escassez de alimentos e água”, esclarece. Isto porque é possível utilizar significativamente menos água e produzir significativamente mais, garante.
Embora a técnica não substitua os métodos tradicionais, terá um papel a cumprir no futuro, acredita o autor. “Nenhum método de crescimento vai uma vez substituir as culturas a crescer na terra e debaixo do sol”, destaca Folds, antes de concluir: “mas podemos aprender a utilizar esta tecnologia fantástica para o melhoramento da Humanidade”.
O Mercado também cresce
Alguns estudos indicam uma tendência clara de crescimento para este mercado de agricultura hidropónica. De acordo com a Bloomberg, o mercado ligado a esta técnica passará de 8 mil milhões de dólares, em 2019, para 16 mil milhões, em 2025. Este crescimento, justifica a investigação, está assente nos avanços tecnológicos dos sistemas hidropónicos, bem como da “crescente aceitação” deste tipo de agricultura.
De acordo com a investigação, o mercado europeu deverá aumentar significativamente, durante o mesmo período. Para já, contudo, destacam-se os casos da Turquia, Espanha e Holanda. “De acordo com especialistas do setor”, realçam os autores, “quase 90% das estufas holandesas são convertidas em estruturas hidropónicas, com o objetivo de cultivar flores e vegetais”.