Os títulos costumam ser bombásticos e parecem saltar do ecrã. "Neto desliga avô das máquinas para carregar o telemóvel" ou "Carta de condução vai poder ser tirada aos 14 anos" são alguns dos exemplos de fake news (notícias falsas) que circularam em Portugal.
Mais recentemente, a pandemia da Covid-19 também levou à publicação artigos falsos que são, por vezes, amplamente partilhados com recurso a redes sociais ou ao WhatsApp. Alegados remédios caseiros (falsos) ou técnicas de desinfeção supostamente eficazes (falsas), bem como informações (falsas) sobre vacinas são alguns exemplos.
De onde vêm as fake news?
Financiamento e influência. As duas razões destacadas poderão ser grande parte da explicação para o fenómeno. Se, por um lado, usar informação falsa para manipulação da opinião não é uma novidade, a Internet introduziu uma novidade na equação: tráfego online é igual a dinheiro.
Conforme escreve o The Telegraph, embora a utilização de notícias falsas tenha muitas vezes um objetivo político, esse pode não ser sempre o caso: “muitos dos criadores destas notícias estão apenas à procura de fazer dinheiro rápido, distribuindo conteúdo e ganhado audiências para publicidade”.
O portal politifact.com dá o exemplo das caixas de “conteúdo patrocinado” que são, muitas vezes, observáveis no interior de sites de notícias. Estas caixas são “desenhadas para atrair a atenção” e, em vez de publicidade, levam o leitor para “uma cadeia de histórias muitas vezes sem sentido cujo único objetivo é dar cliques para outras páginas”.
“Os produtores destes conteúdos aperceberam-se de que não interessa se o conteúdo é real ou não, desde que os leitores entrem no site e comecem a clicar”, explicam.
Não morder o isco
Associada a esta procura de tráfego, uma outra atividade tem surgido no mundo online: o clickbait. Traduzido literalmente como “isco para cliques”, esta técnica consiste em usar títulos que levem o leitor a “clicar”.
"Você não vai acreditar…" ou "Esta técnica revolucionária…" são algumas das formulações sensacionalistas mais utilizadas nos títulos de notícias falsas.
A utilização de títulos que despertem o interesse no leitor não é uma novidade. Contudo, neste tipo de conteúdos, o texto não corresponde, na maior parte das vezes, ao que é destacado no título. O jornal americano The New York Times define clickbait como “títulos que levem os leitores a sentir-se enganados quando terminam o artigo”.
"Você não vai acreditar…" ou "Esta técnica revolucionária…" são algumas das formulações sensacionalistas mais utilizadas. Mas nem sempre um clickbait é assim tão óbvio: omitir partes de informação relevante no título e até utilizar imagens que não se relacionam com a notícia são detalhes a que devemos ter atenção.
Fica a conhecer algumas técnicas que te podem ajudar a verificar a veracidade de títulos e artigos.
10 passos para descobrir notícias falsas
#1 Avalia o meio
Começa por verificar onde está publicado o artigo que estás a ler.
Procura mais informação, normalmente na seção “sobre nós”.
Caso não conheças o site, recorre ao Google e verifica se algum meio de informação reconhecido publicou a mesma notícia.
#2 Lê mais do que o título
Como explicámos, o clickbait é uma das formas de captar a atenção e manipular as tuas emoções.
Não fiques apenas pelo título e procura a justificação para a escolha do mesmo.
#3 Procura um autor
A informação confiável está, normalmente, associada ao nome do autor do texto.
Depois de encontrares o autor, poderás até pesquisar outros artigos do mesmo, para descobrires que tipo de artigos costuma publicar.
#4 Encontra as fontes
Uma das principais formas de verificar se a informação é verdadeira é verificar se o texto utiliza fontes credíveis, ou seja,
se o que está a ser afirmado é apoiado pela opinião de alguém devidamente identificado.
#5 Verifica a data
Uma das técnicas mais utilizadas no mundo das notícias falsas é o repost – a publicação de uma notícia antiga, no contexto atual.
Verifica sempre a data de publicação, para não te deixares enganar.
#6 Confirma se é “uma piada”
Grande parte dos artigos falsos são construídos a partir de “notícias” de sites humorísticos e satíricos (muitas vezes, por engano).
Se a história te parece incrível demais, desconfia e verifica se não se trata de uma piada, com recurso a um motor de busca.
#7 Consulta alguém
Se continuares com dúvidas sobre a veracidade de uma notícia, podes sempre perguntar diretamente um professor,
os teus pais ou alguém que sintas que te pode ajudar neste campo.
#8 Tem em conta as tuas emoções
Um dos principais objetivos das notícias falsas passa por despertar sensações e emoções violentas.
Caso um título ou um artigo te deixe transtornado, confirma se não se trata de uma manipulação emocional.
#9 Confere a informação importante
Pensa como um jornalista: tenta responder às questões fundadoras de uma peça informativa
– Quem? O quê? Quando? Como? Porquê? Onde?
Se sentires que alguma destas vertentes não está bem explicada, procura verificar a informação numa outra fonte.
#10 Procura elementos “estranhos”
O endereço de email termina em “.co”? São utilizadas palavras ou frases em maiúsculas?
Erros gramaticais ou ortográficos? Imagens chocantes?
Estes sinais devem fazer-te desconfiar da veracidade da informação.
Fontes: Ted-Ed Blog, Salon e IFLA.org