O dia dos cinquenta estudantes que participam na Semana Tanto Mar começou na praia do Molhe Leste. No areal, um conjunto de três organizações aguardava os participantes – o Instituto de Socorros a Náufragos, a Polícia Marítima e um grupo de fuzileiros da Marinha Portuguesa. O objetivo deste encontro era simples, conforme explicou Francisco Alves, do ISN: “Espero que fiquem com uma ideia do que fazemos e que sejam sensibilizados para o que devem ou não fazer em zonas de praia”.
A ação começou com uma breve contextualização sobre cada uma das organizações representadas. O ISN, explicou Francisco Alves, foi criado em 1892, por iniciativa da Rainha Dona Amélia, numa altura em que a costa portuguesa era conhecida como “a costa negra”, depois de uma tempestade ter causado mais de 100 vítimas mortais.
Desde então, a missão do ISN tem evoluído, sendo centrada, hoje, em duas atribuições principais: serviço de salvamento marítimo e assistência aos banhistas. Para além deste foco, o ISN realiza ainda ações de alerta e sensibilização, explicou Francisco Alves, nomeadamente “ensinando os banhistas a fazer uma boa leitura do mar”.
Nos casos de necessidade, as equipas deste instituto contam com veículos especializados como uma moto 4, um semirrígido e um navio. A prioridade, salientou o orador, é salvar vidas – uma missão em que a rapidez de intervenção é essencial: “Um minuto é muito tempo para quem está aflito”.
"No mar não há heróis"
Um a um, os participantes da Semana Tanto Mar posicionaram-se numa lancha acoplada a uma mota de água, viajando alguns minutos pelo mar. A ação decorreu no âmbito de uma simulação de salvamento a um náufrago utilizando estes recursos. “Queremos sensibilizar para o que é o meio aquático, que merece muito respeito”, explicou Francisco Alves.
Representando a Polícia Marítima, o agente Marujo explicou aos participantes da Tanto Mar algumas das características desta força “bastante antiga e equiparada à Polícia de Segurança Pública e à Guarda Nacional Republicana”. “No mar não há heróis”, sublinhou, destacando o trabalho colaborativo realizado com a Marinha Portuguesa e o ISN “na segurança de banhistas e pescadores, por exemplo”.
Um grupo de fuzileiros da Marinha detalhou depois alguns dos equipamentos utilizados em salvamentos como cintos, boias, pranchas, pés de pato e desfibrilhadores, antes de realizar uma breve demonstração de técnicas de Suporte Básico de Vida (SBV).
Por dentro do Alto Rendimento
A partir da praia do Molhe Leste, os participantes da Tanto Mar caminharam depois até ao Centro de Alto Rendimento de Surf de Peniche. O presidente do Peniche Surfing Club – uma das instituições que utiliza esta estrutura –, Paulo Ferreira, acolheu os estudantes, detalhando o trabalho que ali é realizado.
“Aqui vêm treinar atletas de alto rendimento em modalidades como surf, canoagem, remo ou stand up paddle”, explicou, salientando o facto de este ser um dos 14 Centros de Alto Rendimento espalhados pelo país. A tarde continuou na praia da Gamboa, onde os membros do Peniche Surfing Club dinamizaram uma aula de stand up paddle.
Depois de jantar, a docente da ESTM, Susana Ferreira apresentou e contextualizou ainda excertos do documentário “Ao Ritmo das Marés”, produzido por esta escola superior. “Este documentário pretende mostrar um pouco todos os animais que podemos encontrar num passeio à praia”, explicou, destacando alguns elementos como a características e a interação entre algumas das espécies presentes na costa portuguesa como caranguejos, estrelas do mar ou ouriços.