Viajar é bom para a saúde. Quem o diz é website medicalresearch.com, que refere que fazer uma viagem ajuda a aliviar o stress, rejuvenesce, sendo bom para a saúde mental, pois ajuda a criar memórias felizes.
Os benefícios para a saúde não ficam por aqui, com o New York Post a dizer que quem tira férias pelo menos uma vez por ano, reduz o risco de doença cardíaca por 30%. Além disso, também ajuda a reduzir a pressão sanguínea, baixa os níveis de açúcar no sangue e controla os níveis de colesterol.
Algumas das principais preocupações dos viajantes ou, pelo menos, as mais comuns, são: o medo do desconhecido; preocupações com a segurança; gestão do orçamento; os transportes; fazer as malas.
Os portugueses também reportam os benefícios de viajar na sua saúde mental. Um estudo de mercado da Edreams, citado pela publicação Forever Young, faz notar que 98% dos portugueses que foram de férias sentiram um impacto positivo na sua saúde mental.
Segundo os inquiridos, as atividades que mais contribuem para o seu bem-estar quando estão de férias são não fazer nada (48%) e visitar locais turísticos (47%).
Embora este seja um momento por muitos ansiado, a verdade é que também pode trazer com ele alguma ansiedade e incerteza. De acordo com a mightytravels, quem viaja pela primeira vez sozinho fica ansioso, devido à incerteza e à saída da zona de conforto que vem com a viagem em que está prestes a embarcar.
Segundo a publicação online SAPeople news, algumas das principais preocupações dos viajantes ou, pelo menos, as mais comuns, são: o medo do desconhecido; preocupações com a segurança; gestão do orçamento; os transportes; fazer as malas.
Filipe Morato Gomes crê “ser praticamente unânime que a região do globo perfeita para uma primeira grande viagem a solo é o Sudeste Asiático”.
Para ajudar a responder a possíveis dúvidas que possas ter na preparação deste momento, estivemos à conversa com três bloggers de viagens que te vão deixar conselhos e partilhar um pouco da sua experiência enquanto viajantes.
Surge o bichinho das viagens
“Acho que sempre lá esteve”, começa por nos dizer Yvan Mendes, a cara por trás da página Viajar em Portugal, quando questionado sobre quando surgiu o gosto pelas viagens. Fascinado por mapas desde pequeno, criou a o Viajar em Portugal durante a pandemia, usando “aquilo que sabia” para dar palco ao que “temos cá dentro em Portugal” e mostrar o país com “humor, com verdade e com um olhar próximo”.
Para Filipe Morato Gomes é “difícil definir o início desse ‘bichinho’”. Desde as “férias de campismo selvagem” com direito a “’luxuosos’ acampamentos”, às “intermináveis jornadas de Volkswagen Carocha de Vila Nova de Famalicão para Vila Real de Santo António" e as “viagens com os meus pais para Espanha e sul de França”, todos foram momentos que marcaram o seu trajeto.
Anos mais tarde, explica, “depois de perder um emprego na área do multimédia” e fazer a sua primeira grande volta ao mundo, surgiu o seu blogue de viagens “Alma de Viajante”. Com o qual, admite, “a sua vida mudou radicalmente de rumo”.
Para Yvan Mendes, as viagens ideais para começar são aquelas que são “simples, com margem para erro e tempo para surpresa”.
As melhores viagens para começar
Por vezes a pergunta que se coloca é mesmo: por onde começar? Se tens pouca experiência como viajante, o ideal “é começar com viagens mais curtas”, dizem-nos Carla Mota e Rui Pinto, da página Viajar entre Viagens. O casal que viaja pelo mundo há quase 20 anos, aconselha fazer Interrail “que é uma viagem fabulosa para começar a viajar na Europa e num território semelhante ao nosso” ou então começar por períodos de viagem mais pequenos “3, 5, 7 dias, por exemplo” e depois “ir aumentando”.
Além de sugerir a Europa, por ser “um território culturalmente mais semelhante com o nosso país, onde é fácil resolver problemas no caso de existirem coisas fora do controlo”. Outro local recomendado a um viajante inexperiente é o Sudeste Asiático, partilha Rui Pinto, pois “é uma zona que é fácil de viajar, com os transportes organizados e onde as pessoas são muito prestáveis”.
Filipe Morato Gomes crê “ser praticamente unânime que a região do globo perfeita para uma primeira grande viagem a solo é o Sudeste Asiático”. Isto deve-se ao facto desta região “permitir experiências muito distintas e diversificadas com um custo aceitável”.
O blogger deu ainda o exemplo da filha, que conclui o 12º ano recentemente e que se encontra a preparar um Gap Year, “num misto de viagem e experiências de workaway e voluntariado". O destino provável: o Sudeste Asiático.
Quando viajam, Carla Mota e Rui Pinto gostam de “encontrar culturas diferentes” e de entrar em contacto com “grandes paisagens”, sejam elas desertos, glaciares, montanhas, selva, pois dizem quem estas “marcam sempre”.
