Depois de dois dias de intensa de atividade física ao ar livre, a Semana Tanto Mar foi conhecer os laboratórios do edifício Cetemares - Centro de I&D, Formação e Divulgação do Conhecimento Marítimo, uma infraestrutura científica e tecnológica de apoio às atividades de investigação no âmbito dos recursos marinhos e da sua sustentabilidade.
“Este edifício é a sede do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Instituto Politécnico de Leiria, permitindo uma maior interação com o mar e a indústria devido a uma localização privilegiada no porto de Peniche", explica-se no site desta infraestrutura do Politécnico de Leiria.
O edifício CETEMARES conta possui cerca de 2000 metros quadrados de laboratórios equipados com a tecnologia mais recente na área da biologia, pescas, aquacultura, biotecnologia, química, microbiologia e tecnologia dos alimentos.
Esta estrutura do Politécnico de Leiria conta também com vários espaços dedicados à formação e transferência do conhecimento, tornando esta "a única infraestrutura do Oeste dedicada exclusivamente à Ciência e Tecnologia do Mar”, lê-se ainda no site do Cetemares.
Foi neste espaço que os 50 jovens participantes da Semana Tanto Mar “vivenciaram uma imersão nas atividades rotineiras dos investigadores do MARE-Politécnico de Leiria”, nas palavras dos gestores que receberam os estudantes.
Após as boas-vindas dos coordenadores Maria Manuel Gil e Paulo Maranhão, divididos por grupos, os estudantes fizeram identificações microscópicas de zooplâncton, conheceram o ciclo de vida dos percebes e as aplicações terapêuticas das macroalgas sob o ponto de vista da biotecnologia marinha.
As atividades incluíram ainda a dissecação de pata-roxas, de modo a observar as características dos peixes cartilagíneos e, no âmbito da valorização do percebes das Berlengas, através do desenvolvimento de um novo produto alimentar, foram apresentados a um paté à base de amoras silvestres e percebes.
Do mar ao prato
E foi para perceber toda a logística e o negócio que leva o peixe desde o mar aos nossos pratos que esta academia de verão da FORUM e do Politécnico de Leiria (com o apoio da Câmara de Peniche) rumou à lota de Peniche da Docapesca, cujos 34 milhões de euros de faturação no último ano equivalem a um terço dos dividendos da empresa, pelo que já assim se vê o ritmo de trabalho e o volume de negócios deste espaço.
A Docapesca funciona como intermediário entre os pescadores e os compradores (grandes superfícies, restaurantes), foi-nos explicado. Garante o acondicionamento em caixas e refrigeração do pescado e a embalagem e transporte após compra. E, no entretanto, ganha uma comissão por este serviço.
Os estudantes tiveram oportunidade de assistir à chegada e descarregamento do peixe à lota, à sua divisão por espécie e tamanhos. Depois, só não licitaram no leilão porque, para comprar, é preciso provar que se faz da venda de peixe o seu negócio. Vontade não lhes faltou, pois a variedade de peixe e as saborosas “pechinchas” ali licitadas eram, de facto, tentadoras.
O mesmo se pode dizer das propostas gastronómicas do Festival do Sabores, aberto até 15 de setembro, e a cujo dia inaugural não poderíamos faltar. Na sessão solene de abertura, com a presença do Presidente da Câmara de Peniche, Henrique Antunes, e do secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, o edil anfitrião fez questão de agradecer a presença da comitiva Tanto Mar. Faz sentido. É que nesta montra do que de melhor se pesca, prepara, cozinha e come em Peniche, com bancas de artesanato e concertos para todas as idades, a Tanto Mar foi protagonista de um momento especial no âmbito do Programa Sea Talks – Conversas sobre Economia Azul, Tecnologia, Ambiente e Cultura Marítima, no Espaço Sea Talks – Tenda Economia do Mar.
Gonçalo Gil, diretor da Forum Estudante, Sérgio Leandro, subdiretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar – Politécnico de Leiria, e Mark Ministro, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Peniche, celebraram publicamente o 10º aniversário deste projeto conjunto.
“O Mark conseguiu organizar a semana com as melhores condições meteorológicas destes 10 anos”, brincou Gonçalo Gil. Mas, em tom sério, frisou um dos pontos mais cativantes desta academia: “não é uma visita de estudo de uma turma ou escola. Estes estudantes vêm de todo o País, de 50 escolas diferentes, com culturas e experiências muito distintas”.
Já Mark Ministro atesta que esta foi, continua a ser, “uma excelente ideia que o município agarrou com unhas e dentes”. Sérgio Leandro contou o caso de um ex-participante da Tanto Mar que acabou por estudar no Politécnico de Leiria e conseguir um estágio internacional como um dos muitos exemplos de como esta pode ser uma experiência transformadora.
Também alguns ex-participantes desta academia, do lote de 50 convidados para os 2 últimos dias de atividades, partilharam a sua partiicipação neste projeto que, já não há dúvidas, marca quem o vive.