O consumo em excesso de álcool apresenta-se como uma das causas principais para o desenvolvimento de doenças do foro hepático, sendo a cirrose hepática a mais vulgar e a 10ª causa de morte em Portugal. Dados preocupantes, sobretudo se considerarmos a taxa de adolescentes portugueses que consomem álcool em excesso. De acordo com a SPH, existem cerca de 2 milhões de adolescentes em risco devido ao consumo excessivo de álcool, sendo que 1/3 dos jovens com 13 anos são consumidores de bebidas alcoólicas e metade dos jovens com 15 anos já se embebedaram.
O tema do consumo de álcool em excesso será transversal ao programa do 3º Congresso Português de Hepatologia (a decorrer hoje e amanhã) que irá também abordar outras patologias do foro hepático, nomeadamente as hepatites B e C. Em Portugal, estão diagnosticados cerca de 150.000 a 200.000 casos de doença crónica e vírus B e C – Hepatite Crónica e Cirrose. No caso da Hepatite C, a chamada hepatite silenciosa porque se pode manter assintomática por 3 ou 4 décadas, estima-se que o número de incidências possa variar entre as 170.000 e as 200.000 pessoas infectadas.
Estes números são relevantes e preocupantes já que quando existe uma manutenção da doença sem os devidos cuidados terapêuticos, o fígado pode evoluir para cirrose, que mais tarde pode vir a descompensar sendo necessário um transplante. Prevê-se que até ao final de 2015 haja um aumento de 70% nos casos de cancro do fígado e as necessidades de transplante hepático em Portugal estão 400% acima da média. É importante referir que geralmente o cancro do fígado se desenvolve num fígado cirrótico e raramente num fígado são.
Estes e outros temas estarão em debate durante este 3º Congresso Português de Hepatologia, promovido e organizado pela SPH – Sociedade Portuguesa de Hepatologia. Com a participação de alguns dos mais conceituados especialistas nesta área, em Portugal e na Europa, este Congresso será uma óptima oportunidade de actualização sobre o impacto das doenças do foro hepático, o que se está a fazer em Portugal e na Europa no sentido de divulgar os comportamentos de risco e ajudar a prevenir as doenças hepáticas.