Para Yvan Mendes, as viagens ideais para começar são aquelas que são “simples, com margem para erro e tempo para surpresa”. “Uma escapadinha de fim de semana, um comboio até a uma vila onde nunca se esteve, uma noite num alojamento local. São essas pequenas aventuras que criam bagagem”, indica.
“A experiência não está na distância, está na forma como se viaja”, partilha Yvan.
Experiências que marcam
Falando da sua experiência enquanto viajante, Filipe Morato Gomes não hesita quando refere aquilo que mais recorda das suas viagens: “é sempre as pessoas com quem me cruzei”. Como exemplo dá um dos projetos em que está envolvido, o Rostos de Aldeia, que o levou a viajar muito pelo interior de Portugal.
“É maravilhoso perceber que, quando se visita uma comunidade de espírito aberto e com humildade e vontade de dar e receber, as pessoas abrem as portas de sua casa e dos seus corações”, conta.
“Os grandes custos de uma viagem estão sempre concentrados em três áreas: alojamentos, transportes e alimentação”, de acordo com Carla Mota e Rui Pinto.
Já para Carla e Rui, existem duas experiências nas suas viagens que os marcam e especificam: a parte cultural e a natural. Quando viajam, o casal de professores gosta de “encontrar culturas diferentes” e de entrar em contacto com “grandes paisagens”, sejam elas desertos, glaciares, montanhas, selva, pois dizem quem estas “marcam sempre”.
“O mais extraordinário está mesmo no mais simples”, diz Yvan Mendes. O blogger luso-francês lembra as viagens para o interior de Portugal e “ficar fascinado com a forma como tudo parecia diferente a duas horas de casa”. “Uma vez, em Trás-os-Montes, fui parar a um café onde me perguntaram ‘és de onde?’ três vezes – como se não fosse possível alguém ir ali só por curiosidade”, recorda.
Os desafios e as recomendações
Viajar vem com os seus desafios. Um deles, unânime entre os nossos entrevistados, é o orçamento. “Os grandes custos de uma viagem estão sempre concentrados em três áreas: alojamentos, transportes e alimentação”, de acordo com Carla Mota e Rui Pinto.
Os dois viajantes recomendam: “Se queres controlar o orçamento de uma viagem, tens que controlar e planificar a viagem de acordo com aquilo que podes gastar”.
“É maravilhoso perceber que, quando se visita uma comunidade de espírito aberto e com humildade e vontade de dar e receber, as pessoas abrem as portas de sua casa e dos seus corações”, conta Filipe Morato Gomes.
O “medo do desconhecido” também consegue ser um desafio, refere Yvan Mendes. O criador da página Viajar em Portugal diz mesmo que “o ínicio pode ser intimidante”, mas afiança: “o truque está em começar – mesmo pequeno – e ir ganhando ritmo”.
Outro dos fatores a ter em conta e que Filipe Morato Gomes acredita “ser o mais difícil”, é “vencer a resistência dos pais” e todos aqueles que “não compreendem os benefícios de viajar".
Contudo, o blogger sente que “felizmente, há hoje em dia uma nova consciência sobre os benefícios de fazer um Gap Year antes ou depois de eventualmente se prosseguir com os estudos universitários”.
Para aqueles que estão a preparar a sua primeira viagem a solo, a solução passa por “desligar o complicador”, “planear, mas sem exageros” e “confiar no seu instinto”, diz Filipe. Já Yvan, aconselha: “vai com vontade de aprender mais do que controlar”.
“Começa a criar conteúdo porque tens algo verdadeiro a partilhar”.
Yvan Mendes, Viajar em Portugal
“Não meter demasiada pressão sobre si próprio”, “relativizar as coisas”, “manter uma abertura em relação às outras pessoas”, mas ao mesmo tempo “ter precauções relativamente a essas pessoas”, recomendam Carla Mota e Rui Pinto.
Foco no destino e nas pessoas que encontram
Aos que querem fazer de viajar o seu modo de vida e partilhar a sua experiência nas redes sociais ou num blog próprio, Filipe Morato Gomes pensa que “atualmente o destino parece ser muitas vezes secundário, em detrimento do viajante – que cada vez mais aparece na pele de protagonista”. “Isso é uma das coisas que mais me incomoda”, lamenta.
“Eu diria para se focarem no destino e nas pessoas que encontram, e não tanto neles próprios”, remata.
“Ser influencer de viagens não dever ser objetivo”, pensam Carla Mota e Rui Pinto. Os criadores do Viajar entre Viagens dizem que o objetivo “de quem viaja deve ser viajar”. E deixam a mensagem: “o jovem que queira ser influencer de viagens deve assumir essa influência com responsabilidade e ter experiência em viagens para poder influenciar no bom sentido as pessoas na sua área de influência”.
A mensagem de Yvan Mendes também vai no mesmo sentido. “Não comeces a viajar para ter conteúdo”, começa por dizer. “Começa a criar conteúdo porque tens algo verdadeiro a partilhar”, acrescenta.
“O segredo está na consistência, na autenticidade e em ter algo a dizer – mesmo que seja simples”, finaliza.