Ainda se sente o ar fresco da manhã junto ao rio, mas isso não impede que se comecem a juntar grupos de estudantes de vários pontos do país prontos a visitar mais uma edição da Lisboa Games Week, a decorrer de 23 a 26 de novembro, nos pavilhões 3 e 4 da Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O entusiasmo é visível. À entrada para os pavilhões, dezenas de jovens procuram qual é o primeiro espaço ou a primeira banca que vão visitar e onde podem levar uma lembrança para mais tarde recordar esta experiência.

Simão Pedro e Miguel Pestana, 15 anos, fazem parte de um grupo de estudantes que veio em visita de estudo da Escola Dona Inês de Castro, em Alcobaça. Andaram a explorar o espaço e Miguel até comprou uma espada do seu anime favorito, “One Piece”. Acrescentaram que está a ser uma “experiência divertida” e que querem “ver mais coisas ao longo do dia”.

 

 

 

 

O evento também chama à atenção de jovens que residem na área da Grande Lisboa e que procuram mergulhar na cultura de gaming e no mundo do cosplay. Iuri e Gabriela, com 18 anos, vieram ambos em cosplay de personagens do anime Chainsaw Man. Os interesses, esses, são diferentes. Iuri pretende “ficar a conhecer mais sobre o desenvolvimento de jogos independentes”, enquanto que Gabriela, que criou recentemente uma conta de cosplayer, quer experimentar mais estes eventos e diz que esta é uma forma de ficar a “conhecer melhor as pessoas” e “interagir mais com o público”.

Além de Iuri e Gabriela, também estivemos à conversa com Cass, 18 anos, que hoje era Harley Quinn, conhecida antagonista do herói Batman. “É mais divertido”, diz sobre a sua escolha de visitar o evento em cosplay. Proporciona “maior interação com as pessoas e traz uma maior felicidade em conversar com os outros”, por vezes, “podem-se encontrar interesses em comum”.  Este não vai ser o único dia em que vai marcar presença no evento. Planeia vir no fim-de-semana, novamente em cosplay, com a escolha a recair na personagem Silk, do universo do Homem-Aranha.

Outro propósito da visita é também o de conhecer “game developers”. Cass estuda animação em videojogos e diz que pretende “discutir ideias”, “perceber como é que eles trabalham” e assim obter um feedback sobre como pode ingressar na sua área de interesse.

 

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Há lugar à nostalgia

No espaço da FIL, além das novidades mais recentes também podemos encontrar jogos de arcade e espaços interativos para experimentar um dos primeiros computadores para videojogos, o ZX Spectrum, tornando este um espaço para famílias com os graúdos a quererem apresentar aos miúdos um pouco de como foram introduzidos ao mundo dos videojogos.

Quanto aos jogos de arcade, podem-se encontrar alguns dos clássicos: Puzzle Bobble, Mortal Kombat, Donkey Kong, Mr. & Mrs. Pacman ou Super Pacman.

 

«É muito giro ver os pais a explicar aos filhos o que é o ZX Spectrum»

 

Em conversa com a FORUM, Diogo Reis, que colabora com o museu Load ZX Spectrum e marcou presença na Lisboa Games Week com a sua exposição itinerante, refere que o “ZX Spectrum foi, genericamente, o primeiro computador que os portugueses tiveram em casa”. Menciona ainda que “é muito giro ver os pais a explicar aos filhos o que é o ZX Spectrum” e o “brilho nos olhos dos pais”, enquanto o fazem. “Até agora temos tido um feedback positivo”, completa.

 

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Presença do digital e não só

Há várias experiências espalhadas pelos dois pavilhões onde está instalada a feira. Desde o mundo da realidade aumentada e da realidade virtual, temos também a presença de stands onde se podem experimentar inúmeros jogos de tabuleiro, sendo Catan um dos exemplos, com voluntários com experiência nos jogos a explicar as suas regras para aqueles que demonstram interesse em experimentar.

Na Loading Zone os visitantes podem experimentar jogos desenvolvidos e produzidos em Portugal, com estúdios e developers a divulgar e a testar os seus jogos junto do público da Lisboa Games Week.

Também existem espaços para os mais corajosos com uma parede de escalada instalada no recinto e até um ringue de wrestling. Ideal para quem procura uma adrenalina extra além dos videojogos.

 

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Espaços de conhecimento e partilha

Na Lisboa Games Week estão também a ter lugar as LGW Talks, um espaço de conversas que aborda vários temas relacionados com a tecnologia, o ensino e o futuro da indústria de gaming.

Ao longo dos quatro dias do evento, serão realizadas várias talks sobre temas como a gamificação nas empresas e no ensino, o impacto da Inteligência Artificial na educação e na sociedade, a responsabilidade e bullying nos jogos, entre outros assuntos.

Um evento “que quer reunir comunidades”

A FORUM também esteve à conversa com Luís Leal, um dos responsáveis pela organização da Lisboa Games Week, que partilhou este evento é o reflexo de “muitos meses de trabalho para que todos os visitantes possam ter uma experiência onde se reúnem as comunidades do gaming, do cosplay, do e-sports” e também se reúne a parte educativa “com uma série de ações de formação”.

Ao longo do evento espera-se a realização de muitos torneios, especialmente no Palco Takis, que é o principal deste evento e vai receber várias finais e desafios. No sábado realiza-se a final da ICL (International Cosplay League) e no domingo há uma série de conteúdos relacionados com o novo EA Sports FC e o concurso de cosplay da Lisboa Games Week.

 

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Luís revelou que a organização foi “agradavelemente surpreendida” com o número de visitantes para esta manhã de quinta-feira e que ao longo do fim-de-semana são esperados “entre 45 mil a 50 mil visitantes”, com a expectativa de ultrapassar a edição de 2022 e “quem sabe os de 2019”.