Forum Estudante: Desculpe insistir, mas temos de começar novamente com a pergunta que todos os portugueses querem fazer: quando é que vai voltar?
D. Sebastião: Outra vez a mesma conversa? Já disse que não quero voltar! Vejam a vida que levo, Copacabana, agora o mar das Caraíbas. Estou a conhecer o mundo, a aproveitar a vida e a minha imagem não está nada desgastada. Ainda no outro dia dei autógrafos no convés a uma família de portugueses e tirámos uma “selfie”.
Desta vez encontramo-lo num cruzeiro. Porquê?
Para começar, a minha primeira viagem não correu muito bem. (risos) Sempre li as histórias do meu antepassado, o Infante D. Henrique, e o espírito da descoberta está dentro do português, não é verdade? Olha, acabei de receber uma notificação, queres juntar-te ao meu BeReal?
Parece que desde a nossa última conversa você continuou a explorar os novos meios de comunicação…
As coisas deram um pulo, não foi? Antigamente teria de posar durante dias para ter um retrato. Agora: instantâneo. E esta cena, os vídeos. Só há bem pouco tempo descobri que as imagens se mexem e se grava o som. Na minha época isto seria considerado bruxaria (risos). Ainda bem que os tempos mudam, man. Queres fazer uma coreografia para o TikTok?
Entrevista a D. Sebastião: “Já pensaram que eu posso não querer voltar?”
A Forum Estudante foi encontrar D. Sebastião, O Desejado numa praia em Copacabana, bebendo uma água de coco por uma palhinha retorcida. O rei jovem, com apenas 24 anos, mostra-se bem-adaptado à sua envolvência e diz apreciar aquela praia, por “a areia e o calor fazem lembrar o Norte de África”.
Tem uma grande presença nas redes sociais?
Então não tenho? Amigo, se existissem naquela altura (1578), muito provavelmente não tinha desaparecido em Alcácer-Quibir. Pensa bem, eu era um influencer antes de ser cool. Tinha milhares de fãs, nickname, as leis eram os meus giveaway. Antes governava por decreto, agora cobro por posts e as marcas correm até mim (risos).
Como rei não acha errado dar tratamento preferencial a uns e não a outros?
Eu apoio tudo e todos. Especialmente se pagarem bem. Tenho de recuperar aquilo que perdi depois da batalha. Perdi um cargo, fortuna… Uma autêntica travessia do deserto, meu. O meu tio Filipe não foi nada fixe quando anexou Portugal… ele sim começou a dar tratamento preferencial a uns.
Arrepende-se de não ter voltado enquanto podia?
Embora o país tenha ficado sob domínio dos Filipes durante 60 anos, como disse aqui há uns anos, vocês saíram a ganhar. O feriado do 1ª de dezembro foi uma das minhas dádivas. O que me lembra, estejam atentos às minhas redes porque nesse dia vou fazer um grande anúncio!
O que tem a dizer aos portugueses que continuam à sua espera?
Vivam à vossa vida, meus. Saiam da vossa bolha. Partilhem histórias, sorriam e sobretudo viajem. Muito. Se forem influencers como eu, pode ser que ganhem umas quantas trips à borla. O mundo é bué cenas e não só mitos.